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O vinho do milênio vem de Portugal

Os "colheitas" de anos especiais são valorizados vinhos do Porto. swissinfo.ch

23 importadores e produtores organizam apresentação em Zurique para mostrar 250 das melhores marcas de vinho do Porto. Preços variam entre 15 e 150 francos suíços.

Mercado suíço é o 12o mais importante para os produtores portugueses. Suíço dono de quinta em Portugal cria supermercado do vinho importado.

Portugal está na boca e na memória dos suíços. Se na última Eurocopa sua equipe foi desclassificada logo nos primeiros jogos, pelos menos os torcedores helvéticos aproveitaram a viagem para conhecer cidades como Lisboa e Porto e as iguarias da cozinha portuguesa.

Essa era grande esperança dos 23 importadores reunidos na segunda-feira (5 de outubro) numa sala do restaurante “Au Premier”, um dos estabelecimentos finos da principal estação de trem de Zurique. Pela quarta vez consecutiva eles ofereciam uma tarde de degustação de vinhos do Porto para um grupo selecionado de convidados: jornalistas, gastrônomos, colecionadores e amantes do vinho licoroso produzido na região do Douro, ao norte de Portugal.

250 categorias de vinho foram servidas para os presentes, que também pontuavam as marcas segundo os critérios pessoais. Para acompanhar, os organizadores ofereceram chocolates amargos suíços e uma iguaria portuguesa: o famoso “Queijo da Serra da Estrela”, que pela cremosidade pode ser passado como manteiga em pedaços de pão.

Os preços das garrafas exibidas variavam entre 15 e 150 francos suíços. Uma das mais valorizadas é o Vintage 2000, um vinho composto por uvas colhidas no ano do milênio, também marcado por um clima excepcionalmente favorável a produção e que chega a custar 124 Euros nos mercados europeus. Um exemplo é o “Fonseca Vintage 2000”.

Para Portugal, as provas de vinho são importantes na conquista de novos mercados externos. “Nós consideramos a tarde um sucesso, pois os importadores conseguiram apresentar seus produtos e fechar bons negócios”, afirma Ana Schröder, representante do Instituto de Promoção Comercial de Portugal na Suíça e organizadora do evento.

“Por isso já decidimos repetir a prova no ano que vem e estudamos a possibilidade de organizar algo semelhante na parte francesa da Suíça”.

Suíça é 12o maior mercado

Vinho do Porto é o produto vinícola mais importante de Portugal. As estatísticas do Instituto do Vinho do Porto (IVP) mostram que 10,4 milhões de caixas foram vendidas em 2003. Delas, 87% foi destinado à exportação.

Apesar de queda de 4,1% no volume de negócios, que foi justificada pela organização portuguesa devido a “debilidade e a incerteza na economia mundial no ano passado”, o comércio de vinho do Porto gerou 411 milhões de Euros.

Os mercados mais importantes são a França (que compra quase um terço da produção), Grã-Bretanha, Holanda, Bélgica e Estados Unidos. A Suíça é o 12o maior comprador da bebida.

No futuro, os produtores concentram seus esforços nos novos países da União Européia. “Queremos conquistas os mercados do leste europeu, onde já organizamos diversos eventos para apresentar o vinho do Porto”, conta Maria João, coordenadora de marketing da produtora Cálem.

Advogado vira dono de quinta

No evento organizado em Zurique, a internacionalização do vinho do Porto podia ser vista até entre os próprios importadores.

Peter Maeder, suíço nascido em Zurique, estudou direito mas não chegou a completar o curso. Nos anos 90 ele havia criado sua própria empresa e ganhou dinheiro com a venda de computadores e software.

Seu relacionamento com Portugal foi de ordem sentimental: depois de casar-se com uma portuguesa em 1991, Maeder comprou em 1995 uma quinta com 88 hectares em Teixeira, um povoado na região do Douro, onde a família da esposa já cultivava vinhas nas últimas décadas.

Hoje o suíço importa vinho do Porto, além de produzir também a própria bebida. Com nove sócios, ele abriu em Zurique o shopping center “Wine City”, onde serão vendidos 400 vinhos de 15 diferentes países.

Para Maeder, os portugueses ainda precisam investir no marketing dos seus produtos. “O vinho do Porto e outros do país têm um grande potencial que ainda não foi explorado como deveria”, afirma o empresário.

“Para mim ainda falta a cooperação dos produtores para reforçar a imagem do vinho português”, ressalta Maeder. “Tenho amigos que nem sabiam que Portugal produzia a bebida”.

swissinfo, Alexander Thoele

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