Parlamentares querem democratizar a ONU
Em carta endereçada ao secretário-geral Kofi Annan, uma centena de deputados federais suíços reclamam a criação de uma assembléia parlamentar da ONU.
Eles julgam que a instância legislativa daria uma contribuição importante para a democratização da Organização das Nações Unidas (ONU).
«As vantagens de uma assembléia parlamentar da ONU seriam inúmeras” escrevem 101 deputados federais e 7 senadores suíços em carta endereçada segunda-feira ao secretário geral das Nações Unidas Kofi Annan.
Atualmente, os sistemas políticos internacionais são controlados pelos Estados e as sociedades civis não têm poder de decisão, criticou o deputado socialista Remo Gysin terça-feira diante da imprensa.
Ele foi um dos defensores da adesão da Suíça à ONU e acredita que uma assembléia parlamentar permitiria integrar os cidadãos às decisões.
“Estamos numa fase em que a necessidade de reforma e a deficiência democrática da ONU são reconhecidas”, afirmou Gysin.
Esse órgão criaria um novo dinamismo na cooperação Internacional e reativaria os processos políticos estagnados, acrescentou a deputada democrata-cristã Rosmarie Zapfl.
Reformar a ONU
Uma das principais tarefas do novo órgão seria reformar a ONU, cuja organização reflete ainda a situação política do pós-guerra de 1945. Numa primeira fase, a assembléia poderia ter um papel consultativo, segundo Hanspeter Bigler, da seção suíça da Sociedade pelos Povos Ameaçados.
Posteriormente poderia evoluir nos moldes do Parlamento Europeu, com direitos de informação, participação e controle do sistema onusiano. A longo prazo, o objetivo é ter um Parlamento Mundial eleito pelo voto direto e com reais atribuições políticas, afirmou Bigler.
Além dos representantes dos Estados, o Parlamento poderia ter cadeiras reservadas às minorias étnicas ou povos indígenas”, acrescentou Bigler.
Essa assembléia podeira ter entre 700 e 900 membros. Os custos anuais são estimados inicialmente entre 150 e 200 milhões de francos. A Suíça teria, no máximo, quatro a cinco representantes.
A idéia não é nova
Criar um parlamento na ONU não é uma idéia nova. Ela tem apoio principalmente no Canadá, na Alemanha, no Parlamento Europeu, no Conselho da Europa e diversas instituições.
No debate sobre a reforma da ONU, foi proposto testar um comitê global que daria um peso mais importante aos parlamentos nacionais nas discussões internacionais.
Mas esse projeto é “muito morno”, na opinião de Andreas Bummel, do Comitê por uma ONU Democrática. “O que é necessário integrar de fato uma atividade parlamentar no sistema da ONU”.
Mas um Parlamento onusiano é uma idéia a longo prazo. “Serão necessários dezenas de anos para que a idéia de um parlamento mundial torne-se realidade”, reconhece Remo Cgsin.
swissinfo com agências
O parlamento da ONU teria entre 700 e 900 eleitos do mundo inteiro.
A Suíça teria, no máximo, 4 ou 5 representantes.
Custos estimados: 150 a 200 milhões de francos suíços por ano.
1001 deputados federais e 7 senadores apóiam a idéia.
– A maioria dos parlamentares suíços que defendem a idéia são membros de partidos de esquerda mas também do Partido Democrata Cristão (centro-direita) e do Partido Radical (direita).
– Nunhum membro da UDC (o maior e mais à direita dos partidos suíços) apóia a iniciativa.
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