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Luzes e sombras dos fogos de artifício

Os fogos de artifício das «Festas de Genebra" estão entre os mais bonitos da Europa. Keystone

A Suíça celebra dia 1° de agosto sua festa nacional, um dia feriado. Como todo ano, haverá uma miríade de fogos de artifício iluminando o céu helvético nessa ocasião.

Essa tradição milenar também teve importantes desenvolvimentos tecnológicos. E se os artigos pirotécnicos fascinam, eles continuam sendo perigosos para a saúde e para os ecossistemas.

Estrelas cadentes e chuvas douradas, cheiro de enxofre e explosões de emoções:
os fogos de artifício embelezam as festas com sua magia vespertina. Durante o verão, chamado aqui de bela estação, os artífices das tardes mornas não têm trégua. Dos tradicionais fogos de 1° de agosto nos quatro cantos do país às festas populares e outras manifestações pirotécnicas, os espetáculos de luz atraem multidões de habitantes do país e os turistas.

De Lugano a Ascona, de Zurique a Genebra, as cidades lacustres são ideais para esses jogos efêmeros. “Os fogos podem atirados do meio do lago, longe das margens. Isso melhora o dispositivo de segurança e nos permite utilizar uma série mais vasta de materiais para produzir efeitos cênicos mais espetaculares”, explica Pierre-Alain Beretta, diretor da Pyrostars.

Essa empresa romanda (da parte da Suíça de língua francesa), com sede em Chêne-Bourg, pertinho de Genebra, é responsável justamente pelo aspecto pirotécnico das Festas de Genebra, em que os fogos de artifício figuram entre os mais bonitos da Europa. A coreografia da edição 2007 tem como tema as quatro estações. O espetáculo visual será ritmado e completado pels célebres notas do comporisior Antonio Vivaldi.

Modas, tendências e inovações

Doravante, os vulcões, fontes, poeira de estrelas, sol e tantas outras figuras, não são mais um segredo para o artífice especializado, cuja profissão passou por importantes mudanças técnicas nos últimos anos. Passos de gigante foram dados tanto no plano da logística como nos tiros e na pirotécnica em geral.

“Hoje tudo é informatizado, das figuras gráficas até o próprio lançamento. Tudo pode ser programado à distância, por controle remoto”, sublinha Pierre-Alain Beretta. Até a coreografia e a composição de produtos não cessam de evoluir. Ele confessa, no entanto, que é o entusiasmo do público que lhe dá a inspiração necessária para renovar constantemente seus arranjos.

De todas as cores

“As reações e as ovações dos espectadores durante as apresentações exprimem suas predileções. Nós nos reunimos ao final de cada espetáculo para analisar e compreender que seqüências agradaram mais aos espectadores”, acrescenta o especialista.

Se o público admira os movimentos e efeitos gráficos, aprecia ainda mais os buquês de cores de certos fogos. Esses efeitos são obtidos pela combustão explosiva de uma mistura de pólvora preta de granulados de diversos metais.

“Nos últimos anos, a cor pastel tem tido o maior sucesso. Outras cores como rosa pálido, azul, laranja claro e amarelo limão são especialmente aplaudidas”, precisa Pierre-Alain Beretta. Quer dizer, as mesmas cores ditadas pela moda do vestuário.

O lado mágico e o lado sombras

A mágica propiciada por esses espetáculos celestes também tem seu reverso. Os artefatos pirotécnicos são uma grave fonte de perigos se forem manipulados com negligência. Além disso, seus componentes podem ser extremamente nocivos.

A legislação suíça nessa área classifica esses artigos em diversas categorias (em uma escala de toxicidade de um a quatro) e segundo o grau de perigo que eles representam. Para os fogos mais delicados, existe um limite de idade mínima em certos cantões (estados) para a venda.

“Colocados em mãos erradas, mesmo o material pirotécnico mais inofensivo, como certos artigos em venda livre, podem transformar-se em armas de destruição”, previne o diretor da Pyrostars.

Não é raro os jornais noticiarem casos dramáticos de acidentes com fogos, que chegam a provocar até mortes.

Um ar de 1° de agosto

Além disso, os fogos de artifício também são nocivos para o meio ambiente. Eles contêm muitos produtos e agentes poluentes culos efeitos podem ser devastadores para a saúde e para os ecossistemas.

A Secretaria Federal do Meio Ambiente estima que, a cada ano, 1.500 toneladas de artigos pirotécnicos são vendidos na Suíça. A fumaça que eles expelem contém essencialmente partículas finas, respiráveis e particularmente nocivas. Acontece, por vezes, que sua concentração na atmosfera ultrapasse em muito os limites fixados por lei.

Em Basiléia, por exemplo, um estudo demonstrou que todo ano, em 1° de agosto, a quantidade de potássio contida no ar é 100 vezes superior do que nos dias precedentes e seguintes à manifestação. Um recorde triste para festa nacional.

swissinfo, Anna Passera

As primeiras misturas de pólvoras explosivas surgiram no sécujo VIII, na China. Eles só chegaram à Europa por volta de 1241, depois da invasão mongol.

Em 1249, o filósofo inglês Francis Bacon, prepara uma mistura de pólvora preta, segundo uma fórmula ainda usada atualmente.

Durante muito tempo, a pólvora é utilizada somente com finalidade bélica.

Os primeiros empregos puramente recreativos desses explosivos ocorreram no século XII, na Itália.

Em meados do século XIX, a pirotecnia artística populari-se e extende-se pelo mundo todo.

Os fogos de artifício são uma mistura de substâncias químicas capazes de produzir explosões e fenômenos luminosos e sonoros.

Eles eram brancos e às vezes amarelos até o final do século XIX e sua composição era uma mistura de pólvora preta, nitrato, potássio, carvão e enxofre.

A inclusão de pó de diversos metais permitiu obter um efeito mais colorido.

Levados a uma temperatura de combustão de pelo menos 400°, os metais utilizados na composição dos engenhos pirotécnicos emitem uma energia sob a forma de irradiação luminosa num amplo inventário de cores.

O potássio produz a cor violeta; os vários azuis provém do cobre; o sódio produz um amarelo que pode ser muito intenso, enquanto o lítio permite obter certos tons de vermelho.

As fumaças são produzidas pelo pó de zinco e o efeito cintilante dos fogos provém da combustão do antimônio.

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