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Milhares de peruanos protestam contra novo presidente Merino

Milhares de manifestantes foram às ruas para protestar contra o novo presidente do Peru, Manuel Merino, 12 de novembro de 2020 em Lima afp_tickers

A pé, de bicicleta e de carro, milhares de peruanos foram às ruas nesta quinta-feira (12) em Lima e em outras cidades do Peru em rejeição ao novo presidente, Manuel Merino, em ruidosa manifestação convocada por grupos sociais.

Alguns vestidos de imperadores incas, outros com camisas brancas e vermelhas da seleção peruana de futebol, os manifestantes ocuparam a praça San Martín e o parque do bairro turístico de Miraflores, ao sul da cidade, para expressar sua oposição ao novo governo.

Um grupo que tentou chegar ao Congresso foi dispersado pela polícia com gás lacrimogêneo e tiros com balas de borracha. Os manifestantes queimaram objetos e confrontaram a polícia com pedras e paus.

“Amo o meu Peru, tenho vergonha de quem governa”, “Merino não é presidente”, “O Congresso é uma pandemia que não acaba”, “Nem a covid nos prejudicou tanto quanto Merino”, diziam cartazes expostos na praça San Martín, perto do Congresso.

“Não concordamos com isso que o Congresso faz. Que necessidade de fazer essa barbaridade, de destituir Vizcarra?”, contestou Irene Aguilar, que compareceu, acompanhada da filha, ao parque Miraflores, em Lima.

Muitas pessoas vestiam preto de luto no terceiro dia consecutivo de protestos contra o novo governo que tomou posse na terça-feira, um dia depois que o Congresso destituiu Vizcarra em um julgamento relâmpago por alegações de suposta corrupção.

“As pessoas estão defendendo a democracia contra o abuso de poder”, disse o parlamentar centrista Gino Costa, do partido Morado, que votou contra o impeachment de Vizcarra.

Muitos manifestantes bateram panelas em um protesto estrondoso raramente visto no Peru no passado.

A polícia deslocou dezenas de agentes antidistúrbios ao redor do Congresso e do palácio do governo, enquanto os manifestantes marchavam pacificamente.

Marchas semelhantes aconteceram ao anoitecer nas cidades de Arequipa, Trujillo, Ayacucho, Cusco, Chimbote, Abancay, Tacna, Huancayo e Tumbes, entre outras, segundo a imprensa local.

“Queremos expressar indignação com a classe política que está fazendo qualquer coisa do país”, criticou um manifestante, batendo em uma panela com uma colher de pau.

Em Miraflores, dezenas de veículos com bandeiras peruanas buzinavam em sinal de rejeição ao novo governo. Também houve manifestantes em motocicletas e bicicletas, além dos milhares que marcharam a pé.

“Não é para Vizcarra, é por nós”, dizia um cartaz. “Este Congresso não me representa”, “O povo diz não ao Congresso de sempre”, criticavam outros.

As marchas contribuíram para aumentar os tradicionais engarrafamentos na capital peruana de 10 milhões de habitantes.

Pessoas de todas as idades participaram das manifestações, incluindo mulheres idosas com seus cães.

Merino fez um apelo à calma nesta quinta-feira e as organizações de direitos humanos pediram às novas autoridades peruanas que respeitem o direito de protestar, condenando a repressão às manifestações entre terça e quarta-feira.

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