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O silêncio falante de Mummenschanz

O grupo de Teatro Mummenschanz utiliza até brinquedos para suas pantominas (foto: www.mummenschanz.com) www.mummenschanz.com

Por trás deste esdrúxulo nome de batismo está um grupo de teatro que, com máscaras, personagens estranhos e formas artísticas fugazes, “exprime pelo gesto, a sugestão e o sonho”.

Mummenschanz comemora 30 anos e é solicitado nos quatro cantos do mundo.

Mummenschanz viria de Mummen (jogo de máscara) e Schanz (chance). Tem em todo o caso algo a ver com máscara (em alemão, ” sich vermummen” quer dizer esconder-se).

Na Idade Média, a palavra designava as máscaras utilizadas pelos mercenários suíços – muito requisitados na Europa – quando eles jogavam baralho. Era uma maneira de ocultar os sentimentos, não revelando, com mímicas inoportunas, o jogo aos adversários.

Hoje, Mummenschanz é sinônimo de uma trupe de teatro que se impôs com uma forma de teatro não verbal, que ignora barreiras lingüísticas, e graças a um trabalho e um estilo próprios, que parecem não deixar ninguém indiferente, a julgar pelo sucesso de seus espetáculos na Suíça, na Europa e nos outros continentes.

Máscaras e formas

Dando forma humana a um pedaço de papelão ou escondendo-se dentro de um saco de tecido, os artistas que os manipulam dão-lhes vida, sem se mostrarem ao público, deixando os espectadores imaginarem a significação dos gestos.

Mummenschanz é, de fato, perito na arte da pantomima, expressa também através de máscaras que são “maltratadas”, na busca da forma e do efeito desejados. A trupe é mestre em imprimir humor e ternura em objetos muitas vezes recuperado do lixo. E as reações do público são exploradas imediatamente, numa espécie de diálogo mudo.

Quando os críticos se referem a grupo, o descrevem como “teatro de máscaras e formas”, falam de “personagens divertidos, bizarros e percucientes (que tocam)”. Ou, mais poeticamente, que “expressam pelo gesto, a sugestão e o sonho”.

É, realmente, um pouco tudo isso.

Volta à inocência

A mensagem se transmite num espetáculo ágil, leve e não falante, e Mummenschanz ativa o mundo da infância que cada um tem dentro de si. “Transmite-se”, porque a pantomima é uma linguagem que todos entendem. Ela é também, segundo formula o mímico francês, Marcel Marceau, uma “arte da identificação e da metamorfose”.

Essa trupe é, então, mestre em criar situações em que nos identificamos e diante das quais reagimos com humor e condescendência. Elas oscilam entre o irreal e o real, e nos transportam a uma realidade que de repente é vista com olhos infantis, ou seja com naturalidade e que em outras circunstâncias poderia ser desconcertante ou mesmo ridícula.

Alguém já disse que Mumenschanz é uma línguagem universal, como o esperanto. Está com a razão.

swissinfo, J. Gabriel Barbosa

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