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Organização de brasileiros na Suíça ajuda integração

Irene Zwetsch frente à estação de trem da Basiéia. swissinfo.ch

Integrar-se é organizar-se em grupo. A visibilidade para as autoridades e sociedade helvéticas facilita a discussão sobre problemas e anseios dos estrangeiros na Suíça.

Esse exemplo é dado por um grupo dedicado de brasileiras, cujo principal objetivo é criar o Conselho dos Cidadãos Brasileiros no país dos Alpes.

Com seus cabelos louros e tez clara, Irene Zwetsch pode ser confundida nas ruas da Basiléia com uma suíça. Seu sobrenome também não soa nada exótico às orelhas locais. Porém ela é brasileira da gema. “Sou descendente de alemães, mas nasci no Rio Grande do Sul”, conta orgulhosa.

Jornalista de profissão, Irene não resume sua ligação com a pátria distante ao passaporte guardado na gaveta. Desde os primeiros dias na Suíça, ela procurou encontrar outros imigrantes como ela.

“Nós chegamos à Basiléia em 10 de maio de 1998. Vinte dias depois eu já participava do primeiro encontro nacional de brasileiras na Suíça”, lembra-se Irene, que é casada com um brasileiro e mãe de dois filhos pequenos.

Na Suíça, Irene faz parte de um pequeno grupo brasileiros empenhados em organizar uma comunidade heterogênea e dispersa, estimada pelas associações entre 25 e 40 mil. Estatísticas oficiais não existem, sobretudo pelo fato de muitas pessoas não estarem registradas nos consulados ou viver no país com outros passaportes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 3,5 milhões de brasileiros vivem no exterior.

Um conselho de cidadãos

Além das atividades profissionais, Irene coordena o Centro de Integração e Apoio (Ciga), um grupo que mantém várias atividades como a revista bimestral “Ciga-Informando”, publicação lançada em novembro de 1998, voltada para o público tupiniquim e com uma tiragem atual de 1.700 exemplares.

Depois que participou do III Encontro Brasileiro na Suíça, evento organizado em outubro de 2006 em Berna, ela e outras concidadãs têm um sonho: criar um conselho nacional de cidadãos brasileiros.

No total, dez mulheres participam do núcleo que funciona como lobby para a organização do conselho. Elas vivem em diferentes regiões da Suíça como Berna, Basiléia, Turgóvia, Zurique, Valais ou Lausanne, e se comunicam regularmente através de Skype, e-mail ou telefone, quando não se encontram pessoalmente para debater os próximos passos da campanha.

O fato de o grupo ter só mulheres tem uma explicação sócio-cultural. “Acho que os homens têm menos interesse de se engajar no mundo associativo, enquanto as mulheres procuram criar redes de ajuda, sobretudo por serem responsáveis pelas crianças”, analisa.

Representatividade

Um dos objetivos dos membros da chamada “Comissão Pró-Conselho Brasileiro” é melhorar a interação entre os brasileiros no país dos Alpes. “Em primeiro lugar, queremos somar os esforços das iniciativas regionais que já funcionam na Suíça como associações e grupos brasileiros espalhados nos diversos cantões”, explica Irene.

O papel de apoiar diretamente os brasileiros também é uma das aspirações da comissão. “Queremos também servir como uma central de informações, que possa apoiar toda a comunidade brasileira na Suíça”, aspira Irene.

A representatividade do conselho ainda é uma meta para o grupo. “Precisamos um mandato. Talvez ele possa ser dado num próximo encontro de brasileiros na Suíça, que ainda não tem data para ser organizado”. Para sondar o interesse dos concidadãos, Irene e suas colaboradoras estão enviando questionários a grupos associativos, religiosos e até mesmo de capoeira. “Iremos perguntar se eles consideram importante a criação de um conselho e o que eles esperam dele”.

Na perspectiva de Irene, o conselho pode ter um papel importante na integração dos brasileiros na suíça. “Esse instrumento poderia facilitar, dentre outras, as relações bilaterais entres os governos da Suíça e do Brasil”. Na prática: “Assim poderíamos ter um peso maior na hora de tratar com os órgãos oficiais, tanto brasileiros quanto suíços, as questões mais prementes da comunidade”.

O esforço de Irene e seus companheiros de campanha não se limita às fronteiras da Suíça. Em novembro de 2007, o grupo enviou representantes ao II Encontro de Brasileiros na Europa, organizado em Bruxelas, Bélgica. O contato com outros imigrantes mostrou a importância do intercâmbio entre os diferentes grupos. “Estamos em contatos com outras pessoas na Europa para discutir temas atuais como a expulsões de brasileiros na Espanha”.

swissinfo, Alexander Thoele

Mais de 3 milhões de brasileiros vivem no exterior
Cerca de 45 mil brasileiros vivem na Suíça
1998: I Encontro Brasileiro na Suíça
2003: II Encontro Brasileiro na Suíça
2006: 28 de outubro – III Encontro Brasileiro na Suíça
2007: II Encontro de Brasileiros na Europa, organizado em Bruxelas, Bélgica.

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