Juiz questionado abre processo contra funcionária do presidente da Guatemala
Um juiz considerado “corrupto” e “antidemocrático” pelos Estados Unidos e pela União Europeia, abriu, nesta sexta-feira (16), um processo contra uma funcionária próxima do presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, detida por um caso contra o partido governista, Semilla.
“Dita-se o auto de processo” contra Ligia Hernández, chefe do Instituto da Vítima, detida na terça-feira, disse o questionado juiz Fredy Orellana na audiência de primeira declaração, ao afirmar que “há indícios racionais suficientes” contra a funcionária, ex-deputada do Semilla.
Durante a audiência, a promotora Leonor Morales atribuiu a Ligia Hernández os supostos crimes de financiamento eleitoral não registrado e obstrução à “fiscalização eleitoral de fundos”.
Segundo a promotora, também sancionada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, como secretária-geral do partido em 2019, Ligia “ocultou” informação sobre aportes financeiros ao partido.
O Ministério Público terá três meses para aprofundar a investigação, enquanto Ligia, que se absteve de depor, continuará presa preventivamente em um quartel militar da capital “por risco de fuga”, segundo Orellana.
A Promotoria Especial Contra a Impunidade (FECI) abriu, em 2023, uma investigação questionada contra o Semilla, depois que Arévalo surpreendeu passando ao segundo turno das eleições presidenciais, deixando em alerta as elites acusadas de corrupção.
O caso se baseia em supostas irregularidades na formação do partido, entre elas um suposto esquema de lavagem de dinheiro, pelo qual a questionada Promotoria também tentou suspender a imunidade de Arévalo.
O Semilla está suspenso por ordem de Orellana, que é sancionado pelos Estados Unidos, que o consideram “corrupto”. Em fevereiro, a União Europeia também sancionou o juiz e a promotora Leonor Morales por “minar” a democracia.
Na última quarta-feira, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos para a América Latina, Brian Nichols, condenou “energicamente” a detenção de Ligia Hernández e rechaçou “os esforços contínuos [da Promotoria] para criminalizar os atores democráticos e anticorrupção”.
A procuradora-geral, Consuelo Porras, também sancionada por Washington e Bruxelas, trava uma disputa sem trégua contra Arévalo. O presidente social-democrata, que assumiu o cargo em janeiro, carece de faculdades para remover Consuelo, cujo mandato termina em maio de 2026.
hma/fj/db/mvv/am/lb