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Nápoles espera o veredicto de Alinghi

O golfo de Bagnoli, perto de Nápoles, previsto para a competição. Keystone

Detentora da Copa América, a equipe suíça dirigida por Ernesto Bertarelli escolherá, dia 26, a cidade que sediará a edição 2007 da prestigiosa regata.

Quatro cidades ainda estão na disputa: Nápoles, Valência, Marselha e Lisboa. swissinfo visitou a região de Bagnoli, vizinha de Nápoles.

“Nápoles tem o mais belo golfo do mundo”, disse a swissinfo o vice-prefeito da cidade, Rocco Papa.

Os ventos são parecidos com os da baía de Alckland (red: onde Alinghi ganhou a Copa, em março) e nossa cidade precisa de um evento como esse para ser conhecida internacionalmente”.

Nápoles ainda crê poder organizar a mais antiga e prestigiosa regata do mundo, com ganhos estimados em 1 bilhão de euros e a criação de 12 a 15 mil empregos, pelo menos durante o ano da competição.

A antiga área industrial de Bagnoli, 200 hectares na beira do mar poderia tornar-se o teatro da 32a edição da Copa América, em 2007.

A beleza de Nápoles ninguém discute

O que deixa um pouco perplexo é o saneamento da grande área de Bagnoli. Durante quase 100 anos, o terreno foi ocupado por uma das mais importantes siderúgicas da Itália.

A zona industrial funcionou até o final dos anos 90 com fábricas como a suíça Eternit, que produzia elementos de construção com fibras de amianto.

“O terreno está contaminado com metais pesados e hidrocarburetos, afirma a professora Giulia Scherillo, da Universidade Federico II, de Nápoles. Além disso, a pólvora de amianto está espalhada para todo lado à volta da zona siderúrgica”.

O trabalho de saneamento do terreno já foi parcialmente feito, pelo menos superficialmente. Segundo o engenheiro Giovanni Capasso, da Bagnoli Futura (empresa pública encarregada do saneamento, “os metais pesados foram considerados inofensivos. Os resíduos de hidrocarburetos são facilmente eliminados através da remoção da terra contaminada”.

O problema é o tempo

Os 100 hectares destinados às instalações da Copa América devem ser saneados até o final de 2005 para permitir a construção da infra-estrutura necessária (porto, hotel, vila dos atletas, sala de imprensa etc.) à competição.

“De um ponto de vista científico não dispomos da experiência necessária ao saneamento de uma área industrial tão vasta”, afirma a professora Scherillo. Também não sabemos exatamente o tipo de contaminação nem a quantidade de material tóxico. Portanto, não podemos prever o tempo exato de saneamento”.

Para o vice-prefeito Rocco Papa, a solução está próxima. “Faz tempo que os melhores especialistas italianos estudam o problema e já elaboraram um conceito estratégico para tornar a zona absolutamente segura.”

A questão urbanística

Mas os problemas não acabam aí. Politicamente, a questão urbanística parece explosiva. Após dez anos de intensa polêmica, a cidade conseguiu dotar-se de um plano diretor.

Mas Alinghi pretende não somente obter a isenção fiscal mas poder administrar toda a organização de maneira autônoma. Os suíços querem, por exemplo, dobrar a capacidade prevista do porto para poder hospedar até mil barcos.

“Não somos contra a Copa América”, afirma o arquiteto Vincenzo Russo, do WWF, Fundo Mundial pela Natureza. Mas não podemos concordar com a transformação do plano inicial, que pretende criar em Bagnoli um parque natural e cultural para os napolitanos, em algo reservado às elites do turismo velejador. Nápoles, a região e o governo estão se vendendo a Bertarelli”.

A prefeitura desmente. “Bertarelli não fez pressão alguma”, afirma Rocco Papa. Não estamos nos vendendo, em absoluto. Trata-se simplesmente de uma contrato correto”.

O problema é que a extrema-esquerda e os verdes, que têm maioria junto com o centro-esquerda, ameaçam provacar uma crise política. Em suma, instituições e empresários napolitanos acreditam mas terão de esperar mais alguns dias para saber a resposta.

swissinfo, Paolo Bertossa, Nápoles
(tradução, Claudinê Gonçalves)

Sperfície: 200 hectares à beira do mar.
Investimento previsto: 300 milhões de euros.
Criação de 15 mil empregos.
Retorno previsto: 1 bilhão de euros.

– A candidatura de Nápoles é de toda a Itália, conforme acordo firmado em 13 de novembro entre o governo italiano, representantes da região e da prefeitura de Nápoles.

– Estão previstos investimentos nacionais, europeus e regionais no porto turístico de Bagnoli, na antiga área industrial de Italsider.

– Na área, deverão ser construidos albergues, estradas, ferrovia, porto e heliporto.

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