Perspectivas suíças em 10 idiomas

Museu Olímpico: esporte e cultura

Museu Olímpico: local de encontro também entre esporte e arte (Foto: Museu Olímpico de Lausanne). Il Museo olimpico: luogo d'incontro anche tra sport e arte (foto Museo olimpico di Losanna)

Inaugurado em 1993, o Museu Olímpico de Lausanne ilustra a epopéia do esporte, as relações do mesmo com a cultura, a ciência e a política.

Uma fórmula de sucesso que seduz um público heterogêneo e internacional.

Mais de 4 milhões de pessoas acompanharam as transmissões televisivas das Olimpíadas realizadas em Atenas em 2004. Nem é preciso dizer então que o Museu Olímpico de Lausanne dispõe, em relação a qualquer museu, de um potencial de público enorme e sem fronteiras de pessoas interessadas e apaixonadas por esporte.

Não é por acaso que, com mais de 200 mil visitantes por ano, figure entre os museus suíços mais freqüentados. E, mais que todos, atrai uma multidão extremamente cosmopolita. Estrangeiros, originários de todos os continentes, mesmo da África e da Ásia, representam aproximadamente a metade dos visitantes.

“Acontece muitas vezes que aparecem até os campeões que escreveram as mais belas páginas dos Jogos Olímpicos”, observa Rachèle Caloz, responsável pelas exposições. “Por vezes, chegam também muitos anos depois para reviver a atmosfera das Olimpíadas. Divertem-se em rever os equipamentos ou roupas que doaram ao museu depois de terem conquistado uma medalha nos Jogos”.

Herança de Coubertin

Como as Olimpíadas da era moderna, o museu de Lausanne também deve muito ao pai espiritual dos Jogos e fundador do Movimento Olímpico, Pierre de Coubertin. Entre as mil idéias que teve e tantas outras iniciativas que concretizou, o barão francês já havia pensado no início do século XX em criar um museu para o esporte.

É isso pelo menos o que se conta em Lausanne, para onde Pierre de Coubertin transferiu, em 1915, a sede do Comitê Olímpico Internacional (COI), fugindo da Primeira Guerra Mundial. Para esse extraordinário personagem, o esporte era um trampolim ideal para promoção da educação, da cultura e mesmo da paz.

Desde então Lausanne se tornou a capital olímpica mundial e estava, portanto, predestinada a acolher a instituição. Entre as coleções do museu figuram ainda hoje dezenas de objetos deixados como herança pelo próprio Pierre de Coubertin, dignamente celebrado por uma exposição permanente.

A idéia do grande visionário do esporte foi lançada depois por Juan Antonio Samaranch, logo após sua eleição à presidência do COI, no início dos anos 80. O Museu Olímpico nasceu em 1993, num esplêndido parque com vista para o lago Léman (às vezes chamado também de lago de Genebra).

Esporte e cultura

“As Olimpíadas não constituem apenas o mais importante evento esportivo, como também um dos maiores fenômenos de sociedade de nosso tempo”, realça Rachèle Caloz. Fiel às idéias de Coubertin, o Museu tem como proposta conjugar esporte com cultura.

Uma tentativa considerada talvez impossível por aqueles que detestam o esporte e o opõem à cultura. Mas os Jogos Olímpicos, como se sabe, têm raízes na Grécia antiga.

As exposições permanentes percorrem, então, os traços das Olimpíadas: dos desnudos e altivos atletas gregos que nelas honravam os deuses, aos campeões de nossos dias que nem sempre honram os princípios de Pierre de Coubertin, opostos ao doping e ao dinheiro.

Assim, também diversos objetos procedentes do mundo grego de mais de 2000 anos contam a epopéia dos Jogos, juntamente com tecnologias multimídias modernas que apresentam enorme quantidade de textos, imagens e sons.

Esporte e política

As exposições voltam-se um instante para os recordes, os desempenhos excepcionais, os grandes desafios, as estatísticas. O aspecto mais popular do esporte que atingiu dimensões gigantescas em pouco mais de um século.

Nas primeiras Olimpíadas modernas de Atenas, em 1896, havia somente 9 disciplinas esportivas, 43 competições e 245 concorrentes, entre os quais nenhuma mulher. Em 2000, em Sydney, chegou-se a 28 disciplinas, 300 competições e 10.651 concorrentes, com participação de mais de 4.000 mulheres.

O esporte, que atinge homens e mulheres, tornou-se planetário. O Museu Olímpico procura restituir essa capacidade de sedução universal, a magia das competições olímpicas, seus mitos e suas tragédias.

Mas, ao mesmo tempo, não olvida sequer que o mesmo esporte está freqüentemente confinado pela política. A exposição relembra o punho fechado dos atletas negros na cidade do México em 1968, o massacre da delegação israelense em Munique em 1972, e o boicote dos Jogos de Moscou e de Los Angeles, em plena guerra fria.

Centro de estudos e de arte

“As pessoas idosas apreciam o Museu Olímpico, porque ali revivem recordações. Já os jovens nele descobrem coisas novas e também buscam objetos ou roupas utilizados por campeões que admiram, observa Rachèle Caloz. “É um museu para todas as classes sociais e para todas as faixas etárias”. Como aliá o quis Pierre de Coubertin…

Para satisfazer a todos os gostos – se possível também aos que continuam a detestar o esporte depois de uma primeira visita – o museu ampliou de maneira notável sua oferta nos últimos tempos.

Além das exposições permanentes sobre a história das Olimpíadas, são propostas regularmente 2 a 3 mostras temporárias sobre temáticas que incluem igualmente a ciência, a arte e a cultura.

O “templo do esporte” deseja ser igualmente um centro de estudos: o subsolo abriga uma biblioteca e uma videoteca, bem como importantes arquivos fotográficos e sonoros. É um serviço particularmente apreciado pelas escolas e pelos estudiosos.

O sucesso dessa fórmula que paira sobre cada setor parece garantido. Apenas dois anos depois de sua inauguração, o Museu Olímpico de Lausanne foi contemplado com o Prêmio Europeu do Museu do Ano, a maior distinção do gênero no continente.

Armando Mombelli, swissinfo

1993: abertura do Museu Olímpico de Lausanne.
1995: O museu recebe o Prêmio Europeu do Museu do Ano.
O museu recebe cerca de 200 mil visitas anuais. Em 2005 foram 190 mil.

Propostas principais do Museu Olímpico:

Exposições permanentes sobre a história do Movimento Olímpico, os Jogos estivais e hibernais, espaço Pierre de Coubertin.

Exposições temporárias sobre os temas de esporte, arte, cultura e ciência.

Sala de numismática, filatelia, espetáculos audiovisuais, biblioteca, videoteca, arquivo fotográfico e sonoro, centro de estudos, serviço pedagógico, etc.

Financiamento do museu: cerca da metade pelo Comitê Olímpico Internacional, um quarto pela Fundação Olímpica e um quarto pelo público.

De outubro a abril, o Museu permanece fechado às segundas-feiras.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR