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Multinacionais suíças resistem à crise financeira

Pesquisa e presença mundial são os dois principais pilares da Nestlé, sediada em Vevey, estado de Vaud (oeste da Suíça). Reuters

Apesar das conseqüências negativas da crise financeira para a economia real, alguns conglomerados suíços parecem ser imunes às turbulências nas bolsas e registram lucros impressionantes.

Swatch, Nestlé, Norvartis e Syngenta, por exemplo, prevêem crescimento também em 2009, mas a valorização do franco suíço e uma possível recessão mundial podem frear as exportações suíças.

Enquanto os prognósticos de recessão se tornam cada vez mais alarmantes, os resultados do terceiro trimestre mostram que alguns setores da economia suíça ainda resistem à crise financeira.

A Nestlé, multinacional do setor alimentício, aumentou em 3,4% seu faturamento nos primeiros nove meses deste ano, atingindo um recorde de 81,4 bilhões de francos. “Apesar da crise, há mercados que continuam crescendo. As empresas só precisam identificá-los”, diz o presidente da empresa, Paul Bulke, ex-diretor para a América do Norte e América do Sul.

“A Nestlé cresce ininterruptamente, graças à sua presença mundial e à sua constante pesquisa. Apenas a venda de água mineral estagna”, escreve o jornal Tagesanzeiger, de Zurique.

De janeiro a setembro, o faturamento do grupo agroindustrial Syngenta cresceu 22% para 9,6 bilhões de dólares. As vendas de milho e soja, por exemplo, dobraram no terceiro trimestre. Segundo o executivo Mike Mack, esses números mostram “a força do nosso negócio num ambiente econômico mundial turbulento”.

As exportações suíças de relógios subiram em setembro a 1,5 bilhão de francos (um aumento de 15,1% em relação ao ano anterior). A Swatch, responsável por boa parte dessas exportações, prevê um crescimento de 6% a 9% em 2008 e estima que índices semelhantes se repetirão em 2009.

“Rocha na tempestade”



O conglomerado industrial e tecnológico ABB registrou no terceiro trimestre deste ano um aumento do faturamento (16%) e do lucro (26%). “Somos uma rocha em meio à tempestade”, disse o CEO da empresa, Joe Hogan. O que ofusca os números da ABB é que a novas encomendas caíram 31% no terceiro trimestre.

Também o setor farmacêutico parece imune à crise. O conglomerado Norvartis, sediado na Basiléia, cresceu 9% nessa área no terceiro trimestre e espera repetir o mesmo desempenho no quarto trimestre.

Até meados de 2011, nenhuma importante patente registrada pela Novartis perde sua validade, o que favorece a continuidade de bons negócios, avaliam analistas. Conclusão: o setor de saúde, no momento, não parece estar doente.

Na aviação civil, sob constante pressão desde 2001, a Swiss deu uma boa notícia na semana passada. A companhia aérea suíça controlada pela alemã Lufthansa decidiu repassar aos passageiros a queda da taxa sobre combustíveis, de 170 para 144 francos em vôos de longa distância.

Segundo o jornal sensacionalista suíço Blick, “essas e outras empresas sólidas alimentam as perspectivas de que o motor da economia suíça não seja desligado de vez”. Dados mais precisos sobre as carteiras de encomendas para 2009 serão divulgados nos balanços do quarto trimestre.

Temor de recessão



“A economia suíça não pode escapar do ambiente econômico desfavorável, mas uma forte queda da conjuntura é improvável”, segundo o prognóstico de outono da Secretaria Federal de Economia (Seco).

Ao contrário da maioria das prognósticos conjunturais, o governo suíço mantém as estimativas de crescimento divulgadas em junho passado. Berna prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% para 2008 e de 1,3% para 2009.

Essas previsões da Seco são consideradas otimistas. Os economistas do governo advertem, porém, que se a conjuntura na Europa não melhorar no próximo ano, o crescimento do PIB suíço será bem inferior a 1%.

A alta recorde do franco em relação ao euro (leia mais sobre o assunto no blog “Coisas da Suíça”) é mais uma razão para a cautela da Seco. A valorização do franco dificulta os negócios dos exportadores suíços, mas não necessariamente os de empresas como a Nestlé, a Syngenta ou a Novartis, que produzem mundialmente e, em determinadas condições, podem até ganhar dinheiro com as oscilações do câmbio.

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

O presidente da Associação Suíça da Indústria Mecânica, Johann Schneider-Ammann, previu em entrevistas a vários meios de comunicação que o desemprego no país poderá aumentar até 1% em 2009.

Isso seria um aumento de 40 mil desempregados. Atualmente, a taxa de desemprego na Suíça é de 2,4%, o que representa menos de 100 mil desempregados.

Apesar das previsões negativas da indústria, o Instituto de Pesquisa Conjuntural da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH) prevê uma melhora do clima econômico já no segundo semestre de 2009.

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