A nota de 1000 francos atualmente em circulação, ornada com o retrato do historiador Jacob Burckhardt. Uma nova versão dessa cédula tão controversa será lançada no fim de 2019.
Keystone/Martin Ruetschi
A nota de 1000 francos suíços, a cédula mais cara do mundo, é um enorme sucesso. O governo suíço agora quer acabar com o prazo de troca das notas antigas. Uma proposta que suscita a ira da esquerda e da organização anticorrupção Transparency International.
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Sou chefe de uma equipe multilíngue responsável por cobrir o tema "Suíços do estrangeiro", fornecendo-lhe as informações necessárias para participar da vida política na Suíça.
Depois de estudar ciências políticas nas Universidades de Neuchâtel e Berna, comecei a trabalhar como jornalistas para os canais SwissTXT e RTS. Desde 2008, trabalho na SWI swissinfo.ch, onde ocupei vários cargos de gestão e no jornalismo.
Até agora, as notas antigas podiam ser trocadas durante vinte anos após serem retiradas de circulação pelo banco central suíço (BNS), que emite novas séries de denominações a cada 15 a 20 anos. Uma prática em contradição com a da maioria dos países industrializados, que permitem uma troca sem limite de tempo, da qual o Conselho Federal (governo) pretende agora se inspirar.
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Em agosto deste ano, o governo federal apresentou um projeto de emenda à Lei Federal de Unidade Monetária e Meios de Pagamento. A abolição deste período de troca abrange todas as notas emitidas entre 1976 e 1979, as famosas “formigonas” de mil francos, bem como as séries seguintes.
A proposta foi bem recebida pelos principais partidos de direita durante a fase de consulta que terminou em meados de novembro. Tanto o Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão) quanto o Partido Liberal Radical (PLR) consideram insustentável que as notas suíças percam seu valor após vinte anos de serviço.
Moeda preferida dos criminosos
A esquerda, por outro lado, rejeita o projeto defendido pelo ministro das Finanças, Ueli Maurer (SVP). O Partido Socialista estima que a atratividade da nota de 1000 francos será ainda mais forte. Uma situação que não só beneficiaria os poupadores, como também todos aqueles que praticam atividades ilegais, como a evasão fiscal, a lavagem de dinheiro ou o financiamento do terrorismo.
Receios que levaram Singapura a deixar de produzir notas de 10.000 dólares em 2014 – elas eram até então as notas de maior valor no mundo – e o Banco Central Europeu anunciar que iria parar de emitir a partir do final de 2018 as notas de 500 euros, consideradas pelas autoridades europeias como a “moeda preferida” dos criminosos.
Esta falta de alternativas no exterior, bem como o fim da validade das notas suíças, também preocupa a seção suíça da organização anticorrupção Transparência Internacional. “Para nós, isso encoraja ainda mais as atividades ilegais, como a corrupção e a evasão fiscal, mas também a posse de fundos ilegais e o crime organizado”, afirmou a organização.
Notas disputadíssimas
Só para ressaltar a enorme popularidade das notas de 1000 francos: dos 72 bilhões de francos em espécie colocados em circulação em 2016, 62% seriam mantidos em cédulas de 1000. Por sua vez, a Transparência Internacional julga que seria melhor abolir definitivamente a emissão dessa nota.
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Pois a famosa nota roxa, que vale uma nota preta, não seria apreciada só na Suíça. “O uso do dinheiro tem a vantagem de não deixar vestígios. Pessoas ou organizações no exterior podem, portanto, usar as denominações suíças como valor de troca e protegê-las dos olhos das autoridades fiscais ou judiciárias”, denuncia a organização anticorrupção.
No entanto, não é certo que este aviso seja ouvido pelo Conselho Federal, cuja maioria SVP-PLR deve confirmar em breve o impulso extra dado à notoriedade, às vezes duvidosa, da nota de 1000 francos suíços.
Adaptação: Fernando Hirschy
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