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Opção diplomática suíça no nuclear iraniano é reforçada

O Irã continua a enriquecer urânio, como na usina de Nathanz, para fins civis. Keystone

Depois de ter tomado conhecimento do relatório dos serviços de inteligência dos Estados Unidos afirmando que o Irã interrompeu deu programa nuclear militar, a Suíça estima que a solução diplomática sai reforçada.

Ao contrário de certos países europeus como a França, que pede novas sanções contra o Irã, o governo suíço sempre defendeu a opção do diálogo.

O relatório do National Intelligence Estimates (NIE) “reforça a idéia que se deve encontrar uma solução diplomática para esse assunto”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (DFAE).

“A Suíça, como país neutro e sem agenda secreta, tem por vocação de facilitar o diálogo diplomático direto”, declarou recentemente a ministra das Relações Exteriores e presidente em exercício em 2007, Micheline Calmy-Rey.

A posição suíça é condiz com as declarações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da qual é Suíça é membro. Em Viena, a AIEA afirmou terça-feira (04/12) que o documento estadunidense corroborava as constatações feitas nos últimos anos por seus inspetores.

“Esta nova avaliação dos Estados Unidos deveria contribuir para desativar a crise atual”, declarou o diretor da AIEA Mohamed el Baradeï. “Ela deveria também incitar o Irã a trabalhar ativamente com a AIEA para esclarecer aspectos específicos de seu programa nuclear passado e presente”.

Washington et Teerã

Depois de anos de termos virulentos de Washington acusando o Irã de prosseguir secretamente sua corrida à arma nuclear, esse relatório surpreendeu ao mesmo tempo amigos e adversários dos Estados Unidos.

O presidente George W. Bush insistiu que continua o “perigo” nuclear iraniano. Acrescentou que todas as opções estão em aberto nesse dossiê, advertindo que os Estados Unidos privilegiam a diplomacia para resolver a crise.

Por sua vez, o Irã saudou as conclusões de um relatório dos serviços de informação estadunidenses. A República Islâmica o interpretou como um reconhecimento do “caráter pacífico” de suas atividades nucleares.

“A Américia e seus aliados devem aceitar os direitos da nação iraniana”, declarou o presidente Mahmoud Ahmadinejad, sem mencionar explicitamente o relatório.

“Certas potências exercem ilegalmente pressões através de represálias contra o Irã. Se elas não mudarem de comportamento, o Irã optará por um outra maneira”, em sua colaboração com a AIEA, advertiu o presidente.

Israel contradiz o relatório USA

A França e a Grã-Bretanha, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, anunciaram sua intenção de manter a pressão sobre o Irã.

A China reafirmou sua vontade de encontrar uma solução através do diálogo. O presidente russo Vladimir Poutine recebeu o negociador iraniano Saeed Jalili e disse esperar que todos os programas nucleares iranianos sejam transparentes e se desenvolvam sob o controle da AIEA.

Somente Irael, inimigo jurado de Teerã, criticou o relatório. “O Irã continua provavelmente seu programa de fabricação da bomba nuclear”, disse o ministro da Defesa Ehud Barak.

P primeiro ministro Ehud Olmert sublinhou os esforços com os Estados Unidos “para impedir o Irã de aceder a armas não-convencionais”.

Novas medidas

O Irã foi alvo de três resoluções do Conselho de Segurança da ONU, duas acompanhadas de sanções, principalmente por se recusar a suspender seu programa de enriquecimento de urânio.

Seis grandes potências (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) concordaram em estudar novas medidas para forçar Teerã a cumprir as exigências do Conselho de Segurança.

swissinfo com agências

Publicado segunda-feira (03/12), o relatório do National Intelligence Estimates (NIE) contém uma síntese do trabalho de 16 agências de inteligência dos Estados Unidos.

O documento afirma que o Irã abandonou seus projetos militares nucleares em 2003, mas que prossegue atividades para obter capacidades suscetíveis de ser empregadas para fabricar armas atômicas entre 2010 e 2015.

Uma estimativa precedente feita em 2005 falava de uma determinação de Teerã para construir uma bomba atômica.

Teerã sempre elogiou o papel “facilitador” da Suíça na crise do nuclear iraniano. Segundo diplomatas, Berna elaborou um plano por etapas, mas o DFAE recusa-se a comentar a existência desse documento.

De acordo com as mesmas fontes, esse “plano suíço” levaria a uma suspensão simultânea do processo de enriquecimento de urânio do Irã e das sanções impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança da ONU.

Essa dupla suspensão permitiria a abertura de negociações entre Teerã e o “P5+1” (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha).

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