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Mundo cheira a Givaudan (I)

Perfumes caros como o "Le mâle" de Jean Paul Gaultier saem dos laboratórios da Givaudan (foto: cortesia da empresa).

Multinacional suíça é o maior fabricante mundial de perfumes e aromas. Computadores coletam odores nos quatro cantos do globo para fazer a comida do futuro. Mercado movimenta 13,4 bilhões de dólares.

swissinfo visita laboratórios do novo centro de desenvolvimento de sabores e revela segredos de uma empresa avessa à publicidade.

Esses produtos são fáceis de encontrar: o consumidor entra em qualquer supermercado do mundo e eles estão em todas as prateleiras.

Para descobri-los é necessário ler com muita atenção as embalagens de letras miúdas das sopas em pó, refrigerantes, alimentos congelados, biscoitos, chocolates, café, xampu, perfumes, cremes de pele, desodorante, chiclete, bolos, iogurte, sucos de fruta, laticínios, sobremesas prontas, molhos, detergentes ou até mesmo a carne.

Nos rótulos coloridos, em meio à descrição indecifrável dos ingredientes, aparece essa palavra misteriosa, que na realidade é a fórmula mágica do paladar e odor dos produtos encontrados nos carrinhos de compra: “Aroma”. Esse é o principal produto da Givaudan. A multinacional suíça, desconhecida do público e avessa à imprensa, é o maior fabricante de perfumes e aromas no mundo.

Gigantes competem por mercado bilionário

Sua central está localizada em Vernier, um pequeno povoado próximo a Genebra. Com um faturamento anual de 2,1 bilhões de dólares e seis mil funcionários, Givaudan está presente através das suas fábricas, centros de pesquisa e pontos de vendas em 40 países. Os principais mercados são os Estados Unidos e Canadá (33% das vendas) e Europa (39%). Porém o futuro está nos países em desenvolvimento, onde o consumo de comida e cosméticos industrializados aumenta na mesma proporção que crescem suas megalópoles: Ásia (19% das vendas) e América Latina (9%).

A indústria de aromas e perfumes movimenta mundialmente 13,4 bilhões de dólares e cresce a mais de 3% ao ano. A Givaudan detém 16% desse bolo. Os concorrentes são outras multinacionais quase desconhecidas para o público não especializado: Firmenich (Suíça), International Flavours and Fragrances – IFF (EUA), Symrise (Alemanha) e Quest (Inglaterra).

Givaudan perfuma o mundo

Ao comprar os minúsculos frascos das exclusivas fragrâncias francesas, como são vendidos nos free-shops dos aeroportos, o consumidor acredita muitas vezes que o perfume preferido vem diretamente das casas Jean-Paul Gautier, Dior, Giorgio Armani, Lancome, Givenchy ou Hugo Boss.

Na realidade os perfumes caros são produzidos por um punhado de empresas altamente especializadas, como a Givaudan. Para criar suas fórmulas mágicas, a multinacional suíça ocupa 70 técnicos altamente especializados. Os chamados “perfumistas” trabalham nos laboratórios da empresa em Paris na criação dos perfumes vendidos pelas marcas mais prestigiadas do mundo.

São pessoas como a alemã Ursula Wandel, que se formam na própria escola de perfumaria da Givaudan. Lá elas aprendem durante três anos a identificar mais de três mil ingredientes que podem ser utilizados para construir uma fragrância. “Estamos observando constantemente o mercado e as novas tendências, para desenvolver os produtos que irão marcar época”, explica Wandel.

Devidos aos custos elevados na criação de novas fragrâncias, a maior parte da indústria cosmética delegou a pesquisa e produção para empresas como a Givaudan. “A Chanel é uma das poucas que ainda tem sua própria equipe de perfumadores”, revela o perfumista Jean-Jacques Rouge.

Computadores capturam odores

O trabalho de criar perfumes é muito mais complexo do que se imagina. Na Givaudan, os técnicos pesquisam a genética do olfato, a modelagem molecular dos perfumes e até a psicologia sensorial para explorar a percepção do odor.

Ela chegou mesmo a desenvolver um aparelho patenteado, chamado “ScentTrek”. O que parece ser uma maleta é, na realidade, um laboratório portátil que permite aos pesquisadores capturar essências exóticas e naturais em qualquer região do globo. Analisadas quimicamente, elas podem ser reconstituídas nos centros de pesquisas e utilizadas nos futuros perfumes de marca ou populares.

Os produtos desse setor, que representam 41% do faturamento da empresa, não são apenas fragrâncias. Das fábricas da Givaudan também saem os perfumes que são acrescentados às formulas de sabões, cremes, loções e xampus, detergentes caseiros ou até no famoso “bom-ar”, aquele aerossol que dá o “cheirinho” especial na casa.

Reportagem continua na segunda parte. Clique AQUILink externo acessá-la.

swissinfo, Alexander Thoele

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