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O CICR fala mais grosso

Supervisão de comboio do CICV na Cisjordânia, dia 12/4 Keystone

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) tem abandonado o estilo confidencial de comunicação para denunciar "humilhações" no Oriente Médio. E afirma que o acampamento de Jenin "parece uma cidade atingida por um terremoto".

A constatação sobre o estado atual de Jenin foi comunicada pelo porta-voz do CICR, Vincent Lusser, em Genebra, sede da entidade.

Tanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha quanto a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) estimaram na terça-feira, 16/4, não terem condições de avaliar o número de pessoas mortas em Jenin.

“Nossas prioridades são evacuar os cadáveres e ajudar os sobreviventes”, enfatizou Lusser. E já teria começado a distribuição de águas e alimentos aos civis que escaparam ao que os palestinos descrevem como “massacre”perpetrado pelas tropas israelenses.

Balanço de vítimas difícil

Jenin tinha 15 mil habitantes antes da invasão. Cerca de mil pessoas foram presas. Na segunda-feira, o CICV pôde evacuar apenas 7 cadáveres, dois feridos e quatro civis enfermos.

A entidade estima não dispor de meios de retirar os escombros sob os quais, segundo porta-voz da UNRWA (René Aquarone), ainda se encontram sobreviventes. Mas Israel aceitou realizar o trabalho de retirar os corpos das ruínas. Só então seria possível determinar o número de vítimas dos ataques.

CICR levanta a voz

Sem procurar melindrar as autoridades israelenses que sempre considera como parceiro, o CICV não tem deixado nos últimos dias de denunciar uma situação que considerou intolerável.

Desde sexta-feira 12/4, quando voltou de uma breve missão no Oriente Médio, o presidente do CICV, Paul Grossrieder, tem alertado para repetidas violações dos direitos humanitários no conflito que opõe israelenses e palestinos. Violações de que são vítimas em particular a população palestina, mas que atinge também a população israelense. Em ambos casos, a situação é tida como intolerável.

Em várias entrevistas, ao rádio e à TV, Grossrieder insistiu no flagrante desrespeito às convenções de Genebra. E falou de “humilhações inúteis”, como a fazer os representantes do Comitê deitarem-se na lama com as mãos atrás da cabeça, e controles repetidos de ambulâncias.

Abusos

E Vincent Lusser, porta-voz do CICV, realçou como principal justificativa para sair do que um político suíço qualificou de “neutralidade condescendente”, o interesse das vítimas. Em seguida, a atitude do organismo se explica pelo fato de Israel tem ficado surdo às iniciativas confidenciais. E por fim, porque o CICV é freqüentemente atacado.

A respeito de “ambulâncias que transportam armas” como denunciou Israel, a entidade reconheceu ter havido um caso. E já ordenou investigação independente para apurar a denúncia. Por outro lado, afirma que ter havido abuso do emblema da Cruz Vermelha por veículos que nada tinham a ver com preocupações humanitárias.

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