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Natal em Cabul, Cartum e Cuba

O presépio da família Berthoud em Havana, capital de Cuba. Olivier Berthoud, Kuba

Na Suíça é época de natal e de festas. Porém nem todos os cidadãos do país dos Alpes podem passar esse momento especial com suas famílias. swissinfo entrevista alguns dos suíços no exterior.

Natal em Cabul, Cartum e Cuba: três especialistas em ajuda ao desenvolvimento contam como eles comemoram.

Mais de 600 mil suíços vivem no exterior. A grande maioria está concentrada nos países vizinhos europeus. Outros vivem em continentes distantes e alguns nem dominam mais os idiomas falados no país como o alemão, francês, italiano ou o reto-romano.

Porém existem suíços que são enviados para fora do país dos Alpes, como é o caso de 150 técnicos do Departamento de Desenvolvimento e Cooperação (DEZA, na sigla em alemão).

Para saber o que eles sentem quando se aproxima o natal, swissinfo resolveu entrevistar três deles.

Cartum, capital do Sudão

Claudia Rizzo, coordenadora humanitária do DEZA, vive há pouco mais de dois meses em Cartum, a capital do Sudão.

Para ela não há nada mais surreal do que a palavra “Natal”. “Essa época me faz lembrar do frio, da neve, da família, do pinheiro decorado e dos presentes”. A suíça vive agora numa das cidades mais quentes do planeta, repleta de palmeiras e cercada por desertos.

O que Claudia Rizzo mais gosta nesse período é o sentimento de união familiar. Por essa razão, ela decidiu unir seus “parentes” locais: outros especialistas suíços que estão trabalhando no Sudão, assim como algum amigos recém-conquistados.

Também uma árvore de natal não deve faltar. A funcionária do DEZA decorou uma palmeira localizada na frente da sua casa com luzes e bolas.

Havana, capital de Cuba

Olivier Berthoud, um suíço que já atua há muitos anos como coordenador do DEZA em Cuba, passa o natal com sua esposa e as duas filhas, Sofia e Naya. Presentes ele só dá aos filhos.

A casa da família é decorada por um presépio feito com as próprias mãos. O estábulo é de cubos de montar e o teto de conchas, que as crianças recolheram na praia.

A árvore de natal é uma palmeira, uma planta que cresce por toda a ilha, dando sombra aos seus moradores nos dias de calor no verão.

Em cada loja, que aceita dólar como moeda de pagamento, é possível também comprar árvores de natal de plástico importadas da China. Porém o suíço Olivier Berthoud não gosta desse tipo de produto.

“Nós sempre usamos uma palmeira, pois o mais importante é o símbolo. Nesse caso a natureza local é mais do que ideal”.

Apenas os vizinhos cubanos não entendem porque os europeus evitam comprar as decorações de natal importadas com suas lâmpadas e cores artificiais.

Cabul, capital do Afeganistão

Para Paul Rüegg, desde maio vice-coordenador do DEZA na capital do Afeganistão, o natal não tem a menor importância.

“Quando estou na Suíça tenho o costume de visitar dois mercados de natal: um deles é num restaurante alemão e o outro é feito por uma organização humanitária”.

Porém em Cabul, uma cidade profundamente islâmica, não existe a atmosfera familiar do inverno europeu. Dos três milhões de habitantes, apenas 12 mil são estrangeiros.

Quem tem dinheiro pode comprar qualquer coisa. Porém esse é o privilégio de uma pequena minoria.

Ceia de natal

Claudia Rizzo planejou preparar um fondue na sua casa em Cartum. Ela espera poder encontrar queijo suficiente e algum pequeno “estimulante”.

“Para acompanhar um bom fondue não basta apenas servir chá quente, mas também um pouco de vinho suíço”.

Já no caso de Cuba, a penúria permanente vivida pelos cubanos nos mercados públicos chega a ser uma vantagem para Olivier Berthoud. “O estresse de consumo é algo que os habitantes desse país não conhecem, ao contrário da Suíça”.

Até 1998, natal em Cuba não era considerado dia feriado. Dessa forma um pouco da tradição acabou se perdendo para a população. O que continua forte são os ritos afro-cubanos: – “O prato típico nessa época é leitão assado, que tem um sabor maravilhoso”.

Paul Rüegg em Cabul recebeu um convite do chefe para cear. “A maior parte dos estrangeiros no Afeganistão costuma se reunir nessa época para conversar e saborear um peru assado”.

Não haverá neve no natal

É óbvio que não haverá neve no natal de muitos suíços no exterior, como explica Olivier Berthoud de Havana. Porém mesmo no país dos Alpes é cada vez mais raro ter um final de ano em branco.

“Em cuba a temperatura é ideal no mês de dezembro: não é nem muito quente, nem muito frio”.

Também para Claudia Rizzo o natal está associado com a neve. Por isso ela se sente um pouco estranha na sua nova moradia: – “O Sudão é um país muçulmano; há poucas semanas a festa islâmica do Ramadan terminou com uma festa de três dias nas famílias”.

À dois mil metros de altura acima do mar, em Cabul, ainda não caiu muita neve. “A única coisa que vi até agora são alguns pontos cobertos nas montanhas que cercam a cidade”.

A vida no Afeganistão, um país que há pouco tempo está em paz depois de décadas de guerra e destruição, é muito precária, como explica Paul Rüegg. Também a adaptação de um europeu nessa cultura estranha não é muito fácil.

“Porém agora estou mais aliviado, pois sei que irei passar o reveillon na Suíça”, se alegra o expert suíço.

swissinfo, Gaby Ochsenbein
traduzido por Alexander Thoele

500 funcionários trabalham para o DEZA.
150 estão no exterior.
Em 2003, o orçamento anual do órgão foi de 1,2 bilhões de francos suíços.
A principal função do DEZA é cooperação internacional para o desenvolvimento e ajuda humanitária.
Outro setor envolve projetos na Europa do leste.

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