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Linha do tempo

1291

Os representantes dos três Cantões fundadores – Uri, Schwyz e Unterwalden – juraram honrar o “Pacto de Aliança Eterna”, reunidos na colina do Rütli, às margens do lago de Lucerna (também chamado de lago dos Quatro Cantões). O pacto foi o primeiro passo rumo à autonomia e, enfim, à independência. O empenho pela união surgiu em função da ameaça dos Habsburgos, que queriam restabelecer a soberania sobre toda a região. O novo Passo do Gotardo fortaleceu os três Cantões, colocando-os numa rota segura, ligando a região à Lombardia.

1315

O Pacto de Brunnen – O primeiro passo rumo a uma política exterior coordenada – foi assinado pelos três Cantões fundadores. O pacto, um documento em alemão, estipulava que nenhum membro da Confederação poderia assinar tratados de paz ou negociar com estrangeiros sem consultar, primeiro, os outros Cantões (Keystone).

1476

Os suíços derrotaram o exército invasor de Carlos, o Temerário, Duque de Borgonha depois de ele haver atacado Grandson, no lago Neuchâtel. Alguns meses mais tarde, o exército da Borgonha foi exterminado na Batalha de Murten, com um saldo de 10.000 mortos (Keystone).

1515

A “invencível” infantaria suíça foi derrotada pelos franceses em Marignano, norte da Itália. Unidos à Santa Aliança do Papa e do Imperador, os suíços tentavam tomar dos franceses a Lombardia e, ao mesmo tempo, controlar vários vales italianos. A derrota arrefeceu, porém, as ambições territoriais suíças e acabou com as esperanças do país de se tornar uma grande potência européia. E em vez disso, a Suíça foi gradualmente pendendo para o lado da política de neutralidade.

1648

A Paz da Westfália marca o fim da Guerra dos Trinta Anos, na qual a Suíça – dividida por discordâncias religiosas – permaneceu neutra. No acordo, concluído com sua mediação, ficou legalmente reconhecida a soberania suíça, garantindo ao país uma total independência em relação ao Império (Keystone).

1798

A revolução francesa termina com o Antigo Regime e prepara terreno para a conquista francesa da Europa. Os franceses, depois que a diplomacia, a coerção e as ameaças falharam na tentativa de persuadir a Suíça, começaram a gerar incidentes de fronteira, no Jura, como pretexto para invadir a Confederação. A indecisão e a desunião entre os suíços levou-os à derrota pelo exército francês, que saqueou o país, inclusive levando para Paris “os habitantes da Paris “os habitantes da Fossa dos Ursos, em Berna.

1815

O Congresso de Viena marca o fim da era napoleônica e redesenha o mapa da Europa. As fronteiras suíças foram demarcadas nesse Congresso e a incorporação do Valais, Neuchâtel e Genebra, dá ao país 22 Cantões. O negociador de Genebra, Pictet de Rochemont, consegue que as grandes potências reconheçam a integridade territorial e a permanente neutralidade da Suíça (Keystone).

1848

As lutas religiosas entre os católicos conservadores e os protestantes radicais deflagraram uma guerra civil de três semanas com uma centena de mortos. A Liga Católica de “Sonderbund” foi derrotada pelo exército do General Dufour. Os vencedores magnânimos procuraram se reconciliar com seus antigos inimigos. Uma nova constituição suíça é redigida e aprovada no prazo de cinco meses. Foi criado um parlamento com duas câmaras federais, mantidos os direitos cantonais, garantindo-se o equilíbrio entre religiões, grupos lingüísticos, cidades e campo.

1864

A primeira Convenção de Genebra é adotada como parte da fundação da Cruz Vermelha. Ambas foram inspiradas por Henri Dunant (1828-1910), um homem de negócios de Genebra, que em 1901 dividiu o Prêmio Nobel da Paz. A conferência também criou o símbolo da cruz vermelha com fundo em branco (o reverso da bandeira suíça), como emblema de proteção para aqueles que ajudam os feridos. As quatro Convenções de Genebra pautam a conduta e o tratamento dos combatentes e dos civis, em tempos de guerra (Keystone).

1902

Albert Einstein conseguiu um emprego nos Escritórios de Patentes de Berna. Três anos mais tarde, ele publicaria uma série de investigações fundamentais sobre a física, inclusive uma, especial, sobre a relatividade, que modificou para sempre a compreensão do Universo. Em 1901, Einstein se naturalizou suíço, vivendo em Berna até 1909. Em 1921, foi contemplado com o Prêmio Nobel de Física, curiosamente, não por sua teoria da relatividade, mas pela descrição dos efeitos fotoelétricos.

1914

A eclosão da Primeira Guerra Mundial mostra
uma Suíça cercada por quatro poderosas potências beligerantes. O país neutro se mobiliza para sua defesa sob o comando do germanófilo Ulrich Wille. As divididas alianças do país vêem as primeiras sementes da discórdia germinarem entre os suíços de línguas francesa e alemã, muitas das quais movidas por atitudes partidárias baseadas no idioma.

1918

Uma greve geral eclode no mês de novembro levando para as ruas cerca de 400.000 trabalhadores. Reclamam da falta de alimentos, elevação de preços, baixos salários e exploração em função da guerra que acabava de terminar. O governo recorre às tropas e exige a volta ao trabalho. A greve arrefece, mas os trabalhadores conquistam a semana de 48 horas. Algumas facções dos social-democratas figuravam entre os manifestantes mais revolucionários, incitados pela presença de Lenin que passou a maior parte da guerra na Suíça (Keystone).

1928

A Suíça sedia os Jogos Olímpicos de Inverno de 1928, na estação de esqui de St. Moritz, com 25 nações e 464 atletas, competindo em 14 diferentes provas. Os Jogos Olímpicos de Inverno retornaram a St. Moritz 20 anos mais tarde – a última vez que foram realizados na Suíça (COI).

1932

A depressão mundial atinge fortemente a Suíça, polarizando segmentos de esquerda e direita. O exército é chamado às ruas para restaurar a ordem diante de uma demonstração de trabalhadores em Genebra. Recrutas inexperientes atiram contra a massa popular, matando 13 manifestantes e ferindo outros 65. Em 1937, um acordo foi obtido entre o sindicato dos metalúrgicos e os empregados, proibindo greves de operários ou lockouts (Keystone).

1939-1945

A Suíça mobiliza 800.000 soldados e auxiliares contra as ameaças de invasão durante a Segunda Guerra Mundial. A neutralidade é publicamente mantida mas limitada, em segredo, por um acordo de defesa com a França, mas não com a Alemanha. O espaço aéreo suíço é violado inúmeras vezes pelos beligerantes. Apesar do cerco pelas forças do Eixo, o comércio continua. Os francos suíços ganhos com a compra de ouro da Alemanha pagam o carvão, o ferro, o azeite, fertilizantes e outros produtos os quais também são fornecidos pelas potências do Eixo (Keystone).

1948

A Suíça introduz seguro obrigatório de velhice e invalidez com cobertura através de contribuições iguais de patrões e empregados. O sistema de aposentadoria torna-se compulsório para todos, mas não para os salários mais baixos. O seguro desemprego também é estatal e obrigatório (Keystone).

1954

A Suíça sedia a Copa do Mundo de Futebol no 50º aniversário da FIFA – Federação Internacional de Futebol Association, com sede em Zurique. A Alemanha Ocidental triunfa contra a Hungria, na final, por 3 a 2, em jogo realizado no estádio de Wankdorf, em Berna. É a primeira Copa Mundial levantada pela Alemanha e também pela primeira vez o evento é televisionado (Keystone).

1959

É adotada a “fórmula mágica” – sistema sobre distribuição de cadeiras aos sete membros do Governo Federal Suíço. Cada um dos três grandes partidos do parlamento tem direito a dois ministros. O quarto partido corresponde a um ministro. O sistema não tem base legal, nem ideológica. Fundamenta-se numa espécie de ‘acordo de cavalheiros”(Keystone).

1971

As mulheres ganham o direito de voto em nível nacional. Antes disso alguns Cantões já reconheciam o direito do voto feminino, exemplo que os outros seguiram acabam seguindo. O último Cantão a permitir que as mulheres votassem foi Appenzel Rhodes-Interiores. Em 1990, por decisão de um Tribunal, o Cantão foi obrigado a adotar o sufrágio para mulheres. Em novembro, 11 mulheres foram eleitas para o parlamento pela primeira vez (Keystone).

1984

Elisabeth Kopp, membro do Partido Radical de Zurique, torna-se a primeira mulher a entrar no Governo Federal Suíço – 13 anos depois da introdução do sufrágio feminino em plano federal. Quatro anos mais tarde, Kopp renuncia por haver informado seu marido sobre uma investigação em marcha relacionada com um sócio de negócios. A investigação não produziu resultados mas a quase demissão de Elisabeth Kopp se deveu em parte a assuntos políticos e do gênero (Keystone).

1992

Os eleitores e Cantões suíços, por 50,3% de votos contrários e 49,7% de votos favoráveis, impediram a entrada da Suíça no Espaço Econômico Europeu (EEE). O resultado revela uma divergência entre suíços de língua alemã e francesa. O resultado pôde ser visto como uma clara mensagem com relação à entrada da Suíça na União Européia (Keystone).

2002

A Suíça ingressa nas Nações Unidas em setembro, depois de 55% de eleitores darem o sinal verde, através de votação nacional realizada em março. A Suíça sempre foi um membro ativo de agências especializadas das Nações Unidas, como OMS, OIT, UNICEF, UNESCO, entre outras, mas, na sua primeira votação em 1968 os eleitores recusaram o ingresso na organização mundial. A Suíça foi membro da Liga das Nações, mas, como país neutro não foi bem-vinda na ONU em 1945 (Keystone).

2003

A União do Centro Democrático – UCD (direita populista) ganha por ampla margem as eleições parlamentares e consegue um segundo assento no governo federal suíço, de 7 membros, em detrimento do Partido Democrata Cristão. Christoph Blocher é eleito ministro. Apesar da mudança de forma, a “fórmula mágica” é preservada em sua essência, porque reflete a força dos partidos no Parlamento (Keystone).

2007

A União do Centro Democrático – UDC (ou SVP em alemão: Schweizerische Volkspartei) sofre um abalo em 12 de dezembro de 2007. Seu expoente, Christoph Blocher, que chegara com alarde ao governo quatro anos antes – depois de seu partido ter conseguido um segundo assento no poder executivo, de 7 membros – não é reeleito pelo Parlamento. Numa eleição que em geral não passa de uma formalidade, é uma humilhação para Blocher, substituído por Eveline Widmer-Schlump, co-partidária mais moderada. A decisão provoca um racha na UDC/SVP com sérias repercussões prolongadas e mesmo um certo questionamento da “fórmula mágica.”

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