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O boom do vinho português

Um dos estandes de Portugal, convidado de honra. swissinfo.ch

Portugal foi convidado de honra do 9° Salão Arvinis, o maior da Suíça, que reuniu 130 expositores de vinho do mundo inteiro, em Morges, perto de Lausanne.

Especialistas do ramo tiveram ocasião de promover vinhos portugueses que já competem com os melhores do mundo.

Se se pedir a um europeu para citar um vinho português, quase inevitavelmente a resposta é Porto. Alguns conhecem ainda o Madeira, porque é ingrediente de cozinha, e, talvez, ouviram falar de vinho verde.

Na mostra de Morges, os visitantes puderam descobrir através dos 14 principais importadores na Suíça, toda a variedade de vinhos de mesa portugueses, em particular os de melhor qualidade.

Salto de qualidade

“Arvinis – realizada neste ano de 21 a 26 de abril – é no setor uma das feiras importantes da Europa”, comenta Gonçalo Homem de Melo, diretor na Suíça do ICEP – organismo responsável pela promoção de produtos portugueses e de turismo. “Arvinis é uma plataforma para conhecer nossos vinhos”, diz ele.

Quem se tem interessado pelo vinho português deve ter verificado que houve um salto de qualidade do produto nos últimos vinte anos. Ele ganhou “em qualidade, em caráter e sofisticação”, para não falar em volume, porque os produtores descobriram que podem competir no mercado externo.

Na Suíça, toda cidade que se respeite tem uma loja de especialidades portuguesas – onde não faltam vinhos – que tem uma clientela fixa: os mais de 100 mil portugueses residentes no país.

Mas o número de estrangeiros curiosos pelo produto tem aumentado progressivamente, porque descobrem um produto interessante e, em geral, ainda de preço mais acessível que os concorrentes do mesmo nível.

Evolução

(Não se nega, porém, que os vinhos de gama superior já não levam vantagem de preço. Na mostra havia garrafas de vinho tinto de 75 dólares, por exemplo).

Para o representante do ICEP na Suíça, a melhora de qualidade tem uma explicação, simples: “Houve uma enorme evolução no setor, um avanço tecnológico desde meados dos anos 80 até agora”, afirma.

Tudo seria resultado de muita trabalho, de dedicação e de qualificação do pessoal do setor: “Os principais enólogos em Portugal têm experiência internacional e sabem realizar misturas inteligentes e equilibradas de castas”, lembra Homem de Melo.

Potencial enorme

Essas mesclas, observa, são feitas de castas portuguesas e de variedades locais mais conhecidas, como Touriga Nacional, com castas mais comuns, como Cabernet Sauvignon.

A propósito, Portugal é o país que tem o maior número de castas do mundo. O potencial no setor seria, portanto, enorme…

O know-how estrangeiro também influencia na qualidade e na expansão crescente do vinho português nos mercados mundiais. A Casa Rotschild (da França), por exemplo, efetuou compra de produção e propriedades no Alentejo, alterando mecanismos de produção.

A esse respeito Gonçalo Homem de Melo constata que investimentos estrangeiros e a troca de experiências entre portugueses resultam, de fato, em “melhora clara da qualidade” do vinho em Portugal.

Surpresa

Ele reitera, porém, que o fenômeno se deve principalmente à boa qualificação da última geração de enólogos portugueses, “que é de nível internacional”.

Resta que em Portugal, a “grande surpresa” dos últimos dez anos, é mesmo o desenvolvimento vinícola na província do Alentejo. A região tinha duas ou três marcas conhecidas, lembra ainda Homem de Melo, e “agora tem pelo menos quinze produtores conhecidos, com vinhos excelentes”.

O salto qualitativo abrangeu tanto a produção quanto à comercialização.

Mas o consumo de vinho está um pouco sujeito a fenômeno de moda. Por exemplo, no que diz respeito a Portugal, a moda atual é o vinho do Douro, em particular o tinto.

Cada região vinícola do país tem, porém, suas características e trunfos próprios.

Um nome já bem implantado no mercado é o do Dão (da região que se situa abaixo do Porto, entre Viseu e Coimbra). O Bairrada, da casta baga, é encorpado como o precedente. Especialistas comparam ambos a certos vinhos italianos.

Consumidores exigentes

Estes alguns exemplos que puderam e podem orientar o interessado a descobrir o mundo fascinante do vinho, uma cultura mais que milenar, também no extremo oeste europeu, ou seja em Portugal.

Com a globalização, as ofertas de vinho aumentaram consideravelmente. Os consumidores também se tornaram mais exigentes, como realçou, Philippe Fehlmann, presidente do Arvinis: “Eles querem saber exatamente a origem do produto e como é cultivado”.

Mas a qualidade – se possível aliada a uma interessante relação qualidade-preço – é argumento quase infalível. Nesse aspecto, o vinho português parece não ter nada a invejar.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

– Portugal participa pela primeira vez como convidado de honra da ARVINIS, a maior feira suíça co vinho, que reuniu 130 expositores.

– Em 2003, Portugal participara – também como convidado de honra – do Salão do Livro, de Genebra, sinal de que a simpatia pelo país é grande na Suíça.

– O Salão Arvinis, de Morges, é local ideal para, através da degustação, mostrar que muitos vinhos portugueses podem rivalizar com produtos semelhantes de boa qualidade.

– A maior surpresa na produção portuguesa, nos últimos dez anos, é o bom desempenho do Alentejo que ampliou consideravelmente a oferta e a qualidade de seu vinho.

– Mas o vinho português mais na moda atualmente é originário da região do Douro.

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