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Parlamento elegeu novo membro do governo federal

Didier Bukhalter presta juramento, minutos após sua eleição. Keystone

Depois de três meses de campanha eleitoral, a Assembleia Federal (Câmara e Senado) elegeu o senador Didier Burkhalter, de Neuchâtel, como novo ministro.

Burkhalter será ministro do Interior, substituindo Pascal Couchepin, que decidiu se retirar. Com a eleição de Bukhalter, foi respeitada a concordância, termo que engloba vários critérios na política suíça.

A eleição de um membro do governo suíço obedece a vários critérios que tornam o sistema político suíço único e complexo, ou seja, um equilíbrio entre os maiores partidos, mas também ente regiões linguísticas e culturais. A esses critérios dá-se o nome de concordância. Portanto, com raras exceções, respeita-se a concordância.

Concordância

Os sete ministros que formam o governo federal são eleitos pelo Parlamento e não têm mandato fixo. Podem ficar no governo praticamente o tempo que quiserem e são eles que resolvem sair, quando julgam oportuno.

Foi o caso do ministro do Interior, Pascal Couchepin, que anunciou sua decisão de deixar o governo dia 12 de junho, com data marcada para 30 de outubro. Couchepin é membro do Partido Liberal-Radical (PLR, direita) de língua materna francesa.

Na eleição do senador Didier Bukhalter, nesta quarta-feira (16/9), a concordância foi novamente respeitada. O novo ministro também é do Partido Liberal-Radical e de língua materna francesa. O PLR havia apresentado outro candidato oficial, Christian Lucher, de Genebra, que se retirou no terceiro e penúltimo turno da eleição, em benefício de Bukhalter. Este foi eleito com 129 votos dos 256 parlamentares parlamentares.

Ricardo Lumengo, deputado federal do Partido Socialista (PS), de origem angolana e único negro no Parlamento suíço, disse à swissinfo que “uma eleição movimentada como essa, permite, durante a campanha, debater os problemas do país”. O PS é o segundo maior partido suíço, com 50 membros no Parlamento.

Emocionado, no discurso em que aceitou sua eleição e antes de prestar sermão como novo membro do governo, Didier Burkhalter, 49 anos, elogiou a concordância, a estabilidade, a coesão e o respeito dos equilíbrios, “que fazem a riqueza e a força da Suíça.”

Outro candidato “sério”

Mas o Partido Democrata-Cristão (PDC,centro) também tinha seu candidato oficial: o deputado federal Urs Schwaller, de Friburgo, reconhecido até por adversários como competente e experiente, que obteve 106 votos. A candidatura do friburguense, no entanto, fugia aos famosos critérios da concordância. O PDC atacava um ministério do PLR e Urs Scwaller é da parte alemã do cantão (estado) de Friburgo.

Além disso, ele não recebeu nenhum voto da União Democrática do Centro (UDC, maior partido suíço o mais à direita dos partidos governamentais). Foi uma espécie de revanche da UDC à não-reeleição, em 2007, do mais eminente membro da sigla, Christoph Blocher, atribuída pela UDC, às manobras do PDC e do Partido Socialista (PS).

“Foi uma pena porque nosso candidato era o mais competente e não recebeu um único voto da UDC”, afirmou à swissinfo o presidente do PDC, Christoph Darbellay.

À questão se o governo federal será mais à direita com Bukhalter, o presidente do Partido Socialista, Christian Levrat, respondeu à swissinfo que “é preciso esperar um ano para julgar”, desejando “boa sorte e coragem” a Bukhalter nos “dossiês urgentes da seguridade social e da política de saúde.”

Homenagem

Antes da votação, a Assembléia Federal homenageou Pascal Couchepin, que participava de sua última sessão parlamentar antes de deixar o governo (Conselho Federal), onde passou 11 anos e 40 anos de carreira política.

Em seu discurso de agradecimento, ele disse que “a Suíça é forte porque é consciente de suas fraquezas potenciais. A Suíça é forte porque todos sabem que não se brinca com certos equilíbrios fundamentais”. Ele falou também do isolamento da Suíça no cenário internacional. “Esse isolamento tem suas razões, mas nos impõe também mais rigor no respeito às regras do direito internacional, mais dinamismo e capacidade de inovação em economia, na educação, em ciência e pesquisa.”

Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch

Quarta-feira, 16 de setembro, a Assembleia Federal elegeu o 112° conselheiro federal (ministro) para suceder ao liberal-radical (PLR, direita)

Foi eleito o senador originário de Neuchâtel Didier Burkhalter por 129 votos do total de 236 membros do Parlamento. Seu principal rival nessa eleição, o deputado federal democra-cristão, Urs Schwaller, obteve 106 votos.
A escolha do Parlamento evita o que seria uma derrota magistral que seria a perda de um de seus ministérios no governo.

A composição cultural do governo não muda, ou seja, cinco ministro da Suíça-Alemã e dois da Suíça Romanda (de língua francesa). Não seria o caso se fosse eleito Urs Schwaller, bilíngue mas de língua materna alemã.

Com essa eleição, Neuchâtel volta ao governo federal. Essa cantão (estado) é um dos melhor representados historicamente no governo. Burkhalter é o 9° ministro originário de Neuchâtel.

Note-se que o socialista Moritz Leuenberger e o radical Hans-Rudolf Merz também podem anunciar a demissão antes do final da atual legislatura, em 2011.

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