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Museu Chaplin se prepara para a abertura na primavera

A mansão neo-clássica onde Chaplin e sua família moraram abrigará o museu dedicado à obra e à vida do astro americano. Keystone

Após quinze anos de preparação, o museu Chaplin está entrando em sua fase final. swissinfo.ch foi ver de perto o canteiro de obras acima da cidade suíça de Vevey.

O “Chaplin’s World” (Mundo de Chaplin), programado para abrir na próxima primavera, pretende reinventar a experiência de ir ao museu. Situado em um parque de 14 hectares de árvores exuberantes, ele vai ocupar a mansão onde Chaplin viveu seus últimos 25 anos.

“Nenhum outro museu na Suíça irá atrair pessoas do outro lado do planeta”, afirma Yves Durand, o empresário cultural canadense que instigou o projeto em 2000 com seu parceiro arquiteto Philippe Meylan.

Durand entra na sala em mangas de camisa, apesar da frieza do inverno dos escritórios improvisados em um celeiro no vilarejo de Corsier.

Estamos a menos de um quilômetro de distância do Le Manoir de Ban, o edifício neoclássico protegido, situado acima da cidadezinha, onde Chaplin viveu com sua família. Vamos visitá-lo mais tarde, mas apenas do lado de fora, já que a casa foi totalmente “despida” e está sendo toda remodelada, incluindo seus anexos. Um grande estúdio, que irá proporcionar aos visitantes uma imersão nos filmes de Charles Chaplin, está quase todo equipado.

Opositores ao projeto temiam a criação de um museu no estilo “Disneylândia”. swissinfo.ch

No piso térreo dos escritórios, os bens de Chaplin esperam ser devolvidos à mansão, quando a remodelação estiver concluída.

Volumes de “Punch & Judy” formam enormes pilhas de livros encadernados ao lado da bengala que acompanhou o Carlitos em suas viagens. Um espelho dourado reflete os móveis que ainda precisam ser renovados antes de retornarem ao museu.

Chaplin’s World

Para completar o perfil de Chaplin como escritor, compositor e produtor, os promotores do projeto tiveram acesso aos seus 81 filmes, 15.000 fotos estocadas no Museu Elysée, em Lausanne, e 200.000 documentos arquivados em Montreux

Esses são os restos de um interior surpreendentemente burguês instalado na mansão por Charlie, filho de artistas britânicos, e sua esposa Oona, nascida O’Neill, filha de um dramaturgo americano.

Casa de família

Chaplin decidiu residir na Suíça a partir de 1952, após ter tido recusada sua volta para os EUA durante a era McCarthy.

Ele morou com sua família em Corsier até sua morte, no dia de Natal de 1977, aos 88 anos. Oona, que era 35 anos mais jovem, deu-lhe oito filhos. Dois, Eugene e Michael, ainda estavam vivendo na mansão quando Durand aproximou-se da família em 2000. A mãe deles havia falecido em 1991.

Durand explica como conseguiu convencer esses herdeiros a não vender a mansão para um promotor imobiliário: “Prometemos aos filhos de Chaplin que não iríamos tentar interpretar o pai deles, mas deixá-lo falar por si mesmo.”

No final, Durand e seus sócios conseguiram não só os direitos de licença exclusivos, mas também as memórias de infância dos filhos (álbuns e filmes), que farão parte da exposição.

Yves Durand, à esquerda, e Jean-Pierre Pigeon. swissinfo.ch

Superar o ceticismo suíço

Durand explica porque nunca desistiu desse projeto de longa data, apesar dos inúmeros contratempos.

Depois de ter convencido a família a vender a mansão, ele precisou derrubar a parede de ceticismo com relação ao projeto, quando apresentado aos moradores e às autoridades locais.

Entre as resistências, o medo de que fosse criado uma espécie de Disneylândia que acabasse com o patrimônio de Chaplin e a paisagem. A viabilidade do plano de negócios também foi posta em questão. “Precisávamos convencer todos da qualidade do conceito e ganhar sua confiança.”

Durand estima que sete dos 15 anos de desenvolvimento do projeto foram gastos com os tribunais suíços em procedimentos jurídicos.

“Não foi tão ruim assim”, reflete. “Retardar o processo nos permitiu chegar a um projeto ainda melhor.”

O canadense se mostra bem otimista com relação ao resultado. Além disso, novas fontes de investimento permitiram aumentar o financiamento privado de 20 para 60 milhões de francos suíços.

Durand aponta que apenas 15% dos museus da Suíça são financiados pelo setor privado. O Chaplin’s World recebe ajuda privada do Luxemburgo, Suíça e Canadá. O cantão de Vaud e o grupo de entretenimento francês Grévin, dono do famoso museu de cera de Paris, também fazem parte da família de investidores do museu.

Complexo de museus

Nossa visita ocorre em dois locais separados que espelham a vida e a obra de Chaplin. O casarão Manoir de Ban é dedicado à sua vida e seu estilo de vida: “Nós falamos de tudo e não escondemos nada, incluindo os problemas que ele enfrentou como mulherengo”, revela Durand.

O estúdio recém-construído tem 16 metros de altura para acomodar os cenários e inclui um cinema com 150 lugares. Lá será apresentado o artista e sua obra. Durand trabalhou com o cenógrafo François Confino para desenvolver o conceito e integrar numerosos multimídias e tecnologias virtuais.

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Empresa rentável

Meio suíço, meio canadense, Jean-Pierre Pigeon foi trazido pela Grévin como diretor geral de todo o complexo.

Um café-restaurante Chaplin abrirá em uma fazenda com vigas de madeira na entrada da propriedade e vai servir uma comida ‘inspirada em Chaplin’ durante o dia. À noite, ele se tornará um restaurante gourmet.

O andar superior da mansão, onde os filhos de Chaplin moravam, tornou-se uma área de recepções VIP de 250m2 para alugar.

Pigeon salienta que o Chaplin’s World foi construído com 90% da mão de obra local. O museu vai gerar ainda 25 empregos, sem contar os terceirizados para o restaurante, jardinagem e segurança.

A data de abertura oficial será anunciada ainda esse mês.

“Nosso objetivo é fazer do Chaplin’s World um dos espaços culturais mais importantes da Suíça”, insiste Durand.

Adaptação: Fernando Hirschy

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