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Novos horizontes de negócios com o Brasil

Suíça importa produtos agrícolas brasileiros. Keystone

Estreitar os laços comerciais com o país sulamericano é uma das prioridades fixadas pelo Ministério da Economia para 2007.

Com 188 milhões de habitantes e crescente demanda de produtos químicos e farmacêuticos, esta é uma chave para uma nova relação.

O futuro econômico da Suíça está fora de suas fronteiras. Esta é uma realidade para o governo, empresas e consumidores em geral.

No entanto, mesmo poderoso, o setor exportador helvético está muito concentrado em apenas dois mercados, aos quais vende 80% do que exporta.

A União Européia (UE), absorve 65%, num total de 100 bilhões de francos por ano, e a América do Norte (Canadá e Estados Unidos) ficam com outros 15%, equivalente a 20 bilhões de francos anuais.

Parece evidente, portanto, a necessidade de diversificação dos negócios. Será o caso a partir de 2007, em que a prioridade e abrir outros horizontes. Foi o que disse a ministra da Economia, Doris Leuthard dias atrás (08.01) ao anunciar que o principal objetivo do comércio exterior este ano é estreitar laços com o chamado “BRIC”.

Trata-se de um grupo de gigantes econômicos emergentes constituído por Brasil, Rússia, Índia e China, que concentram atualmente 40% da população mundial, o poderá dar-lhes o privilégio de pautar a economia mundial durante o século XXI.

Por que o Brasil desperta um interesse especial da Suíça?

Relações Brasil-Suíça

Olhando as cifras, o Brasil ainda tem muito pouca presença para os suíços. Concretamente, em 2006 as empresas suíças importaram do Brasil um total de 650 milhões de francos suíços e exportaram 1,2 bilhão.

Quer dizer, grosso modo, o Brasil significa menos de 1% das esportações suíças e essa a razão para encontrar novos clientes brasileiros.

O que a Suíça mais vende ao Brasil são produtos químicos (35% das exportações), máquinas (24%), produtos farmacêuticos (20%) e o restante em produtos diversos.

Quanto às importações, a Suíça compra frutas e legumes (52%), alumínio (21%), produtos químicos (8%) veículos (6%) e produtos diversos.

Do lado dos investimentos, embora as contas de 2006 ainda não estejam fechadas, a Suíça terá investido cerca de 4,8 bilhões de francos no Brasil através de filiais de empresas como Nestlé, Novartis, Roche, ABB, Holcim e os bancos. Essas e outras empresas suíças no Brasil empregam quase 90 mil pessoas, o que coloca a Suíça – segundo dados do Banco Central do Brasil – entre o cinco principais investidores estrangeiros, depois da Holanda, Estados Unidos, Espanha e Alemanha.

Negocios “verdes”

As relações econômicas entre a Suíça e o Brasil também tem outras vertentes. Atualmente estão em fase de elaboração acordos tarifários preferenciais (como a Suíça tem feito com outros países para facilitar o comércio exterior); é o caso do Centro de Produção de Limpeza, iniciado em 2000 em São Paulo e financiado pela SECO< (Secretaria Federal de Economia). São 180 milhões de francos para promover negócios ecológicos.

No mesmo setor, a Suíça subvencionou durante dois anos (2003 d 2004), também através da SECO, o Instituto Brasileiro de Educação em Negócios Sustentáveis (IBENS) para pesquisa, desenvolvimento e assessoria de empresas.

A Suíça também financia parcialmente, dede 2003, o programa “Bio Trade” (2,5 milhões de francos), dedicado a proteger a biodiversidade e multiplicar a exploração de madeira sem dano ao meio ambiente.

O governo suíço financiou também em 2005 e 2006 projetos ligados ao desenvolvimento de nanotcnologia, produtos médicos e tecnologias de preservação do meio ambiente.

A realidade brasileira

Por que apostar no Brasil agora? Atualmente, junto com México e Argentina, é uma das economias mais potentes da América Latina.

Com um mercado de 188 milhões de habitantes, prevê-se que a economia deverá crescer a uma taxa de 5% nos próximos cinco anos, conforme estimativas do governo brasileiro, com as quais muitos analistas econômicos concordam.

Nos últimos cinco anos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 3%, segundo dados do Centro de Estudos Latinoamericanos (CESLA). Parece “dinâmico” para o Velho Continente mas é insuficiente para uma região de população jovem que precisa de oportunidades.

O Brasil precisa de novos negócios, capitais e produtos que favoreçam seu desenvolvimento. A Suíça é complementar em vários setores.

A produção de soja cresce no Brasil e o consumo está em alta na Suíça. Outros requisitos do Brasil são a produção de ferro, as montadoras de automóveis, aviões e petróleo.

Em contrapartida, o Brasil tende a comprar cada vez mais componentes eletrônicos, além dos tradicionais produtos químicos e farmacêuticos.

O Brasil e o BRIC

O interesse que o Brasil desperta hoje para os helvéticos deve ser pensado dentro do brupo de economias emergentes BRIC.

A China lidera em atratividade, com uma taxa de crescimento anual médio de 8%, seguida pela Índia e pela Rússia, ambas com 6%; depois vem o Brasil com média de 3% nos últimos anos.

As exportações suíças para esses quatro países representam 5% das vendas das empresas suíças. É uma taxa ainda baixa mas avança com dinamismo pois cresceu 67% desde 1995.

O reverso da medalha é que as importações suíças desses quatro países totalizam apenas 3,3% do total de importações, segundo dados da SECO para 2006. Em 1995, as importações eram d 2,4%.

Para passar da teoria à prática, a ministra Doris Leuthard prevê viagens de promoção econômica à China e ao Brasil, em 2007. Ela fixou objetivos ambiciosos para que o comércio com esses dois países cresça pelo menos 20% nos próximos três anos.

swissinfo, Andrea Ornelas

No ano passado, o Brasil decidiu pagar por antecipação uma dívida equivalente a 49 milhões de francos suíços, incluída na dívida que tinha com o Clube de Paris.

Suíça e Brasil têm um Acordo para Promoção e Proteção de Investimentos
(1994), uma Declaração de Intenções para um Acordo de Dupla Imposição (1995), uma Declaração de Cooperação Econômica (2002).

O PIB por habitante no Brasil é de 3.284 dólares, oito vezes menor do que na Suíça.
A expectativa de vida dos brasileiros é de 70,5 anos, uma década a menos do a dos suíços.
No Brasil, para abrir uma empresa, são necessários 155 dias, segundo a OCDE, organização de Desenvolvimento e Cooperação Econômica.

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