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Governo suíço cobra acordos com o Brasil

Brasileiros assistiram sessão da Câmara suíça, em Berna. Keystone

Para não limitar as relações entre os dois países aos acordos entre governos, cinco deputados e dois senadores estiveram na Suíça.

O grupo parlamentar Brasil-Suíça foi recebido pelo presidente suíço e manteve contatos com deputados e senadores suíços.

A tradição de formar grupos para contatos bilaterais é mais comum no Congresso brasileiro do que no Parlamento suíço, pelo menos com países mais distantes geograficamente.

Mesmo assim, em dezembro do ano passado, foi formado no Congresso brasileiro o grupo parlamentar Brasil-Suíça, liderado pelo deputado Paulo Bauer (PFL, Santa Catarina).

Conversa com o presidente

Sete membros desse grupo (dois senadores e cinco deputados) fizeram esta semana uma primeira viagem à Suíça.

“Nosso principal propósito é dizer aos suíços que eles são bem-vindos para investir no Brasil e recuperarem o espaço perdido na classificação dos maiores investidores estrangeiros”, explicou Bauer a swissinfo.

De fato, a Suíça já foi terceiro ou quarto maior investidor estrangeiro no Brasil mas não participou das privatizações e ocupa atualmente a décima-segunda posição.

O grupo parlamentar brasileiro assistiu sessões na Câmara e no Senado suíço, se reuniu com parlamentares suíços e foi inclusive, algo raro, recebido pelo ministro da Economia e atual presidente da Suíça, Joseph Deiss, que esteve no Brasil em setembro passado.

No encontro de 40 minutos, o presidente suíço aproveitou para cobrar dois acordos de interesse da Suíça, emperrados em Brasília: o acordo sobre a bitributação (para que empresas e cidadãos suíços paguem impostos onde escolherem, na Suíça ou no Brasil, e não duas vezes) e o acordo sobre a proteção de investimentos, parado no Congresso.

Em busca de investimentos

A Suíça tem acordos desse tipo com Argentina e México, entre outros, e Deiss argumentou que os investimentos suíços no México aumentaram devido esse acordo.

“Ele deixou claro o interesse que a Suíça tem nas relações com o Brasil, inclusive na possibilidade de novos investimentos em nosso país”, disse Paulo Bauer após o encontro Deiss.

Existem divergências de concepção nesses dois acordos e o grupo parlamementar brasileiro acha que pode ajudar a agilizar a ratificação ou apresentar emendas aos textos.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) promete que o grupo vai levar brevemente essas questões ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

“Essa visita mostrou que o Brasil precisa estar permanentemente em contato com outros países mas os Parlamentos não podem ficar de fora dessas negociações que geralmente são feitas pelo Executivo”, afirmou a swissinfo o senador mineiro.

Ele constatou boa vontade e simpatia do povo suíço em relação ao Brasil e ficou surpreso com o fato de que cerca de 45 a 50 mil brasileiros vivem na Suíça, a imensa maioria de mulheres.

Suíços não querem álcool

Azeredo afirmou ainda que “teve a oportunidade de dizer que, mesmo sendo da oposição, o Brasil vive em plena democracia, estabilidade econômica e que o governo está fazendo o necessário para o desenvolvimento do país”.

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) disse que que “a impressão foi a melhor possível” mas lamentou que os suíços tenham descartado, pelo menos por enquanto, a importação de álcool combustível do Brasil.

Conforme o Protocolo de Kyoto sobre as reduções de gases poluentes que provocam o efeito estufa, os europeus pretendem adicionar uma porcentagem de álcool à gasolina para diminuir a poluição.

“Dissemos que seria uma pena eles declinarem esse negócio. Seria uma boa entrada para nós mas paciência, vamos procurar outras portas”, afirmou o senador paraibano, vice-líder do governo.

Os deputados e senadores suíços que participaram dos encontros com os brasileiros não pretendem formar um grupo parlamentar para as relações bilaterais, embora tenha ficado acertado que as relações informais vão continuar.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

– O grupo parlamentar Brasil-Suíça foi criado em dezembro do ano passado.

– É liderado pelo deputado Paulo Bauer, do PFL de Santa Catarina.

– Cinco deputados e dois senadores participaram da primeira viagem do grupo à Suíça.

– Eles acreditam que com os contatos bilaterais entre legisladores, as relações entre os dois países podem ser agilizadas.

– O principal objetivo é atrair mais investimentos suíços no Brasil.

– A Suíça já esteve entre os 4 principais investidores estrangeiros no Brasil. Atualmente é 12°.

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