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Momento importante na corrida presidencial nos EUA

Objetivo dos candidatos, a Casa Branca ainda está longe... Keystone Archive

Com a «Super terça», Hillary Clinton e Barack Obama, entre os democratas, John McCain e Mitt Romney, entre os republicanos, terão as mais importantes primárias até agora nesta terça-feira.

“Contrariamente aos últimos anos, os resultados desta vez podem não selar a sorte dos candidatos e “estão muito abertos”, constata Alfredo Defago, professor convidado em duas universidades nos EUA.

Cinco de fevereiro será um dos dias mais importantes na eleições primárias, parte do processo político que irá designar os candidatos democrata e republicano às eleições presidenciais de ouubro nos Estados Unidos.

As principais questões no debate atual são sobretudo econômicas (crise das “subprimes”, ameaça de recessão), o sistema de saúde, a imigração e a guerra no Iraque.

Dentro dos partidos, as posições dos candidatos pouco divergem. Entre democratas e republicanos, no entanto, os pontos de vista são muito diferentes, especialmente no que diz respeito à guerra no Iraque e nas questões econômicas.

As primárias desta “Super Terça” ocorrerão em vinte e dois estados. Da Califórnia a Nova York, do Alaska ao Alabama, haverá votos nos quatros cantos do país.

Para os candidatos, o objetivo é ganhar os votos dos delegados que participarão posteriormente da convenção nacional dos respectivos partidos. Nas convenções que deverão ocorrer no final do verão (no hemisfério norte) que designarão oficialmente os candidatos à Casa Branca.

Pode não decidir

“A questão é saber se esta “Super Terça” será decisiva. As últimas pesquisas dizem que ainda tudo em aberto”, afirma Alfred Defago a swissinfo. Ele foi embaixador da Suíça nos EUA de 1997 a 2001 e atualmente é professor convidado de relações internacionais nas universidades de Wisconsin-Madison e de Florida Atlantic.

“Muitos coisas mudaram nesses últimos dias, como a diminuição do número de candidatos e apoio declarado a Obama pelo senador Ted Kennedy e sua sobrinha Caroline, por exemplo”.

Entre os democratas, depois do abandono de John Ewards, ficaram os senadores Barak Obana e Hillary Clinton. Resumindo, cabe escolher entre a mudança (Obama) ou a experiência (Clinton), como eles próprios reivindicam.

No campo republicano, quem abandonou foi o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani e o duelo para valer agora é entre o senador John McCain e o ex-governador do Massachussetts Mitt Romney. Por enquanto, ninguém sabe ao certo quem é mais conservador.

Mike Huckabee e Ron Paul continuam na campanha republicana mas ao que parece não têm qualque chance de se posicionar.

Um verdadeiro face a face

No duelo Clinton-Obama, a situação é praticamente de empate técnico. As últimas sondagens davam Clinton à frente em Nova York e Obama na Califórnia.

Em seu estado de origem – Illinois – Obama deve ganhar, segundo as pesquisas, e também na Geórgia, onde o voto negro lhe é favorável.

Mas para enfrentar Clinton em igualdade de chances em escala nacional, Obama deve obter votos dos brancos.

Uma parte dos eleitores de Edwards poderia lhe dar os votos necessários, mas Edwards ainda não fez recomendações de voto a seus adeptos.

O bônus da visão

Em matéria de programa, Clinton e Obama têm pouca diferença, afirma Defago. “Clinton tem um conhecimento sólido dos dossiês. Nas questões práticas, ela parece mais concreta e mais convincente do que Obama”.

Obama tem a vantagem da visão, estima Alfred Defago. Ele consegue despertar esperança de mudança e do fim da politicagem em Washington. Muitos estadunidenses aspiram essa mudança. Obama responde a essa aspiração: “ele tem carisma e todos o percebem onde quer que apareça”.

A capacidade de ser aceito no momento da eleição não pode ser subestimada. Nesse aspecto, Hillary Clinton tem uma deficiência, como ficou patente nas últimas semanas com a volta à cena de seu marido. Os Clinton formam um casal que polariza, afirma Defago. Muitas pessoas temem uma presidência com duas cabeças.

Os esforços republicanos

O resultado da luta entre McCain e Romney também está em aberto. As melhores chances são atribuídas ao veterano do Vietnã e especialista em política estrangeira McCain.

“Os republicanos estão num estado desolador”, constata Alfred Defago. A coalisão Reagan, com suas três alas – cristãos-conservadores, conservadores em economia, neoconservadores em política estrangeira – está debilitada.

Huckabee, Romney e McCain representam cada um uma das alas. Para ganhar, será necessário convencer os céticos.

Romney é o mais convincente nas questões econômicas, estima Defago, mas ele tem a reputação de ser um oportunista. McCain é mal visto por alguns em razão de uma política nem sempre coerente.

swissinfo, Rita Emch à New York

O princípio do sistema eleitora dos EUA é permitir aos eleitores de participar em seu próprio estado da escolha do candidato à Casa Branca. A poporção de votos varia de um estado a outro porque é proporcional à população. Os estados mais populosos têm um maior número de delegados.

Os democratas aplicam um sistema proporcional. Entre os republicanos, é o candidato que obtém maais votos é geralmente o indicado. O número de delegados obtido por cada candidato é conhecido no final de março. A designação oficial do candidato dos dois partidos ocorre na Convenção.

A eleição presidencial ocorre dia 4 de novembro. Ela é feita novamente através da eleição de delegados – os grandes eleitores. Isso significa que o candidato que obtém o maior número de votos não será obrigatoriamente presidente.

Em 2000, Al Gore perdeu para George W. Bush. Este teve menos votos que Gore, mas 271 grandes eleitores votaram para Bush e 266 para Al Gore.

Votos de delegados obtidos até agora:
Democratas:
Hillary Clinton: 257
Barack Obama: 187
Total de delegados: 4049
Mínimo para ser nomeado: 2025
Republicanos:
John McCain: 93
Mitt Romney: 59
Mike Huckabee: 40
Ron Paul: 4
Total de delegados: 2380
Mínimo para ser nomeado: 1191

Alfred Defago é professor convidado de Relações Internacionais nas universidades Wisconsin-Madison e de Florida Atlantic.

Entre 1997 e 2001, foi embaixador da Suíça em Washington. De 1994 a 1997, foi cônsul geral da Suíça em Nova York.

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