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Os olhos europeus em Marte serão suíços.

Foto de laboratório do módulo Beagle 2, na superfície de Marte. ESA

A Agência Espacial Européia lançou ontem sua primeira missão para Marte. Ao mesmo tempo em que um satélite irá cartografar o planeta vermelho, um módulo automático irá pousar na sua superfície para procurar sinais de vida.

O módulo dispõe de três micro-câmeras produzidas na Suíça.

Nesse verão, Marte passará a menos de 56 milhões de quilômetros da Terra. Esse é uma oportunidade que só ocorre de quinze em quinze anos e que japoneses, americanos e europeus não poderiam perder.

Se a sonda japonesa Nozomi e dois robôs rolantes Mars Rover da agência espacial americana NASA chegarem em Marte como previsto, em meados de dezembro, a missão “Marte Expresso” da Agência Espacial Européia (ESA) será a primeira do seu gênero.

Na segunda-feira à noite, um foguete russo Soyouz Fregat decolou da base de Baikonour, no Cazaquistão, carregando um satélite e um módulo de aterrissagem. A viagem está programada para durar seis meses, à uma velocidade de 10.800 quilômetros por segundo.

Relevos gigantes

Ao chegar na órbita de Marte, o satélite começará a fotografar o planeta de todas as perspectivas, com uma precisão que até hoje não existia. O planeta tem um diâmetro duas vezes menor do que a Terra, porém com um relevo muito mais acidentado.

As montanhas podem ter até 26 mil metros de altitude e os “canyons” até 7 mil metros de profundidade (cinco vezes mais do que os canyons do Colorado, nos EUA).

Há muito tempo geólogos suspeitam de que esse relevo acidentado tenha sido cortado por rios. Porém estes parecem ter desaparecido da superfície do planeta.

O satélite está equipado também com um radar especial, que vai escanear o sub-solo de Marte, à procura de eventuais lagos subterrâneos.

Mini-aeronave de 60 centímetros

Dentro do foguete encontra-se uma sonda em forma de mini-aeronave, a Beagle 2, com 60 centímetros de diâmetro e menos de 30 quilos de peso.

Após resistir à entrada atmosférica de marte através de um escudo térmico, o módulo abrirá seus pára-quedas e três colchões de ar irão protegê-lo do choque contra o solo. Depois de pousar, a Beagle 2 abrirá seus painéis solares em forma de pétala. Dois braços mecânicos irão colher amostras do solo, que serão diretamente analisadas na sonda.

À procura de sinais de vida

O local de aterrissagem já foi cuidadosamente escolhido. Ele se chama “Isidis Planitia” e está próximo do equador do planeta, para que as noites não sejam muito frias.

A área onde a sonda pousará lembra uma grande bacia fluvial. Por essa razão, acredita-se que a “Isidis Planitia” é o melhor local para procurar traços de água ou mostras de micro-fósseis, que possam demonstrar existência de uma forma de vida sobre o planeta.

Por essa razão, o consórcio de universidades britânicas responsável pela construção do módulo escolheu o nome “Beagle 2”, em homenagem ao pai da teoria de evolução das espécies.

Em 27 de dezembro de 1831, Charles Darwin embarcava em direção às Ilhas Galápagos à bordo do navio HMS Beagle. As idéias que o cientistas trouxe da sua viagem modificaram para sempre a visão da gênese.

Olhos eletrônicos

Além de instrumentos geológicos, o módulo possui três câmeras que servem unicamente para filmar as amostras recolhidas. Elas são equipadas com de lentes de microscópio.

Fabricados pela Space-X, uma empresa originária do Centro Suíço de Eletrônica e Microtécnica de Neuchâtel, cada uma das três pequenas maravilhas da alta tecnologia não ocupam mais volume do que uma caixa de fósforos e pesam menos de 100 gramas.

Elas foram desenvolvidas para absorver as vibrações da partida do foguete, o terrível choque da aterrissagem e diferenças de temperatura de mais de 200 graus.

A Suíça na corrida a Marte

A Suíça é um dos países fundadores da Agência Espacial Européia. Ela também contribuiu financeiramente à instituição – em 2002, foram pagos 125 milhões de francos suíços.

No projeto “Marte Expresso”, a Universidade de Berna é responsável pelo controle dos objetos microscópicos encontrados. Através de aparelhos especiais movidos à controle remoto, a instituição fará testes para descobrir a rapidez com que o oxigênio se dissipa na atmosfera de Marte.

swissinfo, Marc-André Miserez e Joanne Shields
traduzido por Alexander Thoele

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