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Mundial de hóquei foi um sucesso apesar das críticas

Gian Gilli, um secretário-geral satisfeito com o Campeonato Mundial de Hóquei na Suíça. Keystone

O Campeonato Mundial de hóquei no gelo terminou ontem com a vitória, na final, da Rússia sobre o Canadá (2 a 1).

Na entrevista a seguir, Gian Gilli, secretário-geral do comitê de organização, faz um balanço do evento e responde às críticas feitas durante as duas semanas do torneio.

Nos últimos dois anos, Gian Gilli não saiu de férias. Afinal, a organização de um grande evento como o Campeonato Mundial de hóquei no gelo exige dedicação total.

Na hora do balanço, esse suíço natural do cantão dos Grisões (leste), ex-diretor da Federação Suíça de Esqui, exprime sua satisfação com o evento, mesmo se as críticas não pouparam os organizadores.

swissinfo: Que balanço o senhor faz desse Mundial?

Gian Gilli: De maneira geral, o balanço é positivo. O jogo apresentado foi de grande qualidade. Os torcedores foram muito entusiastas, principalmente nos jogos da Suíça. Na imediações dos estádios, nas zonas dos fãs, o ambiente também foi bom.

Em matéria de organização, tudo funcionou bem, acho que fizemos um trabalho bom. Em nível de bilheteria, pouco mais de 300 mil ingressos foram vendidos. No entanto, devemos esperar ainda uma ou duas semanas para determinar se vamos cobrir todos os custos.

A eliminação precoce da Suíça prejudicou o torneio?

Claro que sim. O entusiasmo e o interesse popular são ligados ao sucesso da seleção nacional. Para os organizadores foi uma derrota. Perdeu-se em ambiente e a dinâmica do torneio com a eliminação da suíça antes das quartas-de-final.

Ao mesmo tempo desse Mundial ocorriam as finais nos USA (NHL) e as semifinais da Liga de Campeões de futebol. Além disso, fez bom tempo, o que não incita a ir aos estádios. É difícil vender o hóquei nessa época do ano?

Tivemos realmente muita concorrência. Na televisão, mas também em outros eventos que ocorreram ao mesmo tempo. Acontece que não podemos influenciar as datas do evento e, portanto, fizemos o melhor possível. Quase 800 milhões de telespectadores de 170 países puderam ter uma idéia de nosso país, de nossa qualidade de vida e das nossas infraestruturas. Acho que as consequências econômicas e em termos de imagem foram importantes.

A fórmula atual do Mundial, com pelo menos 56 jogos e disputado todo ano, não diminui o interesse?

A fórmula pode realmente ser discutível. Se fosse organizado de dois em dois anos, haveria uma maior exclusividade e, portanto, maior interesse e expectativa. Mas para a Federação Internacional o Mundial é uma forte de renda essencial. Esse dinheiro posteriormente é reinvestido em outras manifestações no mundo, especialmente para promover o hóquei entre os jovens.

Muitos torcedores, especialmente os letões, se queixaram do preço dos ingressos. Cinquenta francos para assistir um jogo em pé não é muito?

Eu compreendo essa preocupação. A situação econômica dos torcedores letões, combinada com um franco suíço forte, foi infelizmente a causa. Mas nosso orçamento dependia em mais de 90% da venda de ingressos. Para cobrir os custos, devíamos fixar um preço que, aliás, incluia o transporte público em toda a Suíça.

Houve muito ingresso à venda no mercado paralelo perto dos estádios, especialmente em Berna. Isso o preocupava?

Ficamos muito chateados com isso, mas não pudemos fazer nada. Nenhuma lei proibe essa prática na Suíça. Para os ingressos comprados e depois revendidos, isso não prejudicou a organização porque os montantes entraram em caixa. Em contrapartida, todas as cotas de ingressos atribuidas gratuitamente aos patrocinadores e que foram revendidas, essas nos prejudicaram.

René Fasel, presidente da Federação Internacional, criticou as infraestruturas, dizendo que por 105 milhões de reforma em Berna, ele poderia ter ficado melhor. O que o senhor responde?

Não cabe a mim responder a essas críticas. Quando a Federação Internacional nos atribuiu a organanização desse Mundial, ela sabia onde as partidas seriam realizadas. Foram feitos grandes esforços financeiros em Berna e Kloten para que os estádios e as pistas fossem dignas de um campeonato mundial. Acho que o resultado final foi bom.

A Suíça foi o último país a organizar um Mundial com lugares em pé. Pagar 50 francos para ver a nuca de quem está na frente não é caro demais?

O problema vinha das pessoas que entravam primeiro nos dois setores em que havia lugares em pé, em Berna, e se sentavam antes que a partida começasse. Daí a falta de lugar para os espectadores que estavam atrás. Mais tarde esse problema foi solucionado entre os próprios espectadores.

Brevemente haverá um outro Mundial na Suíça?

Acho que devemos esperar pelo menos 15 anos. A concorrência dos países do Leste é cada vez maior. Ademais, da próxima vez, será preciso construir um estádio maior, com mais lugares, para aumentar as receitas e pode cobrir os custos inerentes à organização de um tal evento na Suíça.

Samuel Jaberg, swissinfo.ch
(colaborou Justin Häne)

Em Zurique, O Mundial de hóquei no gelo foi o evento turístico principal deste ano, afirma Frank Bumann da Secretaria de Turismo.

Em número de espectadores, o Mundial de hóquei não pode ser comparado à Eurocopa de futebol disputada em junho de 2008, na Suíça e na Áustria. Mas com 56 jogos em duas semanas, o número total de visitantes foi bastante importante.

“Não temos estudos comparativos como os que foram feitos durante a Eurocopa 2008. O comitê de organização fala de 100 mil pernoites adicionais em Berna e Zurique”, afirma Frank Bumann.

Em Berna, epicentro desse Mundial, ainda não foi calculado o impacto da competição, mas Berna Turismo fala de numerosos pernoites adicionais devido a competição.

Durante a Eurocopa 2008, apenas três partidas foram disputadas em Berna, contra 32 para o Mundial de hóquei no gelo. A taxa de ocupação dos hotéis oscilou entre 90 e 95% durante duas semanas, em todas as categorias, ou seja, 20% a mais do habitualmente na mesma época do ano, segundo dados comunicados durante a primeira semana do torneio.

1. Rússia (campeã)
2. Canadá
3. Suécia
4. EUA
5. Finlândia
6. Rep. Tcheca
7. Letônia
8. Letônia
9. Suíça
10. Eslováquia
11. Noruega
12. França
13. Dinamarca
14. Áustria (rebaixa)
15. Alemanha (anfitriã do Mundial de 2010
16. Hungria (rebaixada)

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