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O hotel que teria servido de base secreta para o governo suíço

O hotel está localizado em Cork, no sul da Irlanda. Poucos sabem, mas o local serviria de base secreta para o governo suíço caso o país fosse invadido pelos russos durante a Guerra Fria.

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Situado em uma vasta propriedade no interior da Irlanda, cerca de quarenta quilômetros a oeste de Cork, o magnífico casarão com vista para um lago particular, conhecido como “Liss Ard Estate”, é um hotel único e discreto. Construído em estilo georgiano, é considerado “o lugar perfeito” para se isolar, segundo o atual gerente, Alexi Argyris, que o descreve como “o esconderijo ideal”.

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Durante o auge da Guerra Fria, este local, repleto de história, poderia ter sido um esconderijo para o governo federal. Na década de 1970, os serviços secretos contemplaram a possibilidade de os membros do Conselho Federal (o corpo de sete ministros que governa o país) se exilarem lá em caso de invasão russa.

Espiões em ação

O hoteleiro na época, Albert Bachmann, teria utilizado o pavimento situado sob o rés-do-chão como um centro de telecomunicações para os membros do Conselho Federal. O suíço estava, na realidade disfarçado. Ele era espião e chefe de uma unidade especial dos Serviços de Inteligência da Suíça. Sua missão: organizar a resistência em caso de ocupação militar do país.

Homem fumando um cachimbo
Albert Bachmann, coronel do Exército suíço, fotografado em novembro de 1969 na Suíça. KEYSTONE

Na Irlanda, Bachmann havia planejado meticulosamente, inclusive o financiamento para a compra do hotel. “Para garantir a confidencialidade, optamos por não utilizar fundos federais”, esclarece o historiador Titus Meier. “Recorremos à União dos Bancos Suíços (Union de Banques Suisses), que apoiou a ideia e providenciou o dinheiro necessário para a aquisição.”

Contudo, o segredo veio à tona, despertando o interesse do Parlamento na rede de espionagem. À frente da investigação estava o futuro ministro e então deputado-federal Jean-Pascal Delamuraz, do cantão de Vaud, que considerou a ideia de estabelecer um governo suíço no exílio como “absurda” e “fruto apenas da imaginação fértil de Bachmann”, sem qualquer relação com missões oficiais do Conselho Federal, conforme declarou na televisão.

“Tudo estava pronto”

Na Irlanda, a história ainda é lembrada. “Tudo estava preparado. Se a guerra eclodisse e bombas caíssem sobre a Europa, os suíços poderiam ter se sustentado aqui por um bom tempo com peixes frescos do próprio lago”, recorda Brian McCarthy, cuja mãe gerenciava o bar e a cozinha do hotel na década de 1970.

No início dos anos 1980, uma equipe da rádio francófona RTS encontrou o coronel Albert Bachmann em sua residência na Irlanda. “Levo uma vida pouco ortodoxa, ao menos é o que as pessoas pensam, especialmente em Berna. Talvez estejam certas, talvez eu realmente não me encaixe”, comentou.

Há rumores de que um tesouro em ouro do Banco Nacional Suíço estaria escondido na propriedade para garantir o sustento dos membros do Conselho Federal em caso de emergência… mas nunca foi encontrado.

Adaptação: Alexander Thoele

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