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Instituições suíças sofrem com o escândalo Madoff

Madoff admitiu sua culpa no tribunal. Keystone

O ex-presidente da Nasdaq Bernard Madoff Madoff foi condenado a 150 anos de prisão na segunda-feira (29.06) depois que seu esquema fraudulento de investimento de 65 bilhões de dólares quebrou.

O golpe afetou instituições e investidores na Suíça e em outras partes do mundo. A culpabilidade de Madoff foi provada, mas reguladores e a justiça devem decidir agora quem ainda deve compartilhar a culpa.

O golpe afetou instituições e investidores na Suíça e em outras partes do mundo. A culpabilidade de Madoff foi provada, mas reguladores e a justiça devem decidir agora quem ainda deve compartilhar a culpa.

Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq, ludibriou muitas das mais ricas pessoas do mundo ao convidá-las a investir no seu esquema Ponzi – uma operação ilegal que paga os clientes com o dinheiro de novos investidores ao invés de gerar lucros verdadeiros.

Estima-se que clientes de várias instituições financeiras baseadas na Suíça ou fundos estrangeiros administrados por bancos suíços tenham perdido bilhões de dólares quando a Bernard L Madoff Investment Securities foi liquidada no final do ano passado.

A Suíça está longe de ser o centro financeiro mais afetado pelo escândalo, mas bancos privados do país como o Union Bancaire Privée (UBP), Reichmuth, Banque Bénédict Hentsch e Notz, Stucki & Co são responsáveis de ter aplicado grandes quantias de dinheiro dos clientes no esquema fraudulento.

Ação legal

Diretores da empresa administradora de fortunas baseada em Genebra, Aurelia Finance, estão sendo processados. Ao mesmo tempo, a Optimal Investment Services, um fundo hedge do banco espanhol Santander, também sediada na cidade, foi atingida pelo golpe. Essa empresa ofereceu reembolsar parte das perdas dos clientes, juntamente com os bancos UBP e Notz Stucki.

Em adição, o grande banco suíço UBS queimou seus dedos após ajudar clientes a investir no esquema de Madoff através de dois fundos de investimento administrados pela instituição em Luxemburgo. Estão sendo reduzidos e o UBS afirma nunca ter aconselhado os clientes a investir com Madoff, mas muitos insatisfeitos estão pedindo seu dinheiro de volta.

O conhecido advogado de Zurique e especialista em questões financeiras, Daniel Fischer, explicou à swissinfo.ch que instituições e possivelmente até pessoas individuais poderão sofrer uma série de ações legais na Suíça e no exterior.

“Como é possível que isso tenha acontecido quando tínhamos uma série de sinais e alertas de que isso (o fundo Madoff de investimentos) não poderia estar em ordem?”, questiona-se. “Se alguém não quer ver as conseqüências, pois está ganhando um bom dinheiro em comissões, isso pode ser visto como negligência. O Madoff colocou o dinheiro frente aos olhos das pessoas, ao invés dos resultados.”

Regulação contestada

Fischer está juntando clientes com o objetivo de apresentar uma ação coletiva, mas acredita que muitos dos casos possam ser resolvidos fora do tribunal.

O caso também lançou dúvidas sobre a efetividade dos reguladores, que aparentemente ignoraram inúmeros alertas sobre o esquema de Madoff.

A União Européia sinalizou que pretende ser mais dura com os investimentos alternativos, mas Matthaus von Otter, da Associação Suíça de Fundos, acredita que essa ação poderia injustamente dificultar a maioria dos fundos hedge que não foram afetados pelo golpe.

“Consideramos as diretrizes da União Européia como um franco protecionismo e também uma ameaça ao modelo de negócio”, diz. “Na Suíça não há muito a fazer no campo regulatório, pois os esquemas de investimento coletivo já estão regulados aqui.”

Indícios detectadas

A Associação Suíça de Banqueiros salienta também que a maioria dos bancos não foi apanhada pelo escândalo Madoff. Alguns deles, incluindo o Credit Suisse, encorajaram ativamente seus clientes a retirar o dinheiro do esquema suspeito.

“Enquanto um ou outro banco suíço foram afetados pela fraude, a vasta maioria detectou indícios bem no início. Eles não encontravam uma explicação racional de como o sistema de investimento de Madoff conseguia dar resultados tão impressionantes e consistentes”, declara o porta-voz James Nason.

Matthew Allen, swissinfo.ch

Bernard Madoff fundou a empresa Bernard L Madoff Investment Securities em Wall Street no ano de 1960. Seu esquema Ponzi fraudulento foi iniciado nos anos 1990.

Quando o golpe foi revelado em dezembro de 2008, o esquema havia atraído cerca de 65 bilhões de dólares. O fundo era gerado por Madoff como uma espécie de clube exclusivo, atraindo dinheiro de instituições de caridade judias e um grande número de pessoas extremamente ricas como Steven Spielberg, dentre outras.

O fundo era administrado com sigilo absoluto e tinha auditorias internas. Várias instituições financeiras lançaram sinais de alerta sobre a possibilidade de se tratar de um esquema “Ponzi”, mas as autoridades reguladoras admitiram não ter investigado suficientemente esses avisos.

Em 10 de dezembro de 2008, Madoff foi preso nos Estados Unidos depois de ter alegadamente admitido aos seus filhos que o esquema se tratava de “uma grande mentira”.

Em março, Madoff admitiu no tribunal a sua culpa em 11 acusações, incluindo fraude, perjúrio e lavagem de dinheiro. Ele declarou estar “profundamente arrependido e envergonhado”.

Madoff foi condenado a 150 anos de prisão em 29 de junho de 2009, pela maior fraude da história financeira dos Estados Unidos

Acusações foram também pronunciadas contra alegados cúmplices na fraude.

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