O futuro dos transportes divide os suíços
Na Suíça, proposta da Câmara de lançar projeto de um segundo túnel no Gotardo, importante ligação norte-sul na Europa, reativa o debate sobre prioridades nos transportes e o confronto rodovia-ferrovia.
A proposta da Câmara dos Deputados, aprovada na quinta-feira, 22 de junho, é considerada um "golpe teatral". E revela que, após um período de 10-15 anos em que se privilegiou o desenvolvimento da ferrovia, os defensores do automóvel voltam a reivindicar melhores condições de circulação nas estradas do país.
Vai nesse sentido essa sugestão de que se duplique o túnel do Gotardo, em que os engarrafamentos são freqüentes nas épocas de grande fluxo - em particular nos fins de semana do verão e nos feriadões. Desde que o túnel foi inaugurado em 1980, registraram-se 16 mortes no local.
E o problema tende a agravar-se. Com a assinatura de acordos sobre transportes entre Suíça e União Européia, este país vai aceitar jamantas de 40 toneladas, prevendo-se anualmente passagem no túnel de 400 mil caminhões adicionais.
Nesse ponto, foi de peso o argumento de que seja preciso melhorar a segurança, em particular depois do horrível desastre em Mont-Blanc (ligando a França à Itália) poucos anos atrás.
Mas a proposta traduz principalmente o aborrecimento dos automobilistas com o entupimento das principais eixos rodoviários suíços.
E como os políticos só (quase) fazem o que o povo quer, surgiu essa proposta que pode marcar uma reviravolta no conceito geral de transporte na Suíça que o governo vinha aplicando nos últimos anos.
A proposta da Câmara vai de encontro à construção de monumentais "transversais ferroviárias alpinas", em conformidade com iniciativa popular aprovada em 1994. É um projeto bilionário destinado em parte a transferir da rodovia à ferrovia bom número caminhões que atravessarão os Alpes.
A duplicação do Gotardo significa criar concorrência para a ferrovia e gerar mais problemas ambientais.
No momento é um projeto à contramão. A reação de diferentes meios, a começar pelos ecologistas foi imediata. E a controvérsia está armada porque essa questão de novo túnel rodoviário no Gotardo vai dar muito pano pra manga.
J.Gabriel Barbosa

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