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Cientista iraniana na Suíça processa Donald Trump

O decreto "anti-muçulmanos" de Donald Trump não tem consequências somente nos países envolvidos. Keystone

Uma cientista iraniana que mora na Suíça está processando o presidente dos EUA Donald Trump e altos funcionários de duas agências federais, devido à proibição de Trump de impedir a entrada no país de cidadãos de alguns países de maioria muçulmana.

O processo coincide com o que a embaixadora dos Estados Unidos na Suiça, Suzi LeVine, escreveu no Facebook criticando a decisão de Trump, afirmando que “quantidade extraordinária de controles” já ocorrem com iranianos e outros cidadãos indo para os EUA.

LeVine disse que sua opinião foi reforçada observando o papel especial da Suíça como representante dos interesses dos EUA no Irã. O mais controverso de Trump, em 27 de janeiro, proibiu cidadãos de sete países majoritariamente muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos.

A cientista Samira Asgari entrou com uma ação em um tribunal federal dos Estados Unidos em Massachusetts na quinta-feira (02), buscando obrigar a administração Trump a permitir que ela preencha o vaga que lhe foi oferecida em um laboratório da Harvard Medical School.

Impedida duas vezes

Asgari tinha o visto em ordem para entrar nos Estados Unidos, mas foi impedida de viajar duas vezes.

De nacionalidade iraniana, Asgari é doutoranda do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne (EPFL), onde trabalhou como bióloga de pesquisa. Ela é especialista em genômica, doenças infecciosas e biologia computacional, e ganhou uma bolsa da Fundação Nacional de Ciência da Suíça em outubro de 2016.

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Cientista iraniana não pode partir da Suíça para os USA

Este conteúdo foi publicado em Por causa da decisión do presidente dos Estados Unidos de proibir la entrada de pessoas de sete países, incluindo o Irã, Samira Asgari não pode viajar para Boston para continuar seus estudos e pesquisas na Universidade de Harvard. (RTS, swissinfo.ch, cp)

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A Dra. Soumya Raychaudhuri, pesquisadora e médica do Brigham and Women’s Hospital em Boston, recrutou Asgari no ano passado para se juntar ao seu renomado laboratório de genômica humana, que estuda o papel da variação genética humana na progressão da tuberculose.

“Esperava-se que essa pesquisa aprofundasse a compreensão coletiva da medicina  e levasse ao desenvolvimento de meicamentos mais seguros e eficazes para o tratamento da tuberculose”, escreveu Asgari em sua queixa na justiça americana.

Asgari pediu o visto J-1 dos Estados Unidos no final de novembro de 2016 e demitiu-se do laboratório de genômica em Lausanne. Os EUA lhe deram o visto – no mesmo dia que saiu o decreto  de Trump sobre a imigração muçulmana. Além de Trump, seu processo inclui o chefe do Departamento de Segurança Interna dos EUA e dois funcionários de Alfândega e Proteção de Fronteiras como réus.

Sua primeira tentativa de vôo foi em 28 de janeiro a bordo da Lufthansa Air Lines, cuja empresa matriz, Lufthansa Group, é proprietária da companhia aérea da SWISS. Ela saiu de Zurique e chegou em Frankfurt, na Alemanha, onde um funcionário consular dos EUA não a deixou embarcar. 

“Eu fiquei muito decepcionada porque estava muito ansiosa para ir a Boston para continuar minha pesquisa”, ela escreveu. “Voltei para Zurique e procurei um advogado nos Estados Unidos.”

Aterrissagem e multas?

Depois que ela soube que o decreto de Trump era temporário, ela reservou outro vôo para Boston, desta vez na SWISS. Estava programado para deixar Zurique no dia 31 de janeiro. Mas em seu caminho para o aeroporto, um representante da companhia aérea telefonou para dizer que ela não seria autorizada a embarcar.

Mesmo assim, ela continuou para o aeroporto, onde passou o controle de egurança e despachou suas malas. Então foi informada no portão de embarque que a Alfândega e Proteção de Fronteira tinham orientado a SWISS para não deixá-la entrar no avião.

A companhia aérea disse para swissinfo.ch que não havia uma ameaça direta no seu caso, mas sabia das consequências da não conformidade às exigências do governo americano.

“A SWISS é obrigada por lei a respeitar as exigências de imigração dos EUA. Os passageiros interessados são aconselhados a entrar em contato com o consulado ou embaixada mais próximo dos EUA para obter mais informações “, disse Karin Müller, porta-voz da SWISS, em um e-mail na sexta-feira (3)

“Em geral, não comentamos casos individuais, mas gostaria de informar que não fomos ameaçados pelas autoridades dos EUA (US Customs & Border Protection)”, escreveu ela. “No entanto, uma não conformidade irá levar a uma multa para a SWISS (ou qualquer outra companhia aérea). Assim SWISS segue rigorosamente as diretrizes das autoridades americanas. “

Interesses EUA-Suíça-Irã

Antes de deixar seu posto como embaixadora dos Estados Unidos em 20 de janeiro, LeVine evitou cuidadosamente qualquer comentário ou crítica sobre a entrada do governo Trump. No entanto, em um post no Facebook em 01 de fevereiro, ela disse o que pensa sobre a proibição de imigração.

Como embaixadora, LeVine escreveu que trabalhou no “provavelmente a embaixada mais interessante e complexa com o mais diverso tipo de pedidos no mundo. Em um dia, podemos ter pessoas de mais de 50 nacionalidades diferentes entrando pedidos de visto. E, porque a Suíça representou os Estados Unidos no Irã, minha equipe também trabalhou com diplomatas suíços em Teerã para cuidar dos muitos cidadãos americanos que vivem e / ou viajam para o Irã “.

LeVine escreveu que “durante a campanha, o então o candidato Trump sugeriu que precisávamos de “medidas de controle extremo para manter os terroristas fora”. Agora, como Presidente, está dizendo que os funcionários consulares não estão fazendo o suficiente. Isso é ridículo!”

“Sr. Trump – continuou ela -, antes de maldizer os funcionários incríveis  funcionários locais que estão trabalhando duro para manter nosso país seguro, encorajo você a visitar um de nossos consulados no exterior oara ver e aprender sobre esses processos por conta própria. Eles já estão fazendo uma triagem extraordinária.”


Adaptação: Claudinê Gonçalves

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