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Monarca tailandês perdoa suíço preso por ofensa

O rei Bhumibol Adulyadej e a rainha Sirikit durante cerimônia oficial em junho de 2006. Keystone

Enfim livre: o rei Bhumibol decidiu perdoar o cidadão suíço que havia sido condenado a dez anos de prisão por ter jogado tinta em cima de imagens do monarca.

O suíço, que já vivia há várias décadas na Tailândia, foi solicitado a abandonar o país. A embaixada helvética em Bangkok confirmou o perdão, que coincide também com o novo ano tailandês.

O suíço, 57 anos de idade, se tornou no mês passado o primeiro estrangeiro na última década a ser condenado pelas estritas leis tailandesas de proteção à monarquia.

As autoridades penais de Chiang Mai, cidade localizada ao norte do país, confirmaram a transferência de Rudolf Jufter na quarta-feira (11 de abril) para uma estação policial, de onde ele será levado ao aeroporto e deportado posteriormente da Tailândia.

“O rei, na sua generosidade, concedeu-lhe perdão. Dessa forma, o suíço já foi retirado da prisão e aguarda agora sua deportação”, declarou o chefe de polícia de Chiang Mai, o coronel Prachuab Wongsuk à agência Associated Press.

Rudolf Jufter havia sido filmado por câmaras de vigilância em dezembro de 2006, quando jogava tinta negra sobre cinco cartazes do rei Bhumibol em Chiang Mai, onde vivia.

Leis severas

Bhumibol, monarca venerado pelos tailandeses, é visto por muitos como uma semi-divindade. Sua imagem é protegida por severas leis, que impedem qualquer forma de crítica direta à monarquia.

O suíço, que vive na Tailândia há dez anos, foi considerado culpado no julgamento ocorrido em março por crime de lesa-majestade e insulto ao rei. Apesar das leis preverem até 75 anos de prisão, o juiz concedeu uma pena de apenas dez anos.

De acordo com as testemunhas chamadas a depor, o suíço estava bebendo com amigos e dirigiu com sua motocicleta para a casa, onde pegou uma lata de tinta, que havia comprado para pintar uma casinha de cachorro.

Depois ele foi para um escritório do governo, onde diversos pôsteres do rei estavam pendurados no muro externo. Ao subir com uma escada para a altura conveniente, ele jogou tinta em uma das imagens. Mais tarde, Rudolf Jufter levou outros quatro cartazes para casa, onde cometeu o mesmo ato.

O vandalismo coincidiu com o aniversário de 79 anos do rei Bhumibol, evento que foi celebrado por todo o país com fogos de artifício, orações e outras festas.

Milhões de pôsteres do rei, que também é o monarca com mais anos de serviço no mundo, haviam sido pendurados por todo o país no ano passado, durante as homenagens pelos 79 anos de vida.

O caso do suíço foi noticiado em todo o mundo e mostrou como são severas as leis de proteção à monarquia no país asiático, vigentes no código civil tailandês desde 1908, apesar da monarquia absoluta ter sofrido um golpe em 1932.

swissinfo com agências

4 mil suíços vivem na Tailândia.
150 empresas suíças estão instaladas no país.
150 mil turistas suíços visitam a Tailândia anualmente.
As exportações helvéticas para esse país triplicaram nos últimos dez anos, passando a 934 milhões de francos.
As importações dobraram e hoje estão na faixa de 723 milhões de francos.
A Tailândia é o segundo mais importante parceiro comercial da Suíça na região, após a Singapura.
O rei tailandês também conhece bem a Suíça: ele passou sete anos no país durante a sua infância.

Sob o código penal suíço, qualquer pessoa que insulte um país estrangeiro simbolizado pelo chefe de Estado, seu governo, representantes diplomáticos ou delegado oficial que esteja participando de uma conferência na Suíça, pode ser condenado até três anos de prisão ou multa.

A mesma pena se aplica às organizações internacionais baseadas ou que se encontrem na Suíça.

Qualquer pessoa que danifique ou insulte publicamente um símbolo oficial da Suíça pode ser condenado a três anos de prisão ou multa.


Em 2002, um parlamentar suíço de um partido de direita criticou a utilização da bandeira helvética na capa de um livro americano, onde a Suíça era criticada fortemente pela sua posição durante a 2a. Guerra Mundial. O governo explicou que não teria bases legais para promover uma ação contra o autor como pessoa privada.

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