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Grupo Parlamentar Brasil-Suíça sai fortalecido das urnas

Plenário do Senado Federal durante a sessão. Agência Brasil

Criado em 2003 pela Câmara dos Deputados para promover o intercâmbio político e parlamentar e as relações comerciais, sociais e culturais entre os dois países, o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça saiu fortalecido das urnas nas eleições brasileiras realizadas no domingo (3).

A partir da próxima legislatura, que se inicia nos primeiros dias de 2011, o grupo passará a contar com três senadores e 15 deputados federais.

Um dos fundadores do Grupo Parlamentar Brasil-Suíça, o deputado federal Paulo Bauer (PSDB) surgiu como uma das maiores surpresas das urnas, tendo sido eleito para o Senado pelo Estado de Santa Catarina com significativa votação (1.588.403 votos). Outro membro do grupo, o senador Flexa Ribeiro (PSDB) conseguiu novo mandato no Senado pelo Estado do Pará, com 1.817.644 votos.

Paulo Bauer e Flexa Ribeiro se juntarão ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que tem mandato até 2014 e também integra o grupo. O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) termina seu mandato no Senado este ano, mas se elegeu deputado federal e continuará a integrar o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça na Câmara.

Com base eleitoral em Joinville, cidade fundada por suíços que se estabeleceram no Brasil, Bauer foi o principal articulador da criação do grupo em 2003, mas deixou a Câmara para ocupar o cargo de secretário de Educação de Santa Catarina: “Agora, com minha eleição para o Senado, eu vou voltar ao Congresso e naturalmente quero contribuir e participar dos trabalhos desenvolvidos pelo Grupo Parlamentar Brasil-Suíça”, diz.

O senador afirma considerar que as relações oficiais, políticas e culturais do Brasil com a Suíça podem ser “incrementadas e enaltecidas” a partir da integração entre o parlamento suíço e o parlamento brasileiro: “São parlamentos de grande importância na vida institucional dos dois países, mas ao mesmo tempo são parlamentos muito diferentes na sua forma de funcionamento. Por isso, os parlamentares suíços têm condição de aprender muito com o nosso modelo, que é feito para um país muito grande com uma população de milhões de habitantes, e nós temos muito a aprender com o parlamento suíço, que tem um sistema parlamentarista e uma política diferente a ser considerada no Brasil”.

Bauer pretende procurar o embaixador da Suíça assim que tomar posse no Senado: “Poderão ser desenvolvidas ações importantes e valiosas para as relações internacionais de ambos os países. Eu participarei do grupo e vou me empenhar para que ele se torne cada vez mais presente no dia-a-dia dos dois países e nas relações internacionais que regem os nossos interesses”, diz.

Baixas

Nem tudo é motivo de alegria, no entanto, para o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça após as eleições de 3 de outubro. Afinal, este pleito ficou marcado pela ausência de um dos seus mais atuantes membros: o deputado federal Max Rosenmann (PMDB-PR).

Tesoureiro do grupo e parlamentar há seis mandatos consecutivos, Rosenmann faleceu em outubro de 2008, deixando um vazio político ainda não preenchido na atuação do grupo, pois tinha grande contato com os pequenos produtores rurais descendentes de suíços que vivem no Estado do Paraná.

Além da triste perda de Max Rosenmann, o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça deixará de ter na Câmara dos Deputados em Brasília seu atual presidente, o deputado federal Antonio Lobbe Neto (PSDB-SP), que não conseguiu se reeleger.

Eleito em 2002 e reeleito em 2006 com mais de cem mil votos, Lobbe Neto obteve nestas eleições mais uma excelente votação (93.243 votos), mas que foi insuficiente para que tivesse o mandato renovado por São Paulo. O deputado ficou somente com a oitava suplência do PSDB este ano, o que deve dificultar sua volta à Câmara na próxima legislatura.

“Faltou apoio”

Ainda sob o impacto da surpreendente derrota nas urnas, Lobbe Neto reclama daquilo que qualifica como falta de apoio financeiro por parte das empresas suíças com sede no Brasil às campanhas dos parlamentares que integram o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça: “Faltou apoio e estrutura financeira. Não houve nenhuma ajuda das empresas suíças ou da comunidade suíça. Eu cheguei a ir pessoalmente articular esse apoio na Câmara de Comércio Brasil-Suíça (Swisscam), mas não foi possível”, lamenta o deputado.

Segundo Lobbe Neto, os integrantes do Grupo Parlamentar Brasil-Suíça procuraram a Swisscam “de forma articulada e também individualmente”, mas que as negociações não evoluíram: “A Swisscam disse que não podia fazer nada, mas que iria contatar algumas empresas a esse respeito. Mas, infelizmente, sequer obtivemos retorno”.

Apesar das dificuldades, o presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Suíça acredita no fortalecimento do grupo nos próximos anos: “Acho que o grupo continuará bem. O Paulo Bauer voltou agora mais forte como senador. Ele já foi presidente desse grupo parlamentar e acho que vai reorganizar e dar seqüência a sua atuação”, aposta.

O último encontro oficial entre os membros do Grupo Parlamentar Brasil-Suíça e o governo suíço aconteceu no ano passado, quando uma comissão liderada pelo deputado Antonio Lobbe Neto (PSDB) e pelos senadores Eduardo Suplicy (PT), Flexa Ribeiro (PSDB) e Eduardo Azeredo (PSDB) visitou a Embaixada da Suíça em Brasília.

O grupo, também composto por outros parlamentares e representantes de empresas suíças, foi recebido pelo embaixador Wilhelm Meier.

Os parlamentares que compõem o Grupo Parlamentar Brasil-Suíça têm diferentes matizes políticos, o que garante a pluralidade de sua atuação no que concerne aos temas relevantes para a relação entre o Brasil e a Suíça.

Um exemplo dessa diversidade positiva é a “coexistência pacífica” existente no seio do grupo entre figuras políticas díspares como o senador tucano Flexa Ribeiro, ligado ao agronegócio e integrante da bancada ruralista, e o senador petista Eduardo Suplicy, defensor da reforma agrária e autor do projeto de renda-mínima.

Rio de Janeiro

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