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Nokia é um sucesso à finlandesa

Em 1865, quando decidiu dar a seu moinho de papel o nome do rio que o fazia girar, Frederik Idestam jamais imaginou que um dia esse nome daria a volta ao mundo.

Hoje, dez anos depois de apostar tudo no telefone celular, Nokia enfrenta um novo desafio.

Construída numa ilha, a uma dezena de quilômetros do centro da capital, a Nokia House é certamente uma das realizações arquitetônicas mais elegantes de Helsínqui.

Os dois losangos de vidro, terminados em 1997, foram ampliados com uma estrutura ainda mais audaciosa que dá ao conjunto um aspecto de um palácio, todo transparente.

Aos colaboradores da sede mundial do grupo ele proporciona espaços de trabalho, de distensão e de convivência dignos da imagem da marca.

Na empresa Nokia, mais de 30% dos empregados trabalham em pesquisa e desenvolvimento. Nela, o estilo de gerenciamento à finlandesa favorece a iniciativa individual.

Sem que sejam obrigados, os quadros da empresa são vivamente incentivados a mudarem regularmente de departamento, para evitar o perigo de cair na rotina.

O setor da telefonia móvel evolui tão rapidamente que toda nova idéia deve ser analisada sem demora, antes que brote nos laboratórios da concorrência.

Conquistar os mercados do Sul

“No início dos anos 1990, publicamos uma estimativa sobre a evolução do mercado do celular até o fim da década”, lembra-se um dos responsáveis pela relações públicas de Nokia

“Pensávamos, na época, vender cerca de 45 milhões de unidades até o ano 2000, prossegue Tapani Kashinen. Os analistas e as mídias riam na nossa cara. E hoje, já conseguimos vender 275 milhões de telefones portáteis”.

Mas o grupo está bem consciente de que terminou a idade de ouro em que dobrava suas vendas anualmente.

Nos países industrializados, o mercado chega à saturação. E, para a maioria dos consumidores do Sul, o telefone celular continua sendo um luxo.

Por este motivo, os estrategistas de Nokia criaram uma linha de modelos chamados início de gama.

“Oferecendo apenas as funções básicas (telefone e SMS), esses modelos serão vendidos a preços acessíveis nos mercados emergentes”, explica o diretor de marketing para o novo produto.

Juha Pinomaa não explica, porém, o que ele entende por “preços acessíveis”.

“Há, atualmente, 1.2 bilhões de usuários de celular no mundo, confia Pinomaa. Estimamos que podemos chegar a 2 bilhões até 2008”.

A terceira geração já chegou

Nokia não conta, porém, unicamente com o Sul para continuar a crescer.

Em fevereiro de 1999, o grupo anunciava ter realizado a primeira chamada numa rede UMTS, o padrão da terceira geração.

« Essa tecnologia não vai aniquilar o GSM tradicional, garante Jarmo Leivo, chefe de marketing para as redes WCDMA (sistema de radiocomunicação de 3ª. geração). Aliás, já fabricamos telefones compatíveis com os dois padrões.

No momento, 1.4 milhões de pessoas no mundo assinam telefones da rede da terceira geração. Nokia já avaliou as perspectivas de crescimento desse novo mercado. Mas, desta vez, desistiu de divulgá-las.

É preciso ver agora quem terá meios de comprar essas máquinas de sonho, capazes de rivalizar com um PC pela velocidade de transmissão de dados multimídia.

Em todo caso, na Finlândia, os consumidores vão pagá-las caro. No país, a lei proíbe aos operadores qualquer abatimento de preços para os celulares quando o comprador faz uma assinatura.

Mas o mercado finlandês não representa, porém, mais que 1.4% das vendas do gigante Nokia.

swissinfo, Marc-André Miserez, de regresso da Finlândia.

– Indústria de madeira e de papel inicialmente, Nokia diversificou-se no século XX entrando no mercado da borracha (botas e pneus), dos tubos metálicos e cabos.

– A eletrônica aparece apenas nos anos 1960, com o lançamento de um modelo de televisores.

– A virada para o telefone móvel data do fim dos anos 1980. Depois da aplicação de um padrão único para os países escandinavos, a primeira norma GSM (futura norma universal) deslancha na Finlândia.

– A facilidade de uso, o design, o aspecto « fun » dos celulares da marca seduziram de imediato o público jovem.

– Hoje, Nokia emprega 52.000 pessoas (21.000 na Finlândia, 12.000 no resto da Europa, 10.000 nas Américas e 9.000 na zona Ásia-Pacífico.

– Em 2002, Nokia faturou 45 bilhões de francos suíços e lucrou 5.3 bilhões de francos.

– Nas vendas de Nokia, os telefones celulares representam quatro quintos e as redes de telefonia móvel um quinto.

– Nokia faz parte das cinco marcas mais conhecidas no mundo e detém 36% do mercado planetário do telefone móvel (celular), bem na frente da empresa norte-americana Motorola (17%), a coreana Samsung (10%), a alemã Siemens (8.5%) e a nipo-sueca Sony-Ericsson (5%).

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