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Nestlé completa dez anos de crescimento ininterrupto

Peter Brabeck-Letmathe, CEO da Nestlé, tem razões para estar contente. Keystone Archive

A maior das multinacionais suíças cresceu 4,5% no ano passado, em média mundial, completando uma década de crescimento.

Todo o lucro líquido do ano passado (6,7 bilhões de francos suíços) será pago em dividendos aos acionistas. Na sede mundial em Vevey, a Nestlé anunciou ainda sua adesão ao Protocolo de Kioto.

“Nestlé demonstrou que um crescimento forte e com maior rentabilidade eram possíveis, mesmo em circunstâncias difíceis”.

A afirmação foi do vice-presidente e administrador da Nestlé, Peter Brabeck-Letmarthe, na abertura da coletiva à imprensa, quinta-feira, na sede mundial da Nestlé, em Vevey, oeste da Suíça.

Maior crescimento

Quinta-feira, o líder mundial do setor alimentício apresentou o balanço definitivo de 2004. O faturamento global foi de 86,79 bilhões de francos suíços e o lucro líquido de 6,717 bilhões, que será totalmente pago em dividendos aos acionistas, à razão de 8 francos suíços por ação (+11%).

Em 2005, o objetivo é crescer entre 5 e 6%. Questionado sobre o objetivo de crescer sempre por um jornalista chinês (que disse que em mandarim o nome Brabeck significa “o que faz tudo”) ele lembrou o princípio de que “se pára de crescer a empresa morre”.

Por zonas geográficas, a Nestlé recuou na Europa (-0,4%), principalmente na França e na Alemanha. Na zona Américas, o crescimento foi de 7,7%.

Na América Latina (+10,7%), o México é citado com “desempenho notável” e o Brasil voltou a ter “desempenho normal, graças ao melhor clima econômico”, de 6 a 7%, segundo Paul Bulcke, diretor-geral para Américas e Caribe.

Na geografia da Nestlé, a zona Ásia, Oceania e África foi a segunda de maior crescimento no ano passado (6,9%), depois da zona Américas.

Por categoria de produtos, o maior crescimento foi no setor farmeceutico (+10,4%) seguido pelo de alimentação animal (+6,2%). A categoria de maior rentabilidade é a de bebidas, com crescimento de 2,5% mas rentabilidade de 17,7%.

A questão da Garoto

No Brasil, um dos produtos que mais venderam no ano passado foram os chocolates. Paul Bulcke afirma que boa parte desse resultado provém da “Garoto”, no Espírito Santo. A aquisição da Garoto pela Nestlé ainda está em litígio no Cade, a instância que regulamenta a concorrência no Brasil.

“A Garoto é importante para nós, por isso estamos lutando por ela”, afirma Bulcke.

A estratégia da água

A comercialização da água há anos tornou-se um setor estratégico para a Nestlé, que criou inclusive uma diretoria denominada Nestlé Waters, que já representa 10% do faturamento do grupo, algo como 6 bilhões de dólares.

Em 2004, o faturamento na Europa caiu (-8,4%) devido às condições climáticas. O consumo foi diminuiu porque 2003 havia sido um ano excepcionalmente quente. Nos USA houve uma guerra de preços mas o aumeto das vendas ainda permitiu um crescimento de 9,7%.

No Brasil, China, Egito e Argentina, houve um crescimento a dois dígitos. “No Brasil, nosso principal problema é o a distribuição”, afirma Frits Van Dijk, que está trocando a diretoria de águas para dirigir a região Ásia, Oceania, África e Oriente Médio.

Depois de vários problemas em São Lourenço-MG, a Nestlé lançou a água Aquarel (produzida em Niterói). “Permanecemos no Brasil e estamos abertos a novos negócios”, afirma Van Dijk.

Reduzir os gases poluentes

Como os dados “macroeconômicos” (crescimento, lucro, dividendos, confirmação da estratégia etc) estão se tornando corriqueiros, a novidade é o anúncio tardio de uma adesão da multinacional ao Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor dia 16 de fevereiro.

Os países industrializados, com excessão dos Estados Unidos, se comprometem a reduzir suas emissões de gases nocivos de 5 a 6% em relação aos níveis de 1990.

Peter Brabeck-Lemarthe explicou que, em 1998, as 600 fábricas da Nestlé emitiam 33, 3 mil toneladas de CO2 por ano. Segundo o grande patrão da Nestlé, 30 fábricas já atingiram esse objetivo e esse critério será aplicado na modernização de outras unidades de produção.

Questionado se a Nestlé fará o mesmo nos USA, Brabeck respondeu que “isso não depende dos países terem ou não assinado o Protocolo de Kyoto e que a Nestlé fará a sua parte”.

Colaboração com a Politécnica de Lausanne

Mas quem determinou o volume de emissões poluentes da Nestlé e quem vai controlar o objetivo de vender cotas de ar puro até 2008, declarado por Brabeck?

Werner Bauer, diretor-geral de Técnica, Produção, Meio Ambiente, Pesquisa e Desenvolvimento explicou a swissinfo que o projeto começou anos atrás com o objetivo de diminuir o consumo de energia nas fábricas da Nestlé, para reduzir custos.

O método foi desenvolvido pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (EFPL) e assim foi determinado o volume de emissões das fábricas da Nestlé, segundo Bauer.

“Temos um responsável dessa área em cada país em que a Nestlé está presente e o método será adotado progressivamente em todas as fábricas, mas o controle será feito pelas instâncias reguladoras de cada país”, conclui Werner Bauer.

swissinfo, Claudinê Gonçalves, em Vevey

Fundado em 1866, Nestlé é líder mundial do setor alimentar
Maior empresa industrial suíça.
A sede geral é em Vevey, onde foi fundado.
Tem quase 600 fábricas e emprega mais de 250 mil pessoas no mundo todo.

Nestlé em 2004:

– Faturamento de + 4,5%, bem maior que outros setores industriais

– Lucro bruto de 12,6% do faturamento, recorde histórico do grupo.

– Lucro líquido de 6,7 bilhões de francos suíços (+8,1%).

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