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Michel Pont

Michel Pont: "Não tenho razão alguma para ser pessimista". swissinfo.ch

Escolhido em 2001 pelo técnico suíço Köbi Khun para ser seu auxiliar, Michel Pont é um elemento incontornável da seleção suíça. Caloroso, comunicativo e otimista, o técnico natural de Genebra vive a aventura do Euro a 120% ... como sempre.

“Em sete anos, eu mudei totalmente, agora fumo grandes charutos e não falo com mais ninguém. Quando falo de mim, é na terceira pessoa … como Alain Delon!”

Trajando calças jeans, camisa branca e blusa de couro, Michel Pont está de passagem pela redação de swissinfo ao final de uma interminável jornada de reuniões na sede Associação Suíça de Futebol, em Berna. Como é seu hábito, em apenas alguns segundos ele já dá o tom da conversa.

O genebrino fala com franqueza e tem a aptidão de se colocar em evidência, mesmo nos momentos difíceis.

Ele confessa, aliás, que é através do futebol que pode desenvolver seu senso do espetáculo. Pont imagina que poderia ser uma estrela do rock ou de cinema e chegou inclusive a fazer espetáculos cômicos, em dupla com um colega de classe na época do colégio.

“Podem ter certeza, se justifica ele rindo, que se um dia eu achar que fiquei famoso demais, tem gente suficiente à minha volta para me recolocar na linha e colocar meus pés no chão. Mas eu sei muito bem de onde venho para que isso não me aconteça.”

Perly, Lugano… e depois o Euro

Quando tinha 25 anos, Michel Pont teve que encerrar a carreira de jogador por causa de uma lesão grave.

Dois anos e uma volta ao mundo depois, o ex-professor de Educação Física assumiu o FC Perly, clube da segunda liga amadora. Depois passou pelo Grand-Lancy, Chenois, Estrela Carouge, Servette (um título de campeão suíço como auxiliar de Petkovic, em 1994), todos no cantão de Genebra, e finalmente Lugano, que estava então na primeira divisão profissional.

A experiência como técnico do Lugano (sul da Suíça) foi curta, mas permitiu conhecer Köbi Khun. Esse acaso da vida mudaria seu destino porque a amizade entre ambos acabou por formar a dupla atual à frente da seleção nacional.

Quando se encontraram pela primeira vez, Michel Pont disse a Khun que não se esquecesse de lhe telefonar no dia em que fosse nomeado para dirigir a seleção. E, aparentemente, Köbi Khun se lembrou.

“Primeiro pensei em terminar meu mandato à frente da seleção junto com ele porque esta aventura humana foi muito bonita. Sou orgulhoso do trabalho que fiz com Köbi, ainda mais que após os primeiros jogos falavam em nos demitir”.

Pont explica que “conversou com Otmar Hitzfeld em Munique e que a conversa foi especial. “Eu só funciono assim, na base da alquimia e do desafio, e não só pelo ganha-pão.”

Mas ainda é muito cedo para falar do futuro de Michel Pont porque, por enquanto, toda a sua energia está canalizada para o grande evento do mês de junho. A pressão já está chegando ao máximo.

Dedicação integral

“Posso afirmar em nome da comissão técnica da Suíça, que já estamos totalmente dentro do Euro! Instalei num canto de meu porão minha tela de plasma, meus livros e meus computadores e passo muito tempo lá. Demais talvez. Tenho assinatura de todos os canais de tv possíveis e imagináveis e disseco o desempenho de todos os nossos jogadores. Também rezo nos fins de semana para que, em seus clubes, eles não se machuquem.”

Também é em casa que Michel Pont relaxa, em família, com a esposa Daisy e os filhos, já grandes, Tibert e Léa.

Apesar dos maus resultados da Suíça nas partidas amistosas, Michel Pont continua um otimista inveterado que sempre crê no impossível: uma Suíça que supere seus próprios limites e inverta a hierarquia durante o Euro.

“Sou obrigado a ser otimista, desculpa-se, malicioso. Estou com boa saúde, gosto das pessoas que estão à minha volta e algumas gostam de mim. Gosto dos jogadores, do time, de Köbi e do que faço. Não tenho, portanto, nenhuma razão para ser pessimista”.

No próximo 19 de junho, Michel Pont completará 54 anos (ele nasceu em 1954, durante a Copa do Mundo disputada na Suíça). Nesse dia, a Suíça poderá matematicamente jogar pelas quartas-de-final da Eurocopa no Estádio St-Jakob, em Basiléia. Quem falou em otimismo?

swissinfo, Mathias Froidevaux

Nasceu em 1954, durante a Copa do Mundo disputada na Suíça e vencida pela Alemanha. É casado e tem um filho estudante-jogador de futebol e uma filha que estuda no liceu.

Sua carreira de jogador (ele jogava no Carouge de Genebra quando o clube foi promovido para a primeira divisão, em 1977), terminou aos 25 anos por causa de uma lesão grave.

Dois anos depois, após ter dado a volta ao mundo viajando, começou sua carreira de treinador (1981) no FC Perly, então na segunda liga.

Dirigiu posteriormente Grand-Lancy, Chênois, Estrela Carouge, Servette, todos no cantão de Genebra, e Lugano (sul da da Suíça). No Servette, foi auxiliar de Ilija Petkovic, quando o clube foi campeão suíço em 1994.

Em 2001, quando Köbi Kuhn foi nomeado técnico da seleção suíça, convidou-o para ser seu auxiliar.

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