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Partidos manifestam interesse crescente pelos suíços do estrangeiro

O novo presidente, Jacques-Simon Eggly, quer evitar a politização excessiva da OSE Keystone

No primeiro dia do 85° Congresso dos Suíços do Estrangeiro, em Genebra, os cinco maiores partidos do país manifestam um intesse cada vez maior pelos 110 mil eleitores suíços do estrangeiro.

Além do vasto material informativo, representantes dos quatro maiores partidos, inclusive dois presidentes, participaram de um debate de duas horas abordando os principais temas de interesse desse eleitorado especial.

A pouco mais de dois meses das eleições parlamentares federais na Suíça, os maiores partidos do país decidiram abrir a campanha no Congresso dos Suíços do Estrangeiro, este ano organizado em Genebra.

Os eleitores expatriados e a Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE) – que os representa – ganham em importância política a cada ano que passa. A tal ponto que o novo presidente da OSE, eleito sexta-feira (17), o deputado federal Jacques-Simon Eggly, quer “evitar que a OSE torne-se politizada demais”.

No debate duas horas com os delegados ao Congresso, os quatro maiores partidos políticos mostraram suas divergências mas foram unânimes em atribuir importância cada vez maior aos expatriados.

Posições antagônicas…

Sempre na ofensiva, o presidente da UDC, o maior e mais à direita do quatro partidos que governam a Suíça, Ueli Maurer, reconheceu inclusive que “durante muito tempo, os partidos negligenciaram” o peso político dos suíços do estrangeiro.

Disse que seu partido quer recuperar o tempo perdido e terá este ano, em listas separadas, 33 suíços do estrangeiro candidatos à Câmara Federal, com chances de eleger “pelos menos um, pelo cantão de Zurique”.

Na outra ponta do espectro político, o deputado federal socialista Carlo Sommaruga, explicou que o PSS teve “más experiências em eleições passadas” e descobriu que, no sistema atual, os candidatos do estrangeiro têm “pouquíssimas chances” de ser eleitos. Por isso, afirma Sommaruga, seu partido decidiu optar pela mudança do sistema eleitoral, o que necessitaria mudar a Constituição.

No sistema atual, os 645 mil suíços que vivem no estrangeiro, têm de se inscrever nos registros eleitorais de suas comunas de origem ou na de sua última residência no país. 110 mil estão inscritos e, quando candidatos, têm de se submeter ao sufrágio direto por seu cantão, como qualquer candidato que reside no país. Ou seja, eles são desconhecidos da grande maioria dos eleitores.

“O fundamental não é ser eleito mas participar da campanha e do debate político trazendo seus problemas e reinvindicações, como suíços do estrangeiro. Assim os partidos terão de levar essas questões em consideração”, afirmou o senador Philippo Lombardi, do Partido Democrata Cristão (PDC). Ele lamenta que até agora houve pouco interesse em se candidatar por seu partido nas próximas eleições, da parte dos suíços do estrangeiro.

O deputado federal e presidente do Partido Radical Democrático (PRD), Fulvio Pelli, confirmou que seu partido também terá candidatos do estrangeiro em listas separadas (6), igualmente com “chance de eleger um deles pelo cantão de Zurique” e acha “complicada e praticamente inviável” a proposta dos socialistas de mudar o sistema eleitoral.

…e outras menos

Os grandes partidos também se pronunciaram sobre reinvindicações mais práticas e importantes dos suíços do estrangeiro, com menor grau de discordância. À questão do voto eletrônico, que facilitaria uma maior participação do que o atual voto por correspondência, os quatro partidos concordaram em pressionar a administração federal para que o voto eletrônico seja possível dentro de quatro anos, para a eleição de 2011.

As subvenções às escolas suíças no estrangeiro é outro tema recorrente. Elas foram cortadas nos últimos anos, com o plano de austeridade para reequilibrar as contas federais, e são atualmente de quase 19 milhões de francos para as 17 escolas.

Fulvio Pelli (PRD) explicou que houve cortes em todos os setores mas que agora “com as contas reequilibradas, é possível planejar definindo prioridades”. Para Philippo Lombardi (PDC) a prioridade é investir mais nas escolas suíças dos quatro grandes países emergentes (Brasil, Rússia, China e Índia). Carlo Sommaruga (PSS) disse que “indispensável aumentar os investimentos” e Ueli Maurer (UDC) disse que “seria fácil mas não vou prometer dinheiro aqui”.

Raciocínio similar é aplicado à extensão da rede consular, outra preocupação dos suíços do estrangeiro.

O senador Philippo Lombardi lembrou que “toda vez que se fala dos suíços do estrangeiro, o assunto é despesa” e que é preciso reverter essa tendência. Explicou que apresentou uma moção parlamentar pedindo ao governo federal uma avaliação de quanto os investimentos em serviços aos suíços do estrangeiro trazem de retorno ao país.

O governo deverá apresentar um relatório a respeito, “depois das eleições, segundo o senado do PDC.

swissinfo, Claudinê Gonçalves, Genebra

Nascido em Genebra em 1942, foi eleito deputado estadual em 1977 pelo Partido Liberal (direita), partido que ele dirigiu de 1977 a 2002.

Em 1993, foi eleito deputado federal, reeleito várias vezes, mas não será candidato em outubro.

Ele também foi jornalista e cronista do extinto Jornal de Genebra e atualmente no jornal “Le Temps”.

Antes de ser eleito presidente da OSE, ele foi vice-presidente desde 1988 e membro do Conselho dos Suíços do Estrangeiro desde 1989.

Em 2006, 645.000 suíços vivam no estrangeiro, 1,7% a mais do que em 2005 e 11,1% a mais do que em 2000.

Quase dois-terços dos expatriados vivem na União Européia, a maioria na França(171.732 pessoas), na Alemanha (72.384) e na Itália (47.012).

No resto do mundo, 71.984 suíços residem nos Estados Unidos, 36.374 no Canadá, 21.291 na Austrália, 15.061 na Argentina, 13.956 no Brasil; 12.011 em Israel e 8.821 na África do Sul.

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