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Os primeiros estagiários vieram há 37 anos

Paulo Wendel ficou na Suíça pois encontrou no país a sua cara metade (foto: swissinfo). J.Gabriel Barbosa

A contratação de jovens agricultores brasileiros começou em 1967. A primeira leva foi de 22 jovens.

Entre eles, Paulo Wendel, 59 anos, que veio e ficou. Hoje colabora na vinda de novas levas de brasileiros.

À primeira vista, no meio de suíços, ninguém diz que Paulo Wendel é brasileiro: alto, claro, forte, passa inteiramente despercebido como estrangeiro. Mesmo quando fala português, o sotaque é perceptível. A única coisa que o trairia é o nome que, no entanto, adaptou para Paul.

No entanto, Paulo Wendel, mesmo sendo de origem européia, é gaúcho da gema, de Estrela, pequena cidade gaúcha.

Rabo de Saia

E ele parece reivindicar sua condição de brasileiro. No casarão, tipo fazenda, que comprou em Kerzers, no cantão de Friburgo, uma enorme bandeira verde-amarela orna o muro da entrada. Ele faz questão de dizer que ele mesmo construiu a maior parte da casa, durante 8 anos.

Casado com dona Ruth, uma simpática “fribourgeoise”, Paul é motorista de caminhão para uma empresa de sua cidade. Atualmente seu serviço consiste em transportar frangos para abate, destinados à maior rede de supermercados do Suíça.

Como motorista de caminhão trabalhou para duas firmas anteriormente, inclusive 6 anos no setor da construção, principalmente estradas.

Por que ficou na Suíça? Porque aqui encontrou sua cara metade. Aos 22 anos enamorou-se de Ruth. Terminado o estágio na Suíça, passou apenas seis meses no Brasil antes de voltar definitivamente para a Suíça. Ficou mais 6 meses na agricultura, antes de mudar de profissão.

Vida social intensa

A convicção profunda do dinâmico gaúcho é de que se mudam as coisas agindo. Está então engajado em várias associações – desde jogo de cartas à vida política, passando por organizações de churrasco e tiro ao alvo. Atua ativamente no Partido Democrata Cristão, de centro.

Paulo Wendel integrou a primeira fornada de agricultores contratados por fazendeiros suíços em 1967. A turma era de 22. Hoje é 60 o número de contratados. E como vêm todos os anos por dezoito meses, durante um semestre chegam a 120.

“De 1967 a 1984, o contrato era de 2 anos”, lembra o gaúcho. Foi reduzido depois para um ano e meio. Mas de 1984 a 88 ninguém veio de sua região. Ele decidiu então fazer alguma coisa…

Achando importante que a experiência continuasse, depois de associar-se por pouco tempo com dois fazendeiros suíços, hoje, em colaboração com a União Suíça dos Camponeses, ele cuida da vinda anual de 10 estagiários.

Supervisão geral

Faz, portanto, 15 anos que Paulo exerce esse trabalho voluntário, utilizando como intermediário o Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Ibirubá.

O gaúcho é uma espécie de supervisor geral e um intermediário indispensável para seus pupilos, quando aparece algum problema.

Paulo Wendel até obriga seus protegidos a colocar parte do salário em caderneta de poupança. Alguns não apreciam. Mas é uma maneira de evitar que terminado o estágio eles nada tenham para começar a vida no Brasil.

A propósito: ele também tem uma pequena reclamação: gostaria que os brasileiros de que cuida valorizassem mais seus patrões e mostrassem mais gratidão por esse trabalho voluntário que faz em benefício deles…

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

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