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Ministros conversam com o povo

Detalhe do relógio na fachada da "Torre da Gaiola", em Berna, onde funciona o fórum político do governo federal. www.kaefigturm.admin.ch

Isso só ocorre na Suíça: Ruth Metzler, ministra da Justiça e Polícia, aproveita o fim do expediente para participar de um bate-papo aberto com o povo.

O evento ocorreu na “Torre da Gaiola”, a antiga prisão de Berna, que hoje funciona como fórum político de debates e exposições.

A Suíça é realmente um país peculiar. Ela é governada por sete ministros paritários, que dividem entre si a responsabilidade do governo.

Ao contrário de grande parte dos países, os governantes suíços são quase pessoas comuns. Alguns ministros vão ao trabalho de bonde ou trem. Grande parte deles anda nas ruas ou participa de eventos sem guarda-costas. E nos fins-de-semana, muitos são até vistos fazendo esporte.

Em abril, o ministro das Finanças Kaspar Villiger estava passeando sozinho com sua bicicleta de corrida, até o momento em que crianças abriram a porta de uma casa e um cachorro saiu em disparada, tentando morder o pneu dianteiro da bicicleta do político. Villiger caiu e fraturou seu polegar da mão esquerda. O fato não valeu mais do que algumas linhas nos principais jornais suíços.

Ministra bate-papo com o povo

Ontem foi a vez da ministra da Justiça e Polícia Ruth Metzler ter seu dia de cidadão comum. Ela aproveitou o final da tarde para participar de um bate-papo aberto com a população.

O local do evento, não poderia ser mais insólito: a “Torre da Gaiola”, a antiga prisão de Berna, que foi reformada pelo governo federal para servir de fórum político de debates e exposições.

Na hora prevista, as seis e meia da tarde, o auditório estava lotado: pouco mais do que sessenta pessoas, sendo que muitos aposentados e jovens ocupavam as cadeiras e degraus do espaço.

O que o povo pergunta a uma ministra?

Se grande parte dos políticos no mundo precisam esconder-se da população, com medo de receber um tomate na cabeça ou até sofrer atentados, na Suíça o povo parece ser mais cordial, sem deixar de lado a crítica.

“Ministra, eu não entendo a política de asilo da sua pasta. Como fica a situação dos solicitantes de asilo político, quando eles têm o seu pedido negado?

A pergunta, feita por um senhor de cabelos brancos, mostra a preocupação de uma grande parte da população suíça com o problema crescente de estrangeiros que solicitam asilo político no país. A ministra é expert no assunto e resume em poucas palavras, que o tema ainda está discussão no parlamento, mas que o governo já têm um projeto concreto sendo parcialmente aplicado.

Policiais alemães na Suíça

Um outro senhor, com certa indignação na voz, levanta-se e pergunta: – “Por que o governo suíço chama policiais alemães para proteger Genebra e não franceses?”, referindo-se ao empréstimo de policiais alemães à Suíça, para auxiliar no controle dos grandes protestos anti-globalizacao, já previstos em Genebra durante a realização do encontro das nações mais ricas do mundo em Evian nos primeiros dias de junho.

Ruth Metzler ri discretamente, assim como os presentes, e diz que a pergunta é pertinente. Ela explica que, entre a Suíça e a Alemanha, existe um acordo prevendo auxilio mútuo em caso de grandes protestos de rua. “Com os franceses e italianos ainda estamos trabalhando um acordo, mas que deve ser aprovado nos parlamentos desses países. E isso demora”.

Outro pessoa levanta-se e apresenta-se como “homem de finanças”. Sua pergunta é relativa a um tema também muito importante para os suíços: a aposentadoria.

A ministra agradece e inicia uma longa resposta, onde são citados todos os planos do governo de reforma do sistema de aposentadoria, inclusive lembrando que os suíços precisam trabalhar mais tempo, já que o país envelhece rapidamente.

Essas e outras perguntas foram feitas no espaço de uma hora, num ambiente quase familiar. Ao encerrar o bate-papo, a ministra ainda convidou os presentes a participarem de um pequeno coquetel, com direito a suco, vinho e bolachas.

O jornalista que estava moderando o bate-papo ainda perguntou à política, o que ela faria depois desse encontro.

“Vou dar uma corridinha na floresta”, respondeu Metzler sorrindo.

swissinfo, Alexander Thoele

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