Mãe de María Corina Machado chega a Oslo e espera filha receber Nobel pessoalmente
A família de María Corina Machado e os primeiros chefes de Estado chegaram a Oslo, nesta segunda-feira (8), às vésperas da entrega do Nobel da Paz, que reconhece a luta da líder opositora venezuelana, que confirmou presença, apesar de viver na clandestinidade.
Machado, que encarna a oposição ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, está em paradeiro desconhecido e sua participação na cerimônia gerava expectativa.
O Instituto Nobel confirmou no sábado que ela vai participar da cerimônia em Oslo na quarta-feira, 10 de dezembro, e a homenageada com o prêmio tem prevista uma coletiva de imprensa às 13h locais (09h de Brasília).
A mãe de Machado disse à AFP, nesta segunda-feira, no aeroporto de Oslo, que espera que sua filha vá à capital norueguesa para receber o prêmio.
“Rezo o terço todos os dias a Deus Pai, à Virgem, aos dois juntos, para que tenhamos María Corina amanhã”, disse Corina Parisca.
“E se não a tivermos amanhã, é a vontade de Deus”, disse a octogenária a uma jornalista da AFP ao chegar a Oslo.
O Comitê Norueguês do Nobel anunciou em 10 de outubro que concederia o prêmio de 2025 a Machado “por seu trabalho incansável de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela, e por sua luta para conseguir uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
A mãe de Machado afirmou que nunca teria imaginado que sua filha receberia o prêmio e contou que soube muito cedo da notícia por uma de suas filhas.
A notícia “me acordou às sete da manhã. E eu digo, foi a única vez que me acordaram às sete da manhã e não fiquei brava”, contou.
Questionado sobre a esperada presença de Machado em Oslo, o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, disse não saber “nada”.
“Nós não sabemos nada disso, não participamos desse leilão, é um leilão, o melhor lance leva”, ironizou durante uma coletiva de imprensa.
No mesmo dia da premiação de Machado, o chavismo se manifestará em Caracas.
O reconhecimento alimentou as expectativas sobre o paradeiro de Machado, pois a opositora está na clandestinidade desde agosto de 2024 após os protestos contra a terceira reeleição, em julho, do presidente Nicolás Maduro em meio a denúncias de fraude.
Maduro, no poder desde 2013, é acusado de fraude eleitoral nas eleições de seu segundo e terceiro mandatos, e os Estados Unidos, a União Europeia e vários países latino-americanos não reconhecem sua reeleição.
Machado tinha sido inabilitada para as eleições, razão pela qual a oposição apresentou como candidato Edmundo González Urrutia.
– “Heroína” –
Machado dedicou o Prêmio Nobel ao “sofrido povo” da Venezuela e ao presidente americano, Donald Trump.
A líder opositora, de 58 anos, apoia as operações lançadas por Trump em frente à costa da Venezuela contra embarcações supostamente usadas por narcotraficantes.
Desde setembro, os Estados Unidos realizaram vários ataques, que deixaram mais de 80 mortos, contra embarcações que alegam transportarem drogas no Caribe e no Pacífico, e acusam Maduro de liderar um cartel do narcotráfico.
Caracas nega e argumenta que o objetivo de Washington é derrubar o presidente venezuelano e tomar o controle do petróleo do país.
Em novembro, o procurador-geral da Venezuela declarou à AFP que Machado seria considerada “foragida” se deixasse o país para receber o prêmio.
O diretor do Instituto Nobel, Kristian Berg Harpviken, informou, no sábado, que esteve em contato com Machado e que ela confirmou sua participação, mas que “dada a situação de segurança”, não podia dar mais detalhes.
Mais tarde, Harpviken disse à emissora de rádio NRK, que “nada é 100% certo no mundo, mas isto é tão certo quanto pode ser”.
Dirigentes latino-americanos, como os presidentes argentino, Javier Milei; o panamenho, José Raúl Mulino; o equatoriano, Daniel Noboa; e o paraguaio, Santiago Peña vão participar da cerimônia na Prefeitura de Oslo, segundo a Presidência panamenha.
Na Noruega, Mulino disse à AFP que viajou ao país pela mesma razão que outros presidentes “democráticos da região”, para “dar uma grande congratulação a esta heroína da democracia, ao povo venezuelano lutador”.
Além disso, declarou que busca realizar “esforços comuns” entre os povos e os governos “para retornar o quanto antes à democracia na Venezuela”.
Perguntado se Machado já estaria em Oslo, Mulino respondeu: “Deve chegar logo, tenho entendido que sim, mas estou contente por vê-la e lhe dar um abraço amanhã”.
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