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Ministro reassume após cinco pontes de safena

Hans-Rudolf Merz sorrindo para o fotógrafo no seu gabinete em Berna. Keystone

Seis semanas depois de uma operação em que recebeu cinco pontes de safena, o ministro das Finanças, Hans-Rufolf Merz, está de volta.

Ao reassumir o cargo nesta segunda-feira (03/11), ele disse à imprensa que está ótimo. “Com exceção de algumas cicatrizes no peito, sou o mesmo”.

Merz, de 66 anos e membro do Partido Liberal Radical (PLR), nunca pensou em renunciar ao cargo depois de sair do coma induzido que os médicos o colocaram ao sofrer um acidente cardiovascular em 20 de setembro último. “Para mim, a única questão era saber quando poderia retomar o trabalho”, declarou durante uma coletiva à imprensa.

As especulações de sua demissão ou de candidatos potenciais a sucedê-lo não o aborreceram: “Constatei que um cargo no executivo federal (Conselho Federal) é muito cobiçado. Ainda estava em coma e as listas de candidatos já circulavam”, afirmou. “É um mal menor, parte da imprensa ganha dinheiro com esse tipo de imagem e eu não a condeno.”

Surpresa total

Hans-Rudolf Merz considera que teve uma “chance extraordinária”: em cada dez casos como o dele, nove não se restabelecem. “Não me lembro de nada do acidente; caí como uma árvore cortada quando estava no carro e perdi os sentidos e, quando acordei, estava no hospital de Berna.”

A surpresa para ele foi grande, porque se sentia em plena forma. Ciente da fugacidade da vida, ele não teme retomar o trabalho. Os médicos lhe garantiram que ele não precisa mudar seu modo de vida e nem seus hábitos alimentares.

Salvamento do UBS

“Não é possível estar no governo a 60 ou 80%”, afirmou. O ministro das Finanças pretende concluir até terça-feira a mensagem do governo ao Parlamento para o plano de salvamento do UBS.

Em princípio, não deverá haver grandes mudanças em relação ao projeto apresentado há um pouco mais de duas semanas, mas Merz pretende incluir uma cláusula sobre a política salarial do UBS.

Críticas aos bônus

“A questão das bonificações e outras indenizações é competência do conselho de administração e da direção do banco”, afirmou o ministro. Contudo, acrescentou que “os valores tradicionais de nosso sistema bancário foram negligenciados na governança do UBS.”

Juridicamente, é difícil exigir um reembolso das somas que já foram pagas, mas os dirigentes do banco parecer ter consciência que deverão rever o sistema, julga o ministro. “É da responsabilidade individual daqueles que receberam os bônus.”

Pequenos poupadores e fisco

A crise financeira não abalou a confiança na auto-regulação do mercado. É preciso apenas intensificar a vigilância dos bancos, segundo o ministro. Ele também é contra um plano conjuntural de estímulo à economia. As diferentes propostas lançadas pelos partidos deverão ser examinadas com critérios de eficácia.

Por enquanto, a prioridade é aumentar a proteção dos pequenos poupadores, aumentando a garantia dos depósitos bancários. Em paralelo, será necessária uma reforma fiscal em benefício das famílias e das empresas, sublinhou o ministro das Finanças.

As contas de 2008 deverão fechar com um excedente folgado, apesar da crise. O ministro não está muito preocupado com o orçamento de 2009, mas prevê correções financeiras a partir de 2010.

swissinfo com agências

Hans-Rudolf Merz nasceu em 1942 em Herisau (estado de Argóvia). Em 1971 doutorou-se em economia na Universidade de St-Gallen, onde foi professor-assistente entre 1967 a 1969.
De 1969 a 1974 foi secretário do Partido Liberal-Radical de St-Gallen, diretor a Associação Industrial de Apenzell e do Centro Esportivo de Herisau.

De 1974 a 1977 trabalhou como vice-diretor do Centro de Formação do UBS.

Em 1997 foi eleito para o Senado e presidiu a comissão de finanças, foi membro da comissão de política estrangeira e da comissão sobre a política de segurança. Foi vice-presidente da delegação suíça da OSCE.

Em dezembro de 2003 foi eleito para o executivo federal (Conselho Federal). Assumiu então o Ministério das Finanças. Atualmente é vice-presidente da Suíça e assumirá a presidência em 2009, no sistema rotativo em vigor na Suíça em que cada um dos sete ministros acumula por um ano a presidência do país.

Hans-Rudolf Merz é casado e pai de três filhos

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