Perspectivas suíças em 10 idiomas

Quer um emprego na Suíça em uma empresa de ponta?

Turistas olhando as montanhas
Expatriados na Suíça têm uma renda média anual de 202 mil dólares, de acordo com o estudo do banco HSBC. Keystone

Os leitores de swissinfo.ch acessam o nosso conteúdo em dez idiomas, vindos de todas as partes do mundo. Não nos admira que uma de suas perguntas mais recorrentes seja: Como faço para arrumar um emprego na Suíça?

A nação dos Alpes é o lar de milhares de empresas multinacionais estrangeiras e suíças, muitas delas com oportunidades atraentes para o profissional global e multilíngue.

Perguntamos a algumas destas grandes empresas multinacionais do país, representativas de diferentes setores, o que elas procuram em um candidato. As respostas revelaram algumas tendências claras, porém também interessantes advertências.

Matchmaking 101

Ter nomes como o da Nestlé, Roche, Glencore, ABB ou LafargeHolcim em seu cartão de visitas pode parecer ótimo, mas não perca tempo se você não tiver as habilidades e conhecimentos necessários para o trabalho. Os gerentes de contratação de todas as cinco empresas destacaram, em primeiro lugar, a importância de atender aos requisitos técnicos de qualquer cargo. Estar em sincronia com os valores da empresa e o potencial de desenvolvimento veio em segundo lugar. As multinacionais querem contratar pessoas que cumpram sua missão e possam evoluir com elas.

“Aqui na Suíça, temos cerca de 14.000 funcionários com mais de 140 tipos diferentes de perfis de trabalho. Portanto, a variedade das qualidades profissionais e pessoais que estamos buscando é igualmente diversa”, diz Wiebke Bräuer, chefe de observação de talentos da Roche, empresa suíça líder no setor farmacêutico com sede em Basel. “De um modo geral, procuramos pessoas que compartilhem os valores da nossa empresa e que tenham potencial de desenvolvimento para futuros movimentos de progressão de carreira”.

Compreender o que uma empresa faz pode ser tão importante quanto estar em sintonia com o modo como ela faz. A ABB, multinacional sueco-suíça que opera nas áreas de robótica e tecnologia de automação, desenvolveu um elaborado modelo de competência baseado em valores que descreve os comportamentos buscados em todos os funcionários. Eles cobrem um espectro de características que vão desde a inovação e velocidade a qualidade e foco no cliente. Todo candidato a emprego é medido a partir desse protocolo.

Mundo disruptivo

“Como líder de tecnologia pioneira em um mundo cada vez mais disruptivo, também buscamos nos candidatos resiliência, espírito de parceria, agilidade e velocidade de aprendizado, capacidade de trabalhar com – através e em – mundos virtuais, além de uma mentalidade digital”, conta Prasad Swaminathan, chefe de talentos e aprendizado da ABB. A empresa tem 135.000 funcionários de 162 nacionalidades, em sua maioria trabalhadores de colarinho branco, se gabando de alcançar a marca de aproximadamente 270 fábricas em junho de 2018.

A ênfase no know-how digital também ficou evidente na LafargeHolcim, empresa global de materiais de construção e soluções, com uma força de trabalho de 81.960 funcionários em todo o mundo, incluindo cerca de 2.000 trabalhadores na Suíça. “Procuramos pessoas com integridade e uma mentalidade empreendedora, que sejam voltadas para resultados, colaborativas e com conhecimento digital”, diz Cláudio Nagib Calçada, chefe do grupo de gestão de talentos da companhia.

O bê-á-bá

O formato do seu currículo é menos importante que a sua clareza. Se você estiver se candidatando a uma posição de nível básico ou júnior, as empresas analisarão mais detalhadamente sua educação, diplomas e atividades extracurriculares. Para funções seniores, maior peso é atribuído à experiência de trabalho anterior, assim como às habilidades de gerenciamento e liderança. Ao fazer uma contratação internacional, a capacidade do candidato em se adaptar a uma nova cultura e atuar em um ambiente multicultural é levada em consideração, bem como o que ele traz para a empresa que não pode ser encontrado no mercado local de trabalho.

“A arte consiste em descrever e resumir sua carreira de uma forma que desperte a curiosidade do gerente de contratação em pegar o telefone e convidá-lo para uma primeira entrevista”, comenta Calçada.

Para impressionar seus chefes em potencial, é melhor ter um bom relacionamento com seus antigos empregadores, embora as empresas multinacionais deem um peso diferente às referências e cartas de recomendação. Na LafargeHolcim, ambas são consideradas importantes. A Roche se preocupa mais com a experiência, contudo pode exigir um “certificado de boa conduta” para determinadas posições. A Nestlé sistematicamente analisa cartas de referência nos últimos estágios do processo de recrutamento e raramente considera aplicações espontâneas. Não deixe que isso te impeça de tentar a sorte nas outras multinacionais, pois elas podem, no mínimo, manter o seu currículo no arquivo.

A entrevista: esteja preparado e seja você mesmo

Parabéns! Você conseguiu uma entrevista. Se você não estiver na Suíça, as chances são de que as primeiras rodadas sejam realizadas por telefone ou por Skype. Porém, a maioria das empresas multinacionais nivelarão seus candidatos geograficamente oferecendo a oportunidade de uma entrevista presencial no estágio final do processo de contratação. Um pequeno conselho? Esteja preparado e seja você mesmo. Há um consenso enfático sobre este ponto. Não se atrapalhe com a pergunta “o que você sabe sobre nós” e definitivamente aproveite a oportunidade para também fazer seus questionamentos.

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“Pode parecer lógico e simples, mas você ficará surpreso ao ver quantos candidatos não fazem isso corretamente”, diz Gerda Schwindt, chefe de recursos humanos da Glencore, empresa multinacional suíça de comércio e mineração com sede em Baar.

“Informe-se sobre quem somos e o que fazemos, e quando for questionado poderá dizer mais do que ‘a Glencore foi fundada em 1974 por Marc Rich’”.

Pontos fortes do estágio de aprendizagem suíço

A falta de preparo é uma característica que ela encontrou em indivíduos que trabalham em diversos setores nos estágios iniciais e mais avançados de suas carreiras. Em contraste, os jovens entre 15 e 16 anos que chegam à Glencore através do sistema suíço de aprendizagem geralmente se mostram muito bem preparados para as entrevistas, assim como os recém-formados que estão com sede de trabalho. A companhia não contrata vendedores de outras empresas, pois prefere treinar seus próprios funcionários.

Para especialistas, as causas para uma mudança na carreira são particularmente importantes, assim como a estabilidade em uma estrutura de empresa não hierárquica.

“Ao contrário dos serviços financeiros, você não pode simplesmente chegar ao topo na Glencore”, conta Schwindt. “Nossa estrutura organizacional é muito enxuta, realmente muito plana, então você deve dar valor na criação de um cargo junto a nossa empresa”.

Então, como você deve se preparar? Para os iniciantes, faça uma pesquisa completa sobre a empresa, tentando elucidar os pontos importantes do cargo oferecido e como você se encaixaria na companhia.

“Pesquise extensivamente a empresa e se prepare para usar esse conhecimento durante toda a entrevista, e não apenas como uma declaração automática”, enfatiza Calçada, da LafargeHolcim. “Aprenda a ouvir seu entrevistador e a si mesmo. Observe a linguagem corporal. Seja você mesmo”.

“Um conselho simples, mas útil, é ler cuidadosamente a descrição da vaga”, diz Inge Gratzer, gerente de relações públicas da Nestlé, que emprega mais de 10.000 pessoas na Suíça com mais de 100 nacionalidades diferentes. “É altamente recomendável se familiarizar com a empresa, seus valores e sua história”.

Swaminathan, da ABB, recomenda entender onde e como o cargo oferecido se encaixa na estratégia e estrutura da companhia: “Faça uma autoavaliação honesta tentando entender quais são os seus pontos favoráveis que o indicariam para a função”.

Conhecer diversos idiomas é uma obrigação, e a experiência internacional um ganho adicional

A habilidade linguística é essencial se você pretende trabalhar em uma empresa multinacional, assim como a experiência internacional. Como a língua Esperanto nunca decolou, a maioria das corporações multinacionais fez do inglês a sua língua operacional, principalmente em sedes internacionais.

Outras linguagens são valorizadas em relação à função e ao ambiente de trabalho.

Na Suíça, o francês e o alemão são considerados essenciais para funcionários que atuam em funções operacionais ou recursos humanos, mostrando prontidão a trabalhar com outras culturas.

“Isso é fundamental quando temos que contratar um candidato júnior ou sênior”, observa Schwindt, da Glencore. “Mesmo que uma pessoa esteja trabalhando localmente, ainda precisamos ter certeza de que ela tem uma mentalidade internacional e a tolerância para colaborar com outras culturas”.

Esta é outra área onde existe consenso. “Na maioria das vezes, as habilidades linguísticas são essenciais, enquanto a experiência internacional é mais dependente dos requisitos de cada posição”, aponta Gratzer, da Nestlé.

Já Swaminathan, da APP, aponta que possuir habilidades linguísticas facilita a colaboração internacional e oferece ao empregador a flexibilidade de intercâmbio de seus funcionários para novas áreas estratégicas, se assim for necessário.

Adaptação: Renata Bitar

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