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Passar férias como um monge

O convento de Cazis foi criado no século 8 D.C e hoje abriga 54 freiras. Dominikanerinnenkloster Cazis

Ordens católicas na Suíça oferecem estadias em mais de 100 mosteiros, muitos deles datados da Idade Média e localizados em regiões turísticas do país.

Um convento de freiras dominicanas recebe apenas mulheres, que podem participar nas missas matinais e em trabalhos na horta.

Karin Altorfer procura um lugar tranqüilo. Ela acaba de escrever o primeiro livro – uma história para crianças, com seres fantásticos e muita aventura – e agora precisa ilustrar sua obra. Porém as tarefas universitárias, as inúmeras atividades paralelas como os cursos de capoeira e os amigos a impedem de se concentrar no trabalho.

“Acho que a única saída é passar umas semanas num convento”, reflete essa jovem estudante de 23 anos.

Através de um site da Igreja Católica na Internet, ela encontra em poucos minutos um convento de freiras dominicanas em Cazis, um povoado de 1.500 habitantes, localizado numa região montanhosa ao extremo-leste da Suíça. “Acho que esse é um lugar é simpático e bom para se esconder do mundo”, conclui Karin.

Retiro espiritual

Assim como ela, muitas pessoas na Suíça costumam procurar as dependências de ordens religiosas para fazer um retiro espiritual ou simplesmente fugir do estresse dos centros urbanos.

A Igreja Católica facilita a busca oferecendo um formulário no site “Kath.ch”. Ele permite escolher o mosteiro ou convento ideal através de parâmetros como região, possibilidade de trabalho, escolha do tipo de residência – quarto ou clausura – ou mesmo custos, pois alguns locais nem cobram diária. Nesse caso, a única condição é o hóspede se comprometer a realizar algumas tarefas cotidianas como o trabalho na horta, cozinha ou limpeza.

No total, o site oferece estadia em 105 conventos e mosteiros espalhados pela Suíça, muitos deles são construções da Idade Média, onde os clérigos ainda vivem o dia-a-dia austero de ordens como os Beneditinos ou Dominicanos.

Viver como uma freira em Cazis

O convento de Cazis foi construído por volta de 700 D.C. Durante os últimos séculos, sua imponentes instalações passaram pela decadência e surgimento de novas ordens, a reforma protestante, guerras e incêndios. Hoje em dia, 54 freiras dominicanas vivem entre seus muros centenários.

Das suas janelas é possível avistar o pequeno povoado com o mesmo nome, cercado por montanhas de três mil metros de altura como o Peverin e o Esaloppas.

O convento aceita apenas mulheres de 18 a 50 anos como hóspedes. No total são oferecidas 20 vagas em quartos duplos e de solteiro, com meia-pensão ou pensão completa. As diárias variam entre 52 e 61 francos suíços (44 a 51 dólares).

Os visitantes não precisam pertencer a nenhuma confissão específica. Também a participação no cotidiano diário das freiras não é exigida. “Porém oferecemos a possibilidade de trabalhar na horta ou na limpeza”, explica a irmã Agatha. “Para cada hora de trabalho, descontamos 10 francos suíços da diária”. No máximo são permitidos até quatro horas de labuta, o que diminui consideravelmente os custos da estadia.

A grande maioria das pessoas que decidem passar suas férias no convento em Cazis fica de uma a duas semanas. Em alguns casos, elas chegam até a permanecer um mês. “Nós não recebemos turistas convencionais, mas sim pessoas interessadas na espiritualidade”, completa a irmã Agatha.

Para as pessoas que querem viver o cotidiano das freiras, é necessário acordar às cinco da manhã para participar da reza e da primeira missa. Depois do trabalho voluntário e outras atividades, o dia termina com outra missa e a ceia. Por volta das oito da noite, todos vão para a cama.

Kartin Altorfer acredita que o convento de Cazis é o lugar perfeito para colocar no papel as ilustrações do seu livro. “Agora não terei desculpas pela falta de tempo”, conclui a estudante e escritora iniciante.

swissinfo, Alexander Thoele

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