Mais de 100 migrantes irregulares são deportados do Chile
Pelo menos 86 migrantes venezuelanos e colombianos e outros 52 peruanos e bolivianos foram expulsos do Chile nesta quarta-feira (10) após terem entrado irregularmente no país.
Um avião com cidadãos colombianos e venezuelanos partiu esta manhã da cidade de Iquique, para onde foram levados migrantes que faziam travessias não autorizadas entre a Bolívia e o Chile, no planalto andino. Bolivianos e peruanos voltam de ônibus para seus países, fronteiriços com o Chile.
A situação se repetiu com frequência nas últimas semanas e levou as autoridades chilenas a reforçarem com policiais e militares a travessia da fronteira da cidade de Colchane, a mais de 3.000 metros de altitude na cordilheira dos Andes.
As fronteiras do Chile estão fechadas preventivamente devido à pandemia do coronavírus.
“São pessoas que não cometeram crimes graves, é justo serem expulsas, é preciso dar um forte sinal de que quem quer vir ao Chile tem que obter um visto, admitindo com sinceridade as razões pelas quais quer vir”, disse o Ministro do Interior, Rodrigo Delgado, em Iquique, cerca de 2.100 km ao norte de Santiago.
Delgado, assim com o ministro da Defesa, Baldo Prokurica, e o ministro das Relações Exteriores, Andrés Allamand, viajaram na véspera a Colchane para informar sobre o desdobramento realizado na área para evitar que migrantes entrem irregularmente no Chile.
De acordo com as autoridades locais, 3.600 estrangeiros cruzaram irregularmente a fronteira norte do Chile em janeiro, dez vezes mais que no ano passado, e mais de 1.500 passaram por Colchane, dois dos quais morreram.
Depois de entrar a pé por uma estrada inóspita e com temperaturas extremas, eles acampam nesta pequena cidade habitada por comunidades indígenas Aymara, e depois continuam sua jornada para as cidades de Iquique ou Santiago.
O chanceler Allamand alertou que gangues dedicadas ao “tráfico de pessoas” atuam na área e que já está trabalhando com os governos da Bolívia e do Peru “no desmantelamento desses grupos criminosos”.
Desde 2014, quase 500.000 venezuelanos se estabeleceram no Chile, escapando da crise política e econômica em seu país e se tornando a maior colônia estrangeira.
Em 2018, o governo de Sebastián Piñera pôs em vigor um visto de responsabilidade democrática para os venezuelanos que queiram se estabelecer legalmente, que continuou sendo emitido até janeiro, conforme confirmou o Ministério das Relações Exteriores à AFP.
Este documento permite que tenham carteira de identidade e facilita a sua integração no país. No entanto, o Serviço Jesuíta para Migrantes assegura que nos últimos meses os pedidos de visto foram “massivamente” rejeitados.