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Grupo Swatch vai investir em energia do futuro

Com quase 80 anos, Nicolas Hayek enfrenta um novo desafio tecnológico. Keystone

Desenvolver sistemas de energia associando o hidrogênio ao solar e criar uma pilha a combustível mais eficaz. Este é o desafio de uma nova empresa da qual participa o presidente da Swatch, Nicolas Hayek.

A idéia é reunir todas as competências existentes na Suíça. A tecnologia existe mas o desafio é a produção industrial a preços competitivos.

Nicolas Hayek – um dos empresários mais conhecidos e mais bem sucedidos da Suíça – decidiu enfrentar um novo desafio tecnológico. O presidente do grupo Swatch, que detém algumas das grandes marcas da relojoaria suíça, associou-se ao Grupo E – produtor e distribuidor regional de energia na Suíça – para criar uma nova empresa no setor de energias limpas e renovável.

O nome e a sede da nova empresa ainda não foram revelados mas o objetivo é produzir eletricidade a partir do hidrogênio para a indústria automobilística mas também pilhas a combustível alimentadas por energia solar. Os dois parceiros fixaram um prazo de três a cinco anos para iniciar a fase industrial dos projetos.

A holding vai investir inicialmente de 20 a 30 milhões de francos suíços e terá o apoio de um grande banco e das duas escolas politécnicas federais (Zurique e Lausanne). Assim, a intenção é reunir todo o conhecimento existente na Suíça em três áreas: solar, hidrogênio e pilhas a combustível.

Philippe Virdis, diretor do grupo E e parceiro do projeto, disse que o primeiro objetivo é comecializar pequenas centrais energéticas para particulares e posteriormente pilhas a combustível para automóveis.

Apesar do ceticismo de cientistas, Virdis afirma que o páreo está quase ganho. Ele cita o protótipo Hy-Light em fase de testes construído pela francesa Michelin, perto de Fribourg, na Suíça. O “carro a água” atinge 130 km/h com autonomia de 400 km. O hidrogênio necessário ao veículo é produzido com energia solar.

Central energética doméstica

Recentemente, a Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) decidiu criar um “centro de hidrogênio” que coordenará todas as competências dessa área.

Em entrevista ao jornal “Le Temps”, de Genebra, Philippe Virdis explicou que o consumo de energia aumenta mais rapidamente do que a capacidade de construir novas grandes centrais nucleares ou a gás. Por isso o Grupo E decidiu investir em energias renováveis e produção descentralizada.

De acordo com Virdis, um painel solar de 50 m2 no telhado da casa transmitirá a energia fotovoltaica a um aparelho eletrolisador do tamanho de uma máquina de lavar. Esse aparelho, do qual o Grupo E já desenvolveu vários protótipos, separa o oxigênio do hidrogênio, usado para carrgar a pilha a combustível.

O sistema supriria 40 a 70% do consumo doméstico e permitiria abastecer um veículo elétrico urbano. Virdis afirma que o desafio não é tecnológico mas industrial e a preços comopetitivos mas ele acha que é possível.

Pilha a combustível

Além da eletricidade doméstica, o projeto deverá ter aplicações no setor automobilístico, segundo Nicolas Hayek, iniciador do projeto Smart através da Hayek Engineering e posteriormente vendido à Mercedes-Benz, que o produz e comercializa.

A idéia agora é produzir pilhas a combustível renovável com desempenho superior e a preços inferiores às que existem atualmente. O objetivo, segundo Ayek, é ter uma pilha a 10 mil francos suíços para 40 mil horas de uso, produzida pelas próprias montadoras. Ayek cita Fiat, Renault e Toyota.

Outros atores

O Grupo Swatch e o Grupo E não são os primeiros a falar dessa nova tecnologia, cujas primeiras teorias datam de 150 anos. A indústria automobilística tem pesquisado muito como solução alternativa ao petróleo.

A nova holding (ainda sem nome) será dirigida por Nicolas Hayek e Philippe Virdis, diretor do Groupe E. A equipe de projeto terá inicialmente 15 engenheiros das duas empresas mas poderá autmentar rapidamente, segundo Virdis.

A Suíça foi uma das pioneiras em hidroeletricidade e em energia nuclear. Muitos analistas se dizem céticos quanto que agora os suíços tenham achado “o ovo de Colombo”, na expressão do jornal “Le Temps”, com tantas empresas e universidades pesquisando o assunto, em vários países.

Outros observadores apostam na viabilidade do projeto e citam o exemplo da Dinamarca, país comparável, que se tornou líder mundial em energia eólica.

swissinfo

A tecnologia da pilha a combustível existe há várias décadas.

No final dos anos 50, até um trator foi cronstruído funcionando com essa fonte de energia.

Essa tecnologia permite produzir energia elétrica misturando hidrogênio e oxigênio. Um motor munido dessa pilha é limpo porque produz apenas vapor d’água.

O problema principal é produzir e estocar o hidrogênio. Ele existe em grande quantidade mas quando combinado com o oxigênio, o resultado é água (H20). É preciso grande quantidade de energia para separar os dois elementos. Atualmente, a quase totalidade do hidrogênio é produzido por queima de carvão ou gás, ou seja, o processo continua poluente.

As pesquisas se multiplicaram nos últimos 20 anos. Várias montadoras de automóveis criaram protótipos com essa tecnologia.

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