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Milhões são gastos para manter reto-romano

Hotel Waldhaus, en Flims. Acogerá la sesión parlamentaria de ototño 2006 Keystone

35 mil pessoas na Suíça falam o reto-romano, um idioma derivado do latin e que é praticado apenas numa região montanhosa do país. Governo injeta milhões de francos em programas para assegurar sua sobrevivência.

Este conteúdo foi publicado em 11. outubro 2004

Enquanto muitos criticam utilidade dos incentivos, Parlamento federal decide reunir-se num povoado da região.

Garantir a sobrevivência de um idioma é um trabalho difícil e caro. A Suíça dá um bom exemplo.

Para assegurar o uso do italiano e do reto-romano, os idiomas falados pelas duas minorias suíças, o governo investe milhões em programas especiais. Só em 2004, pouco menos de seis milhões de dólares foram transferidos para um dos seus estados, o cantão dos Grisões, onde o problema da extinção das línguas minoritárias é mais acentuado.

A maior parte dos recursos é investida no reto-romano, um dialeto ladino falado nessa região de montanhas e que se tornou, a partir de 1938, a quarta língua oficial da Suíça. Apenas 35 mil pessoas a consideram como seu principal idioma.

E para complicar ainda mais a situação, o reto-romano divide-se em cinco dialetos regionais. O “rumantsch grischun”, a língua oficial que deveria ser utilizada na administração, tem cada vez mais dificuldades para se impor.

Fronteiras lingüísticas

A recente decisão do Parlamento nacional de organizar sua sessão trimestral em Flims, devido às obras de renovação do Palácio Federal, levantou a discussão sobre o perigo de extinção do reto-romano.

Esse pequeno povoado localizado cantão dos Grisões delimita a fronteira lingüística entre o reto-romano e o alemão, idioma que predomina em toda a região. Além de deslocar-se por questões práticas, os deputados e senadores querem dar mais atenção à menor comunidade lingüística da Suíça e debater sobre os problemas das populações de montanhas.

“Trata-se de um ato simbólico, porém com um fundo sério de debater a questão do plurilinguismo na Suíça”, afirma Clá Riatsch, professor de literatura romanche na Universidade de Zurique.

Recomendações européias

O problema das minorias não foi esquecido pelo Conselho da Europa, associação política de países europeus criada dos escombros deixados pela Segunda Guerra Mundial. A primeira recomendação feita à Suíça é a rápida adoção de uma lei para atualizar o artigo 70 da constituição do país, onde o reto-romano está definido como idioma oficial.

Os especialistas europeus pedem ao governo suíço para reforçar a utilização do reto-romano nos tribunais e na administração. Porém existem as vozes críticas: - “Acho muito mais importante compreender as necessidades reais da população, do que impor uma política cultural vinda de cima”, ressalta Clá Riatsch.

“As pessoas que falam reto-romano são bilíngües. No cotidiano eles preferem falar o dialeto suíço-alemão ou o alemão comum. Por isso acho um desperdício investir dinheiro público para traduzir um manual militar nesse idioma”.

Essa opinião é partilhada por Constantin Pitsch, responsável pelo Departamento de Comunidades Lingüísticas e Culturais no Ministério da Cultura. “Nós não devemos impor um idioma, mas sim incentivar a sua utilização como na publicação de livros escritos em idiomas minoritários”.

Peso da mídia

A sobrevivência do reto-romano depende muito mais das pessoas que falam do que das decisões governamentais. “Isso não significa que o dinheiro público esteja sendo jogado fora”, lembra Riatsch.

Por exemplo, o trabalho realizado pela organização lingüística “Lia Rumantscha” é considerado por muitos como essencial como o da agência de notícias ANR (Agenzia da Novitads Rumantscha), que possibilita a publicação de jornais nesse raro idioma.

Também a televisão pretende dar mais atenção ao assunto: a Sociedade Suíça de Radio e Televisão, a estatal de comunicações do país, decidiu elevar de 20 para 22 milhões de francos o orçamento para a realização de programas em reto-romano.

Apesar dos protestos de outras unidades do grupo, obrigadas nos últimos anos a realizar importantes economias, a medida é considerada importante para a sobrevivência do idioma. “O impacto do rádio e da televiso é muito importante, lembrando inclusive que a compreensão inter-regional fica mais facilitada: hoje em dia um romanche de Surselva entende sem problemas os habitantes da Engadine, enquanto que há trinta anos isso seria inimaginável”, lembra Clá Riatsch.

A emissão de programas de rádio em reto-romano começou em 1926. Na televisão, os primeiros programas foram exibidos em 1963. Diariamente são transmitidos 14 horas de programa, sendo que o “Telesguard”, o telejornal romanche, aumentará sua duração diária de seis para dez minutos.

swissinfo, Doris Lucini
tradução de Alexander Thoele

Breves

O reto-romano deriva do latim e é um termo genérico para indicar as cinco variedades do idioma falado no cantão dos Grisões: Sursilvan, Vallader, Surmiran, Sutsilvan e Puter. No mesmo tronco linguístico estão o ladino dolomítico e o friulano, idiomas falados na Itália por mais de meio milhão de pessoas.
O "rumantsch grishun", união dos cinco dialetos do reto-romano, foi criado em 1982 pelo professor Heinrich Schmid, da Universidade de Zurique.

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