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Pai do LSD faz sua última viagem

A última aparição pública de Hofmann durante uma conferência em 2006, na Basiléia. Reuters

Morre aos 102 anos de idade o químico e pesquisador suíço Albert Hofmann, que descobriu os efeitos alucinógenos do LSD (dietilamina de ácido lisérgico).

A substância transformou-se na droga dos hippies na década de 1960, mas foi usada também pela indústria farmacêutica para tratamentos na psiquiatria.

Nascido em Baden, no norte da Suíça, Hofmann foi pesquisador do laboratório farmacêutico Sandoz, na Basiléia, de 1929 a 1971. Sua morte, ocorrida na terça-feira em Burg (estado de Basel-Landschaft), foi confirmada hoje (30/04).

Em 16 de abril 1943, Hofmann experimentou na própria carne os efeitos alucinógenos do LSD, ao absorver através da pele, por descuido, uma pequena quantidade de pó no laboratório. Recuperado da “viagem” inédita, ele descreveu cientificamente os efeitos da droga.

O pesquisador descobrira a substância cinco anos antes, quando estava à procura de um estimulante da circulação sanguínea e se deparou com o fungo do centeio, que serviria de base para o LSD.

Droga para a psiquiatria



Depois da nova síntese realizada em 1943, Hofmann previu o uso do LSD na psiquiatria ou na neurologia, bem como efeitos positivos no contexto sacral.

Depois de a droga se popularizar entre os hippies, a Sandoz encarregou cientistas de a testarem na psiquiatria. O resultado foi um medicamento chamado “Delysid”, para tratamento de fobias e neuroses, mas que vinha com a advertência médica de que provocava alucinações.

A Sandoz produziu o LSD de 1947 a 1966. A Universidade de Zurique publicou em 1947 o primeiro relatório científico sobre o efeito terapêutico da substância.

No início dos anos 60, o LSD passou a ser consumido em massa pelos hippies, ganhou má fama, acabou sendo riscado da lista de produtos da Sandoz e foi proibido.

“Pesquisador da consciência humana”

Nos anos de 1990, voltou temporariamente à moda entre em festas rave. “O LSD não é uma droga do prazer e sim, extremamente perigosa quando consumida sem cuidado”, advertiu o descobridor em 2006, em entrevista à agência de notícias suíça SDA.

Hofmann ganhou fama mundial. Antes de comemorar os 100 anos, ele disse que não estava surpreso com o fato de entrar para a História como “Mister LSD”. “O LSD é algo especial porque altera a consciência, e esta, afinal, distingue o ser humano dos animais”.

“Espero que os profissionais da medicina tenham acesso oficial ao LSD para usá-lo na psicanálise”, disse Hofmann em entrevista à swissinfo em 2001. “Porque sob efeito do LSD pacientes podem ser curados.”

Em 2006, o então presidente suíço Moritz Leuenberger felicitou Hofmann pelo seu 100° aniversário. Em sua carta de felicitação, Leuenberger classificou o pai do LSD como “grande pesquisador da consciência humana”.

swissinfo com agências

Albert Hofmann nasce em 11 de janeiro de 1906 em Baden, cidade localizada no cantão de Aargau (norte da Suíça).

Depois de concluir o ensino básico, ele faz uma formação profissional de funcionário administrativo.

Mais tarde Hofmann consegue obter o diploma “Matura”, que dá acesso ao ensino superior. Ele estuda então química na Universidade de Zurique.

De 1929 a 1971: Albert Hofmann pesquisa nos laboratórios da Sandoz, na Basiléia.

1938: ele descobre o LSD (sigla para o ácido lisérgico que no original em alemão é “Lysergsäure-Diäthylamid”).

1943: o químico tem por acidente a primeira experiência com LSD e realiza posteriormente um teste em si próprio.

Nos anos 60: LSD se transforma numa droga popular através do movimento hippie.

1972: LSD passa a ser proibido no mundo inteiro.

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