Perspectivas suíças em 10 idiomas

Imprensa julga governo suíço sobre o Oriente Médio

Imprensa suíça comenta decisão do governo de "limitar-se" à ajuda humanitária. swissinfo.ch

Falta de coragem ou sabedoria? A imprensa suíça está dividida depois da sessão extraordinária do governo para discutir a guerra no Líbano e na Faixa de Gaza.

Certos editorialistas acham que o governo tomou a decisão certa ao escolher a ajuda humanitária. Outros dununciam o mutismo das autoridades.

“Ele se esquivou!” O governo não quis “decidir se o sangue derramado no Oriente Médio resulta de uma guerra ou não”.

Uma parte da imprensa suíça é severa nesta quinta-feira (27) com o governo (Conselho Federal), que decidiu “limitar” seu engajamento no conflito do Oriente Médio ao aspecto humanitário.

“Para nossa tristeza, depois da nova onda de fogo no Líbano acrescentou-se outra ontem: a Suíça oficial não tem mais voz” escreve o diário 24 Horas, de Lausanne.

O editorialista afirma que “no papel único de depositário das Convenções de Genebra, que regem o direito humanitário, a Suíça precisa fazer outra coisa que enviar medicamentos”.

Ele acrescenta que há “um velho mal-entendido sobre a neutralidade”, na Suíça: “tem gente que crê que é condenar-se ao silêncio quando, na realidade, um país que proclama a paz deve se exprimir (…) para consolidar uma dinâmica de paz internacional.”

Falta de coragem

O que o governo decidiu “não é somente fraco, mas também condenável”, afirma o
Neue Luzerner Zeitung. O jornal de Lucerna, um cantão de maioria católica na região central da Suíça, afirma que se poderia esperar de um país neutro de longa tradição humanitária pelo menos que interrompesse a cooperação militar com Israel.

Para isso, a Suíça deveria definir o conflito como uma guerra entre dois Estados. Mas “o governo federal preferiu propor dinheiro, uma maneira bem helvética de resolver problemas”, critica o Tages Anzeiger de Zurique.

Recusando-se definir a natureza do conflito, o Conselho Federal deu um “puxão de orelhas” na chanceler Micheline Calmy-Rey, escreve o Neue Zürcher Zeitung, também de Zurique. O jornal considera que estava na hora do governo “frear o ativismo” da ministra. Sexta-feira passada, a chanceler havia falado de “ataques desproporcionais de Israel”.

Sábio e hábil

Mais indulgente com o governo, o Le Temps de Genebra fala de “um contexto de incertezas que não permite fazer outras declarações espalhafatosas”.

O jornal afirma ainda que o governo federal teve “razão ao se limitar, por enquanto, ao que constitui a força da Suíça, ou seja, o engajamento diplomático e humanitário, sem arriscar colocar essa força em perigo”.

O Le Matin de Lausanne tem opinião similar, qualificando a atitude da chanceler de hábil e sábia. Hábil porque “se concentrou na ajuda humanitária”. Sábia porque esperou uma decisão do Conselho de Segurança da ONU. “A comunidade internacional não teria compreendido que só a Suíça adote sanções. Ela deve agir conforme as instâncias internacionais”.

A Tribuna de Genebra afirma ironicamente em seu editorial que nem a comunidade internacional, nem Israel, nem o próprio Libano “aguardavam com ansiedade” uma posição do governo suíço.

“Se fossem consultados, certamente teriam recomendado deixar os sete ministros suíços gozarem suas férias, aos invés de fazer uma reunião de urgência” duas semanas depois do início do conflito. Isso quer dizer que “o essencial é alhures”, conclui o jornal.

swissinfo

Até agora, o overno suíço liberou 6,5 milhões de francos suíços como ajuda de urgência à Cruz Vermelha Internacional (CICV), baseada em Genebra.
O Ministério das Relações Exteriores ajudou 875 pessoas a saírem do Libano: 795 suíços e 80 estrangeiros residentes na Suíça.
O programa de evacuação custou 2,5 milhões de francos suíços.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR