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Martina Hingis descarta retorno ao tênis profissional

Hingis no torneio de Wimbledon em 1997. Keystone

A suíça Martina Hingis, ex-número 1 do mundo, suspensa por dois anos pela Federação Internacional de Tênis (IFT) por doping, descarta um retorno ao circuito profissional.

“Muitas pessoas me perguntam se voltarei a jogar um dia. Mas o esforço seria muito grande para chegar novamente ao topo. Não acredito que tenha a vontade e a força para mostrar novamente esse desempenho”, disse ao jornal Tages Anzeiger.

A entrevista publicada pelo jornal de Zurique nesta quinta-feira (28/5) foi a primeira de Hingis desde que foi anunciado, em 1° de novembro de 2007, o resultado positivo de seu exame realizado em Wimbledon em 2007 confirmando o uso de cocaína.

A tenista sempre disse que era inocente, embora não tivesse entrado com recurso contra a decisão da IFT. Desde então, ela se manteve reservada. “Eu tinha dificuldade em aceitar tudo, duvidava da justiça e queria ganhar distância”, justificou seu silêncio de mais de um ano e meio.

“Eu deveria ter deixado disso”

Em 1° de outubro de 2009, termina sua suspensão de dois anos. No dia anterior, 30 de setembro, ela completará 29 anos. Hingis foi a mais jovem número 1 do mundo da história do tênis feminino – chegou ao topo do ranking da Associação das Tenistas Profissionais (WTA) aos 16 anos, seis meses e um dia.

Ela já havia interrompido a sua carreira por causa de uma lesão em 2003, antes de voltar ao mais alto nível em 2006. Em Wimbledon, porém, Hingis não teve boa participação, sendo eliminada na terceira rodada. “Eu estava lesionada, tinha jogado tênis só duas semanas. Eu deveria ter deixado disso”, explicou ao Tages Anzeiger.

Na época em que o resultado de seu exame de urina foi revelado pela primeira vez, a tenista suíça garantiu ser inocente, alegando que teria feito um outro exame, por meio de um fio de cabelo, que teria dado negativo.

Surpresa com a punião

O argumento, contudo, não foi aceito pela ITF, que decidiu pela suspensão por dois anos de Hingis, contando a partir de outubro de 2007. Hingis disse ao diário zuriquense que ficou surpresa com o rigor da punição.

“Nunca pensei que iria levar dois anos. Eu pensei: dois, três meses, daí o caso está encerrado. Dois anos por causa de cocaína, isso nunca houve antes nem depois”, disse. “Quantos (meses de suspensão) levaram Novacek e Wilander? Três meses. Por que foi diferente comigo?”, questionou.

Hingis voltou a insistir que nunca usou cocaína. “Fiz 80 a 100 testes de doping em minha vida e nunca tive um problema. Eu não colocaria minha carreira em jogo para disputar Wimbledon mais uma vez.”

Torneios de exibição

Ela disse que pensou em recorrer da decisão da IFT, mas desistiu porque “pelo exemplo de Marion Jones se vê que isso pode levar à falência. No caso dela, o processo demorou cinco anos. Isso eu quis evitar”, disse.

A atleta norte-americana Marion Jones foi condenada a devolver as cinco medalhas olímpicas conquistadas em Sidney 2000, após admitir que correu dopada durante anos).

Hingis, que conquistou 43 títulos da WTA, cinco Grand Slams e 37 títulos em duplas, não pensa mais em retornar ao estresse de correr de um torneio para outro, mas não abandonou de todo o tênis. Ela disse que ainda joga partidas de exibição e que pretende participar da formação de jovens tenistas.

swissinfo.ch (com informações do Tages Anzeiger)

Escândalos de doping sujaram a veste branca do tênis nos últimos anos. O caso mais recente é o do francês Richard Gasquet, ex-número 7 da ATP, que teve teste positivo em cocaína no final de março passado, no torneio de Miami. Gasquet garante que é inocente.

O primeiro caso ocorreu em 1995: o sueco Mats Wilander e seu colega de dupla tcheco Karel Novacek tiveram um teste positivo de cocaína no Aberto da França, em Roland Garros. Wilander recorreu, mas perdeu e, como Novacek, foi suspenso por três meses pela IFT.

Em 1997, o caso Martina Hingis veio a público.

Em 1998, o tcheco Petr Korda teve um exame positivo de nandrolon, em Wimbledon. A suspensão de um ano representou o fim de sua carreira. Além disso, o Tribunal Esportivo de Lausanne condenou Korda a devolver prêmios no valor de 660 mil dólares.

O argentino Guillermo Canas foi suspenso por dois anos em 2005 por uso de anabolizantes. No mesmo ano, seu conterrâneo Mariano Puerta levou dois anos por uso do estimulante etilefrin.

Nos últimos nove anos, outros quatro argentinos foram flagrados em testes de doping: Juan Ignacio Chela (2000), Guillermo Coria (2001), Martin Rodriguez (2003) e Mariano Hood (2005).

Nasceu em Kosice (atualmente Eslováquia), em 30 de setembro de 1980
1,70 m, 59 kg, destra
Ganhos até 1° de novembro de 2007: 20.130.657 dólares
Classificação WTA em 1° de novembro de 2007: 19°
N° 1 mundial durante 209 semanas
43 títulos
5 vitórias em Grand Slam: Aberto da Austrália (1997, 1998 e 1999). Wimbledon (1997). US Open (1997).
Finalista do Aberto da Austrália em 2000, 2001 e 2002.
Finalista de Roland-Garros em 1997 e 1999
Finalista do US Open em 1998 e 1999
2 vitórias em Masters (1998 e 2000)
Finalista da Fed Cup em 1998
37 títulos em dupla

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