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Nestlé aposta em Portugal

Um homem com terno na frente de uma porta de vidro
Jordi Llach considerou a experiência na Suíça importante para a sua carreira. swissinfo.ch

A empresa suíça está a investir em Portugal, com a modernização do Centro de Distribuição de Avanca e a criação de um novo centro de serviços partilhados para a Europa Ocidental, em Linda-a-Velha, que está a criar milhares de postos de trabalho.

A swissinfo.ch foi a Avanca, no centro de Portugal, entrevistar o diretor-geral da Nestlé PortugalLink externo acerca destes investimentos. Depois de um café, de uma das marcas da empresa, claro, o gestor mostrou-se disponível para responder às nossas perguntas em “portunhol”, mas as respostas foram em português, com sotaque.

swissinfo: Como é que surgiu a oportunidade de trabalhar na Nestlé?

Jordi Llach: Na altura era fácil encontrar emprego. Tive muitas oportunidades e escolhi a Nestlé, porque considerei que era uma boa escola de Marketing e tinha valores com os quais me identificava. Comecei com a ideia de ficar dois anos e depois ir para outra empresa, mas já cá estou há 28 anos (risos). E gostei, porque oferecem muitas oportunidades, muitas categorias, muitos países, pelo que é uma oportunidade muito boa para aprender e desenvolver. 

swissinfo.ch: Em que cidades já trabalhou?

J.L.: Comecei em Barcelona, onde estive muitos anos a trabalhar na área do Marketing. Depois, fui para Sevilha para a área de vendas e, mais tarde, para a Suíça para a sede da Nestlé, onde estive três anos, a trabalhar na parte mais estratégica do grupo. 

swissinfo.ch: Como é que correu a experiência na Suíça?

J.L.: Foi fantástica. Primeiro, de um ponto de vista familiar, a Suíça é um país perfeito para as crianças e, na altura, os meus dois filhos tinham 4 anos e 9 meses. Passámos aí três anos fantásticos com as crianças. 

O percurso de Llach

Jordi Llach estudou Economia na Universidad Autónoma de Barcelona. Depois, teve de fazer o serviço militar, que na altura era obrigatório. Cumprido o dever, começou à procura de emprego e arranjou trabalho na Nestlé, onde está há 28 anos. Atualmente é o diretor-geral da empresa em Portugal. 

swissinfo.ch: E do ponto de vista profissional?

J.L.: Do ponto de vista profissional, aprendi muito, porque havia pessoas de todos os países do mundo. Como tal, conheces outras culturas, outras formas de trabalhar, aprendes coisas diferentes. Além disso, o centro não é operacional, mas estratégico, o que ajuda a ver a “big picture” e a pensar no longo prazo. A Nestlé é uma companhia que sempre quis e quer pensar a longo prazo.

swissinfo.ch: Está há dois anos como diretor-geral da Nestlé em Portugal. Que balanço é que faz destes dois anos?

J.L.: O balanço é positivo, porque é uma sorte e uma honra trabalhar na Nestlé em Portugal. A reputação da Nestlé aqui é fantástica. Então, isso é uma honra, mas também uma responsabilidade para continuar esse bom trabalho feito por muitas gerações de trabalhadores Nestlé. Temos um portfólio de produtos muito bom, com posições muito destacadas no mercado. Gosto de trabalhar numa empresa que tem fábricas no país em que está e aqui temos três, no Porto, Açores e em Avanca. Além disso, estamos a crescer como empresa. Não estou só a falar de resultados, mas também do crescimento do número de empregados. Penso que estamos a contribuir verdadeiramente para fazer de Portugal um país melhor, um país que está a ir muito bem. Também pode ser que chegue um momento melhor para o país. Então, é tudo muito positivo e é um prazer trabalhar cá. A dedicação das equipas é fantástica. 

swissinfo.ch: No início deste ano anunciaram um investimento de 4 milhões de euros no Centro de Distribuição de Avanca. Em que fase está esse investimento e em que é que se vai traduzir?

J.L.: O investimento inicial previsto era de 4 milhões de euros, mas depois decidimos modernizar ainda mais o centro de distribuição, pelo que serão investidos na realidade 5 milhões. Normalmente, a Nestlé não tem centros de distribuição próprios, mas em Portugal temos e o grupo reconheceu que está a correr muito bem e decidiu investir em Portugal. O investimento é para ter um centro de distribuição mais moderno, eficiente, seguro e que faça com que continuemos a ser competitivos no país. Além disso, temos também investimentos na fábrica.

swissinfo.ch: Que tipo de investimento?

J.L.: Na fábrica, sobretudo, é um ano de investimento mais na manutenção, mas estamos a ver também se conseguimos algum para projetos de inovação para o futuro e acho que vamos conseguir. 

swissinfo.ch: Pode revelar-nos que projetos são esses?

J.L.: Ainda não, porque a política do grupo é manter em segredo, porque pode ter impacto noutra fábrica, mas eu estou optimista que vamos conseguir também. 

swissinfo.ch: Li numa entrevista sua que estava a tentar convencer o grupo a investir mais em Portugal. Que outros investimentos conseguiu?

J.L.: Conseguimos também investimento na sede, em Linda-a-Velha, com um novo centro de serviços partilhados. Neste momento, em Linda-a-Velha, estamos a incorporar mais e mais pessoas para dar serviço de momento a Portugal, proximamente a Espanha, e no futuro a mais países. Então, acho que é uma óptima notícia que Portugal tenha sido escolhido como novo centro de serviços partilhados da Nestlé. 

swissinfo.ch: Em 2016, a Nestlé Portugal anunciou que ia contratar pessoas por uma alegada responsabilidade social da empresa. Quantas pessoas foram contratadas nessa fase?

J.L.: Na iniciativa “Alliance for YOUth”, tivemos um compromisso de em três anos criar mais de 500 oportunidades de trabalho e superámos esse número claramente. Fomos além dos 650, porque faz parte do nosso ADN contribuir para resolver os problemas mais importantes de um país, quando podemos contribuir. Acho que, como nesse momento, estávamos a ver que o país estava a ir na boa direção, considerámos que era já o momento de investir e acelerar e continuamos com esta ideia. Por isso, relançámos o projeto.

swissinfo.ch: Enquanto diretor-geral da Nestlé Portugal, como é que tem visto os resultados económicos do país e as políticas seguidas pelo governo de esquerda?

J.L.: Quando eu cheguei a Portugal havia pessimismo e muitas pessoas diziam que este governo não ia durar mais de seis meses. Eu acho que como todos os governos, há coisas que estão a fazer muito bem, e outras menos bem. É normal, mas, em geral, creio que conseguiram criar um ambiente mais optimista e de mais investimento. Ajudou muito o turismo e muitas outras coisas, mas acho que o país estava preparado para crescer. Faltava um bocadinho esse empurrão para estarmos convencidos de que estávamos preparados e considero que isso foi um bom trabalho quer do primeiro-ministro, quer do Presidente, quer, em geral, do governo. 

Considero que este é um grande momento da economia portuguesa, uma grande oportunidade. Há também muito trabalho de empreendedorismo, muitas startups. Conseguimos a Web Summit, que é uma prova também de que estamos a avançar muito bem. Como tal, eu fico bastante optimista quanto ao futuro de Portugal. Acho que vai continuar a crescer e nós queremos contribuir também para isso.

A Nestlé em Portugal

A Nestlé está desde 1923 em Portugal, com uma presença no mercado de alimentação em diversas áreas de negócio, como a nutrição infantil, os cafés torrados, as bebidas solúveis, os chocolates, os cereais de pequeno-almoço, a nutrição clínica, os gelados, bem como os alimentos para animais de companhia. 

A Nestlé Portugal teve em 2016 receitas totais de 480 milhões de euros, o que representa um crescimento orgânico de 4,7% em relação aos valores registados no ano anterior.

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