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Novas medidas para tornar o esqui mais seguro

Helicópteros de salvamento do Rega têm muito trabalho nessa época do ano. Keystone

Snowboarder soterrados na neve, esquiadores feridos depois de choques na pista e alpinistas morrem depois de queda: a lista dos perigos é infinita.

Anualmente 100 mil suíços e estrangeiros se acidentam ao praticar esportes nos Alpes. As autoridades querem agora diminuir as estatísticas.

Situação comum na Suíça durante o inverno: um snowboarder de 24 anos sai da área de pistas marcadas de esqui com sua prancha para tentar manobras arriscadas em outros locais e termina provocando uma avalanche.

As equipes de salvamento chegam em dois helicópteros e necessitam mais de uma hora para retirar o jovem que está embaixo de toneladas de neve. Os médicos só podem diagnosticar sua morte. Essa história ocorreu em 29 de janeiro de 2006.

Nem mesmo a swissinfo escapa do problema. Há um ano Jugurtha Aït-Ahmed, chefe da redação francesa, estava parado no pé de uma montanha durante suas férias de inverno, quando um esquiador que descia a toda velocidade na pista chocou-se com ele. O golpe foi tão violento, que o jornalista ficou vários meses hospitalizado e até hoje necessita fazer terapia.

Medidas de segurança

Nas férias de inverno, as montanhas suíças lotam de esquiadores vindos de todas as partes do mundo. Longes das pistas, as camas dos hospitais das regiões turísticas também começam a ser ocupadas: porém nesse caso, de turistas acidentados.

A maior parte dos ferimentos é provocada por quedas de mau jeito, colisões nas pistas com outros esquiadores ou mesmo árvores. Nos casos mais graves, as pessoas foram soterradas por neve durante avalanches, um fenômeno muito mais comum nas montanhas do que o turista comum imagina.

Preocupadas com os números elevados de acidentes, as autoridades suíças resolveram reagir. No final do ano passado elas anunciaram novas medidas de segurança para o turismo esportivo nas montanhas, além de começar uma campanha de informação interna e na Alemanha, Itália e Grã-Bretanha, países de onde vem grande parte dos turistas. O ponto forte dela é ressaltar o comportamento seguro nas pistas.

Um exemplo está em Grindelwald, no cantão de Berna. Desde o início do ano, os esquiadores não podem correr mais rápido do que 30km/h. Manter esse limite não é fácil, sobretudo para os jovens que se deliciam com a liberdade proporcionada pelos 120 quilômetros de pistas oferecidas nessa conhecida região turística no centro da Suíça.

Outra medida é criação e treinamento de unidades de patrulhas de pista, que não apenas controlam os limites de velocidade, mas também alertam os esquiadores mais afoitos para fazer atenção às regras de seguranças. Contrariamente o que dizem as reportagens, essas patrulhas não podem penalizar os snowborders ou esquiadores. Sua principal função é educar o turista.

Multas

– Não estamos autorizados e aparelhados para multar. Porém acreditamos que as melhor medida para melhorar a segurança nas pistas é apelar ao espírito de responsabilidade de cada um. Afinal, ninguém quer ter um monte de regras num lugar onde as pessoas vêm para se divertir – afirma Peter Wenger, operador nos teleféricos de Grindelwald.

Há alguns anos, as multas nos Alpes suíços eram comuns para “corredores” de pistas. Funcionários empregados pelos cantões tinham o direito de penalizar financeiramente os esquiadores que não respeitavam sinalização ou regras de segurança, como entrar nas áreas de reserva natural ou não marcadas para o esporte. Depois essa prática foi esquecida pela falta de uniformização das regras aplicadas nos diferentes centros turísticos do país

Recentemente a Associação Suíça de Teleféricos (AST) decidiu colocar o tema mais uma vez em discussão. Sua primeira sugestão é que equipes sejam treinadas para controlar a segurança nas montanhas e advertir turistas quando necessário.

– Na próxima temporada vamos introduzir unidades de patrulha em todas as nossas unidades – afirma Felix Maurhofer, porta-voz do grupo.

Regras de conduta

A campanha de segurança inclui também a instalação de cartazes informativos contendo as regras de segurança sugeridas pela Federação Internacional de Esqui. Em três anos todas as estações de esqui devem estar aparelhadas com as placas.

Paralelamente às campanhas, também as companhias de seguro suíças como a Suva começaram a oferecer cursos de segurança de duas horas (ver o vídeo) em vários pontos turísticos. O principal objetivo é diminuir o número de acidentes e de custos para as companhias.

Para Magali Dubois, do Centro Suíço de Prevenção de Acidentes (BFU, na sigla em alemão), existem outras razões para os números elevados de acidentes. Uma delas são os anos com grande número de feriados e tempo bom, fatores que fazem encher as pistas. Quanto mais esquiadores, maior o risco. Por isso a organização recomenda o uso de equipamentos de segurança como capacetes.

Muitos suíços já estão se convencendo da importância de se proteger. A venda de capacetes aumentou 28% entre 2003 e 2005, segundo representantes do comércio local.

swissinfo, Dale Bechtel

Acidentes nas montanhas suíças em 2003, segundo o Centro Suíço de Prevenção de Acidentes:
49.660 esquiadores
28.890 snowboarders
Um terço de todos os acidentes provocados pela prática de esporte na Suíça ocorre nesse grupo de praticantes.

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