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Energia nuclear procura ganhar tempo

Eines der ältesten Schweizer AKW: Beznau. Keystone

O acidente de Fukushima impulsionou o abandono da energia nuclear na Suíça, mas o lobby atômico tenta suas últimas cartadas, já que a decisão final só sairá em 2015.

“Quanto mais dificuldades, problemas e inseguranças, maior a necessidade de contar com uma coisa certa”, diz Rolf Schweiger, presidente da “Ação para uma política energética razoável”, lobby pró-nuclear.

“Não faz sentido destruir uma ponte se a outra não está nem em construção”, defende, por sua vez, Michael Schorer, do Fórum Nuclear Suíço. “Nós rejeitamos a proibição de construção de novas usinas nucleares e exortamos o governo a adicionar um cenário futuro em que se considere a energia nuclear”.

As associações econômicas também se juntaram ao coro dos defensores da energia atômica durante o atual período de consulta chamado “Estratégia Energética 2050”, que propõe a proibição geral da energia atômica.

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Apenas uma declaração de intenções

Após o desastre de Fukushima, o Executivo e o Legislativo da Suíça decidiram, em 2011, acabar com o uso da energia atômica no país. Uma decisão, em princípio, que a nível jurídico não passa de uma declaração de intenções.

A proibição da construção de novas usinas nucleares requer uma mudança na Lei de Energia Atômica ou na Constituição. É provável que o povo suíço deva se expressar nas urnas sobre a questão. Mas antes disto, governo e parlamento devem chegar a um acordo, ou seja, o plebiscito não sai antes de 2015.

Até lá, Fukushima terá quatro anos de história. De acordo com uma pesquisa de opinião realizada em outubro de 2012, o medo de um acidente nuclear já havia diminuído entre a população suíça.

Hidrelétrica: 55,8%
 
Nuclear: 39,3%
 
Outras: 2,9%
 
Novas fontes renováveis: 2%

Prazo aberto

Além do esquecimento da população, ainda pode aparecer nos próximos meses novos impulsos das partes interessadas na produção nuclear. A reforma energética é um projeto complexo. A produção de energia solar e eólica está sujeita a fortes oscilações que não afetam a produção nuclear ou hidrelétrica. Por outro lado, a mudança para o gás também produz emissões de dióxido de carbono.

O financiamento concedido para uma reforma fiscal ecológica, isto é, um imposto sobre o consumo de eletricidade, óleo e gasolina, não passa de um conceito que a indústria não parece ver com bons olhos. O governo estima que a medida deve aumentar em 20% o preço da eletricidade.

Fica em aberto a questão de saber quando parar as usinas nucleares suíças. Oficialmente, a produção deve ser mantida o maior tempo possível, enquanto as autoridades de vigilância considerarem a produção segura. As diretivas preveem uma vida útil de 50 anos, o que significa que a última usina nuclear suíça só seria desativada em 2034.

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Sucata atômica

Este conteúdo foi publicado em Com uma capacidade total de 4.000 megawatts, ela seria a maior usina nuclear da Europa central. As obras começaram em 1982 e chagaram a empregar 13.000 pessoas, que eram controladas rigorosamente. A construção parou na primavera de 1991. Mais tarde, uma empresa imobiliária assumiu as instalações para produzir casas pré-fabricadas. A empresa faliu, só restando…

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Ganhar tempo

Já os produtores de energia argumentam que as instalações podem se manter mais de meio século, se forem renovadas e reequipadas corretamente. “Não há razão para acreditar que as atuais usinas nucleares não podem ser mantidas além dos próximos 50 anos”, disse Heinz Karrer, diretor da empresa elétrica AXPO.

Segundo o cientista político Lutz Gregor, os produtores só estariam tentando ganhar tempo. “Estão buscando estender a vida da produção de energia nuclear, enquanto esperam que o medo relacionado a Fukushima desapareça e que surja novas tecnologias energéticas seguras. Uma maneira de abordar também a construção de novas usinas nucleares”.

Iniciativa para reduzir a espera

Por outro lado, o Partido Verde apresentou, em novembro de 2012, uma iniciativa popular que visa acabar com as usinas nucleares após 45 anos de uso. Se o povo aceitar a proposta, isso significaria que a usina nuclear suíça mais nova, a de Leibstadt (centro-norte da Suíça), deveria ser desativada em 2029.

Mas Rolf Schweiger, presidente do grupo “Ação para uma política energética razoável”, não acredita que povo suíço apoie esta iniciativa. “Os problemas que já estão aparecendo, como a ameaça de escassez no fornecimento de eletricidade, só ficariam piores. Eu acho que o pragmatismo dos cidadãos vai desempenhar um papel na decisão”, disse.

Do ponto de vista dos defensores da energia nuclear, a iniciativa é “interessante”, diz Lutz: “É fácil lutar contra este aspecto relativamente técnico da vida das usinas e, nesse ponto, os produtores teriam o apoio das autoridades do país. Por outro lado, se a iniciativa for aprovada, será necessário mudar mais rápido do que o previsto”.

A iniciativa também será um meio de pressão contra o governo, “já que evita que a questão seja adiada e engavetada no esquecimento”, diz Urs Scheuss, do Partido Verde.

Adaptação: Fernando Hirschy

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