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Mega fusão fortalece multis suíças

O presidente da Xstrata, John Bond, confrontado por manifestantes em setembro de 2011, quando a possível fusão foi anunciada pela primeira vez. AFP

Um acordo para criar a maior empresa do mundo no comércio de commodities e mineração deu um passo à frente na segunda-feira, 1° de outubro, com a decisão da mineradora suíça Xstrata de recomendar a seus acionistas a fusão com sua gigantesca conterrânea Glencore por um montante de 90 bilhões de dólares.

Os acionistas da Xstrata dirão nas próximas semanas se aceitam a oferta de aquisição da Glencore, mas a fusão ainda pode ser inviabilizada se for rejeitado o pagamento dos salários visando manter os altos executivos.

Depois de meses de especulação, a estratégia ousada de fusão das duas gigantes baseadas no cantão de Zug (centro) foi revelada em fevereiro, mas logo teve problemas com os maiores investidores da Xstrata.

Os principais acionistas, como BlackRock, Legal & General e os fundos soberanos do Qatar e da Noruega, questionaram a avaliação da Xstrata e os envelopes de milhões de dólares para Mick Davis, executivo-chefe da empresa de mineração e outros dirigentes do grupo.

No mês passado, a Glencore elevou sua oferta de 2,8 dólares por ação para 3,05 após a Qatar Holding ter exigido 3,25.

Ao mesmo tempo, alguns dos controversos salários foram resolvidos com a nomeação do presidente-executivo da Glencore, Ivan Glasenberg, como chefe da gigante resultante da fusão, em vez de Davis.

Acordo paterno

O presidente da Xstrata, John Bond, revelou que alguns acionistas ainda estavam descontentes com alguns salários, totalizando cerca de 226 milhões de dólares, incluídos no pacote. Mas os arquitetos do acordo insistem que esse sejam mantidos para assegurar o bom desempenho da nova empresa.

Em uma medida incomum, a Xstrata vai permitir que os acionistas votem se aceitam o pacote em sua totalidade ou apenas o valor da fusão sem os salários. Mas as duas empresas deixaram claro que a rejeição dos salários poderia afundar o acordo.

“A nova estrutura de voto é exclusiva, para dizer o mínimo, e vamos ver se, pelo menos do ponto de vista da governança corporativa, vale a pena”, disse o analista da Macquarie, Jeff Largey, à Reuters.

O polêmico guru das commodities Marc Rich, que fundou as duas empresas antes de vendê-las na década de 1990, deu total apoio à fusão.

“Quanto maior a empresa, maior é seu poder de mercado, o que torna mais fácil controlar a fixação dos preços. No final, isso significa maiores lucros”, declarou o suíço à revista de economia Bilanz.

A fusão irá criar um grupo capaz de competir com as três maiores mineradoras do mundo, que são a anglo-australiana BHP Billiton, a brasileira Vale e a inglesa Rio Tinto.

Se a fusão entre a Glencore e a Xstrata for realizada, a empresa continuará sediada na Suíça.

Ela terá ativos e projetos em 33 países, e empregará cerca de 130.000 funcionários.

Os ativos em mineração da Glencore-Xstrata irão concentrar, entre outros, mais de 100 minas, 25 siderúrgicas e diversas refinarias de metais.

A empresa também vai controlar uma rede mundial de entrepostos e ter acesso a 100 terminais de petróleo em todo o mundo.

Os ativos agrícolas do grupo vai incluir 270 mil hectares de terras.

A empresa controla mais de 200 navios para o comércio de petróleo.

Tem acesso ou controla diversos portos.

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